quinta-feira, maio 31, 2012

A Visão e o relatório minoritário sobre Relvas

"Mais tarde, logo a 6 de Junho, um dia após a vitória do PSD nas eleições legislativas, Silva Carvalho tenta obter de Relvas um favor: denuncia-lhe, tratando-o por tu, um alegado plano de Ângelo Correia para nomear para o SIS uma funcionária da secreta cujo marido, por conveniência, seria afastado do serviço para um cargo de relevo num banco português em Angola.


A partir desta data, corroborando o que Relvas garantiu aos deputados, não existem mais registos de mensagens. Todo o processo da Finertec passou a ser tratado por Braz da Silva. Este empresário, que reside em Luanda foi, recentemente, candidato anunciado à presidência do Sporting. Com Nuno Vasconcellos, seu homólogo da Ongoing, tem uma predilecção: recrutar gestores no mundo da política. O sucessor de Miguel Relvas na Finertec é Marcos Perestrello, deputado do PS. Vasconcellos, recorde-se, em ao seu serviço Vasco Rato e Agostinho Branquinho, do PSD, Guilherme Dray e Carlos Costa Pina, respectivamente ex- chefe de gabinete de José Sócrates e o ex-secretário de Estado do Orçamento de Teixeira dos Santos.
As duas empresas, Ongoing e Finertec partilham, ainda, o desejo de prosperar em Angola e no Brasil. Pouco se sabe dos métodos usados pela empresa de consultoria de que  Relvas foi administrador, Mas o processo revela factos sobre os métodos de alguns dirigentes da Ongoing."

Este naco de prosa vem hoje na revista Visão, do grupo Impresa de Balsemão.
Insinuações graves, inuendos, relatos biográficos colhidos em fontes fechadas, como agora dizem, para fazer uma história política.

É este mesmo indivíduo, Balsemão, mais o seu director de Expresso, Ricardo Costa que ficam todos exasperados ao lerem que Silva Carvalho lhes traçou um perfil biográfico. Acham inadmissível. Mas acham ao mesmo tempo perfeitamente coerente que os media que dirijam, recolham informação nas tais fontes fechadas para poderem escrever estas coisas.

Tirando isto, que já é muito, resta o caso da cunha de Ângelo Correia. Quem é este Ângelo para ter acesso aos detentores do poder político, em modo claro de tráfico de influência?
Também a resposta é fácil: é um fazedor de príncipes que anda sempre nas tv´s com ar de quem não mata uma mosca.
Lembro-me que na altura em que Duarte Lima sofreu o primeiro embate mediático, aquando da aquisição, por interposta pessoa, de uma quintarola perto de Nafarros, nos anos oitenta ou noventa, o mesmo Ângelo aparecer muito compungido na tv a lamentar a sorte do seu amigo "Domingos". Coitado do Domingos, dizia então...
E restam ainda os nomes escolhidos pelos responsáveis pela Ongoing e Finertec. Um, o Perestrello, é do PS e sucede a Miguel Relvas. Outro foi secretário de Estado. Governante, portanto. E há um tal Marco António. Notáveis!

O sistema que temos em relação ao qual somos condescendentes, é este aqui espelhado. E que tem muitos mais exemplos.

A propósito disto, Marques Mendes, outro exemplo perfeito do sistema que temos ( para quem trabalha este indivíduo que quando saiu do governo de Cavaco, Belmiro disse dele que nem o queria para porteiro dos seus supermercados?) acaba de dizer na TVI24 que o Expresso e Ricardo Costa, ao levantarem esta questão há cerca de um ano, prestaram um serviço ao país.
Prestar, prestaram: cuidaram de perseguir a maçonaria má, para continuar continuar a proteger a  boa e usaram métodos que criticam àqueles contra quem os usaram. Apenas com um objectivo: aniquilar a empresa concorrente Ongoing. Tarefa conseguida, aparentemente. Mas ainda não é certo...
Mendes defende uma limpeza geral nos serviços de informação, "refundando-os com novas caras, novos rostos", etc.
Ou seja, é preciso que qualquer coisa mude para que tudo fique na mesma. Marques Mendes é um dos beneficiários deste sistema e por isso aquilo que pretende é que tudo fique na mesma...

Marques Mendes acaba por dizer de Guilherme de Oliveira Martins que é um presidente do tribunal de Contas à altura do cargo...e até cita a vergonha do relatório que agora foi publicado. Mas ou não se apercebeu ou então não quer perceber o que fez Guilherme de Oliveira Martins: sonegar, antes das últimas eleições, a possibilidade de o povo saber o que dizia esse relatório. E isso é de uma tal gravidade que só mesmo  Marques Mendes para o não entender.

Questuber! Mais um escândalo!