Marcello Caetano, nas suas Memórias de Salazar explica sucintamente como se encontrava Portugal, na sequência da implantação da República e antes de 28 de Maio de 1926 e porque foi necessário uma Ditadura para conseguir endireitar o País. Ditadura essa imposta pelos militares e que Salazar apoiou, evidentemente, para lograr impor a disciplina mínima na organização do País. A concentração de poderes tem apenas esse sentido e nunca para se locupletar pessoalmente ou a favor dos amigalhaços dos bens públicos que administrou.
Tal como em 25 de Abril de 74, a Revolução do 28 de Maio foi efectuada sem "efusão de sangue". Não houve guerra civil e até os esquerdistas da Seara Nova apoiaram a Ditadura por entenderem que seria a única forma de salvar o país.
Quando Ferreira Leite, aqui há uns meses, sugeriu uma ideia peregrina sobre a "suspensão da democracia" cairam-lhe em cima os democratas do costume que preferem morrer à fome a abdicar da liberdade de dizerem o que lhes apetece e fazerem o que lhes convém para conservarem os tachos. A ideia de democracia é sagrada enquanto abstracção. No concreto, caparam-lhe virtualidades em proveito próprio. Transformaram o parlamento numa espécie de oligarquia partidária e censuram tudo o que se manifesta contra a ideia, não publicando e vilipendiando quem foge do discurso de sentido único. Se um político menciona a ideia de Deus é logo queimado na praça pública do vilipêndio. Se evoca no nome de Salazar é simplesmente um fascista ou reaccionário pior que as cobras. Isto dura há décadas.
A seguir: o que foi o Estado Novo e o papel de Salazar.