Nos anos setenta do século que passou, na altura em que por
cá se tentava a experiência do socialismo à portuguesa, um dos maiores músicos
da música popular americana, Frank Zappa, compôs uma peça que intitulou As
aventuras de Greggery Peccary, publicada no disco Studio Tan, de 1978.
Nesse tema do disco em determinado momento, Zappa refere-se
aos “trend mongers”, ou seja, em linguagem zappiana, aos traficantes de ideias
feitas como tendências de moda.
And what,
might you ask, is a TREND MONGER? Well, a TREND MONGER is a person who dreams
up a TREND (like 'The Twist' -or 'Flower Power'), and spreads it throughout the
land, using all the frightening little skills that Science has made available!
Em Portugal também temos os nossos trend-mongers de sempre. Frequentadores
habituais do écran televisivo e media em geral debitam ideias que por vezes
levam anos de atraso em relação aos verdadeiros trendeiros que pululam noutras
paragens.
A revista Wired deste mês dá um panorama dos que lá fora
sabem melhor espreitar o futuro e se transformam em trendeiros que iluminam o
caminho dos outros.
Basta ler o artigo da revista americana para perceber como é
que por cá um jornal como o Expresso é o
que é e tem os directores que tem; ou o telejornal da SICN tem a apresentadora
que tem a praticar uma espécie de jornalismo feito trend para mongos do planeta
ilusão.
Na semana que corre, o jornal organizou uma conferência sobre
“Que Portugal queremos daqui a 25 anos?” e o resultado previsivelmente será
publicado em breve.
Não obstante, para ver quem são os nossos trendeiros na
perspectiva do Expresso, repare-se no leque de personalidades apresentado.
Aliás, a ideia de projectar no futuro distante os anseios de hoje não é de agora.Nos meses de Junho e Julho de 1978 o então trendeiro O Jornal, recolheu em conferência parecida os depoimentos de algumas figuras públicas da política da época para lhes perguntar- "Portugal, anos 80- o quê?"
Obviamente, as figuras públicas escolhidas, na altura os líderes dos maiores partidos políticos, lá desenvolveram as ideias sobre o futuro na sua visão particularmente idiossincrática. Por exemplo este figurão que em matéria de trendices só segue as que lê na imprensa francesa e que anda outra vez na "política" dizia assim sobre a sua trend da época, no O Jornal de 14.7.1978:
Ou este verdadeiro trendeiro que se afirmou no trapézio das casacas viradas, publicado no O Jornal de 30.6.1978:
As ideias sobre o futuro na época já foram classificadas aqui como "a conferência das ideias falhadas". Por causa disto já escrito:
As ideias sobre o futuro na época já foram classificadas aqui como "a conferência das ideias falhadas". Por causa disto já escrito:
"As ideias que resultam dessas conferências para preparar "os desafios do
futuro" deram no que deram: no falhanço que temos e somos como povo.
Os líderes que nos trouxeram até aqui são sempre os mesmos. As ideias idem aspas. Se alguém se der ao cuidado de ler o que Mário S. diz nessa conferências fica abismado.
Ainda assim, ganhou eleições em anos seguintes e uma década depois era presidente da República, porque usou a "Esquerda" a seu favor e venceu por uma percentagem mínima.
Foi a única vez em Portugal que tivemos oportunidade de ultrapassar as ideias de Esquerda que nos tem afundado. Mas, por outro lado, se tivesse perdido, o ganhador teria sido Freitas do Amaral.
Dá para ver, com o recuo do tempo que estivemos sempre entre a espada e a parede, em termos políticos. E sem saída à vista."
Os líderes que nos trouxeram até aqui são sempre os mesmos. As ideias idem aspas. Se alguém se der ao cuidado de ler o que Mário S. diz nessa conferências fica abismado.
Ainda assim, ganhou eleições em anos seguintes e uma década depois era presidente da República, porque usou a "Esquerda" a seu favor e venceu por uma percentagem mínima.
Foi a única vez em Portugal que tivemos oportunidade de ultrapassar as ideias de Esquerda que nos tem afundado. Mas, por outro lado, se tivesse perdido, o ganhador teria sido Freitas do Amaral.
Dá para ver, com o recuo do tempo que estivemos sempre entre a espada e a parede, em termos políticos. E sem saída à vista."
Veremos o que sai daquela conferência do Expresso com os trendeiros escolhidos. Tenho para mim que poderia escrever o mesmo que então sobre o futuro de então. Os nossos "trend mongers" não nos legam trends, só algumas monguices.