Como o que tinha quer ser passou a ter imensa força, a "descolonização exemplar" processou-se em meia dúzia de meses, com guerras civis garantidas nas ex-províncias ultramarinas que provocaram milhares e milhares de mortos, sem comparação com os que morreram durante os 13 anos de guerra do Ultramar.. Os nossos "estadistas" de então, tinham à cabeça um Mário Soares e um seu "homem de mão", verdadeiro arquitecto das ideias brilhantes que conduziram a mais uma tragédia: Almeida Santos. Um advogado colonial, suficientemente esperto para se por ao fresco de Moçambique em tempo oportuno, resguardando teres e haveres que em relação aos demais portugueses que aí se encontravam foi incapaz de assegurar com idêntica sabedoria e presteza. Foram estes os "estadistas" da entrega do Ultramar aos movimentos e libertação que não tardaram a degladiar-se entre si pela conquista do poder, em guerra civil fratricida e trágica que durou décadas.
Tudo isso tinha a ver com ideologia e com um complexo de esquerda relativo ao "fardo do homem branco", uma parvoice que a Seara Nova de Julho de 1974 lembrava para mostrar o "crime" e o pecado original, relacionado com os Descobrimentos e a gesta heróica dos portugueses. É preciso lembrar que esta época histórica sempre tinha sido exaltada pelo regime do Estado Novo e o que se seguiu, de Caetano, como uma época de patriotas e guerreiros dignos de Portugal. De repente, a linguagem mudou, em 25 de Abril de 1974, e o que era digno passou a ser desprezível, em nome de uma ideologia estrangeira, soviética, celerada e que prometia o céu na terra com amanhãs a cantar. Parece parvoíce? É porque o foi e continua a ser.
Nada melhor para recordar esses "estadistas" do que lembrar o que fizeram e como fizeram, pela imprensa da época.
Em primeiro lugar, pelo Século Ilustrado, verdadeiro arauto desta esquerda dita moderada com laivos comunistas. Em 26 de Abril de 1975, para comemorar "um ano de revolução rumo ao socialismo" a revista fez um "apanhado" do processo de descolonização e entrevistou o mentor principal, Almeida Santos. Fica aqui o registo para a posteridade.
Estes "estadistas" deviam todos ter uma lápide comemorativa do seu feito histórico, junto ao Padrão dos Descobrimentos, com os seguintes dizeres: "estes são os que entregaram o Ultramar português aos movimentos de libertação". Para registo histórico e para lembrar aos vindouros os que descobriram aquelas terras e os que as entregaram de mão beijada aos que se intitulavam seus donos, sendo apenas da tribo a que pertenciam. A História os julgaria.
Com esta ideologia à ilharga os media nacionais, dando eco aos sentimentos comunistas e socialistas faziam capas como esta, em 7 de Setembro de 1974, na qual se exaltava um dos movimentos de guerrilha, promovido a grande movimento de libertação, esquecendo os demais que representavam uma parte substancial desse povo a "libertar". A ideologia comunista foi assim e se o socialismo entendeu, dali a algum tempo, apoiar o outro movimento, Unita, tal se deve simplesmente a interesses partidários obscuros. E nada mais.
Portanto, em Janeiro de 1975 a independência de Angola "estava por um fio". Dois dos representantes dos movimentos de libertação, aqui fotografados ao lado de outro herói nacional, que aliás os combateu meses antes, foram liminarmente afastados, por um dos outros, da partilha do poder e o processo durou décadas e milhares de mortos pelo meio.
A libertação de Moçambique, em Julho de 1975 também ficou bem encaminhada, com a entrega do país a um dos movimentos de libertação, Frelimo, de Samora Machel.
E como é que tal sucedeu? Explica-se rapidamente. Em Setembro de 1974 a Guiné já era. E os demais foi logo a seguir. E os portugueses que lá estavam? Ah! Esses, coitados, às centenas de milhar, foram abandonados à sua sorte e muita sorte tiveram em lhes terem arranjado à última hora umas pontes aéreas para os trazer de volta ao "puto" com a roupa que tinham no corpo e as bagagens mal amanhadas no porto de mar à espera de barco que viria ou não.
O acordo de Lusaka está aí, com as assinaturas daqueles "estadistas".
Para se compreender ainda melhor como pensavam estes estadistas, dá-se a palavra ao maior deles todos, o Sombra deste regime tão edificante. Este merece ainda, ao lado da lápide uma estátua. Em plástico, para perdurar durante os séculos vindouros, sem se degradar.
As "negociações" que estes "estadistas" levaram a cabo estão retratadas noutro número da Flama de 17 de Janeiro de 1975. Devem orgulhar todos os portugueses, do mesmo modo que a gesta dos Descobrimentos. Por isso a lembrança ao lado do Padrão...
Em que é que isto redundou? Simples e que todos os verdadeiros estadistas sabiam e adivinhavam. Isto que se vê na imagem, multiplicado por milhares de vezes. A consciência daqueles "estadistas" está ali, no chão. Ao lado da lápide poderá colocar-se esta imagem porque fica bem.
25 comentários:
Os que isto fizeram agora andam a recontituir o império cá dentro e por nossa conta.Sempre em luta...
Ou os deitam abaixo ou acabam por serem vendidos como escravos para África...que é a única coisa que ainda lhes falta fazer.Mas já encomendaram os sefarditas, especialistas na matéria...
Nas fotos estão retratados os cinco verdadeiros traidores e criminosos deste regime, os mesmos que levaram este País e este Povo à desgraça. Afinal aqueles que nasceram sob o espírito do Mal e o encarnaram com sobras. Quem quiser saber qual o aspecto físico do autêntico satanismo basta olhar para a cara destes Diabos e encontrá-lo-á espelhado tal e qual nos seus fácies satânicos.
Do blog "Da Rússia", de José Milhazes:
http://darussia.blogspot.pt/2009/04/contributo-para-historia-mocambique.html
"Diplomatas soviéticos que deram início às relações diplomáticas entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a República Popular de Moçambique criticam a política realizada por Samora Machel face à população portuguesa branca, sublinhando que, nesta área, o Presidente moçambicano se comportou de forma semelhante ao ditador soviético, José Estaline."
"Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique, ficou desiludido com o apoio da União Soviética, o que o levou a assinar o Acordo de Nkomati com a África do Sul em 1984, revelam documentos dos arquivos soviéticos."
http://darussia.blogspot.pt/2011/07/samora-machel-ficou-desiludido-com.html
Como foi afirmado pelo José, o ensino da História Portuguesa, e Mundial também, foi um sinal claro da tomada de poder pela Esquerda de visão marxista, após o 25 de Abril.
Os Descobrimentos e a História de Portugal dos grandes feitos e das personalidades eminentes foi desprezado e classificado como insignificante, cedendo lugar a uma visão historiográfica onde são as "estruturas", as "classes" sociais, o "povo" (entendido como um ser abstracto e quase sempre desligado da realidade) que ganharam o protagonismo.
Fernando Rosas é um símbolo e o expoente dessa tomada de poder nas Universidades, onde verdadeiros académicos foram saneados para ceder lugar a "farsolas" com currículo académico dúbio, mas que um certificado anti-facista ou uma militância partidária comunista ou na extrema-esquerda possibilitou o acesso a um cargo docente. Fernando Rosas nem sequer possuía formação académica em História ou competência historiográfica para alcançar o cargo que hoje ostenta, pois era formado em Direito (não é nada pessoal no meu cometário contra as pessoas desta área académica, mas apenas uma justa proporção das coisas), e foi "ensinar História" sem qualquer preocupação de rigor científico/histórico ou de veracidade dos factos mas apenas, e exclusivamente, para efectuar propaganda através da sua obra docente. Não foi caso único, Boaventura Sousa Santos e António Manuel Hespanha são outros casos, de assalto marxista e estalinista à Universidade e aos lugares onde se podia exercer domínio mental sobre as gerações futuras e efectuar propaganda disfarçada de Ciência ou de Historiografia.
Fernando Rosas é, ainda hoje, incapaz de tecer qualquer comentário com qualidade científica/historiográfica sobre a História de Portugal que não pertença ao Estado Novo ou à I Républica, ele falar da Idade Média ou dos Descobrimentos é correr um risco de sair disparate ou um mero lugar comum da visão marxista da sociedade e do Homem. Todo o conjunto de discípulos da "escola Rosas" na Universidade Nova de Lisboa possui a mesma mentalidade do mestre e as mesmas limitações intelectuais.
A rapaziada libertadora prometia distinguir o "colonialismo" do povo Português.Viu-se.Actuaram como criminosos nazis.Fizeram expulsões e roubos massivos.E tudo com o apoio dos traidores caseiros...que nunca deixaram de gastar o dinheiro dos contribuintes com aqueles criminosos.Milhões e milhões gastos a cooperar para fazerem um Estado minimamente Estado.Mas submissos a todo o tipo de caprichos e escolhendo traidores para servirem de "intérpretes" desse esbanjamento.Ainda em 2010 o Sócrates, o nosso grande africanizador, deu 116 milhões de euros para a Mota & Engil fazer uma aldeia olímpica.Como se já não estivesse na falência.Estes escroques que nos têm governado quanto receberam em cash de volta?
Considero que uma visão bajulatória e um pouco acrítica que o Estado Novo vinculava da História de Potugal poderia levar à sua distorção, mas a visão progressista e marxistas instaurada pós 25 de Abril foi incomparávelmente pior, pois deturpava os factos e entorpecia mente.
A questão é dos valores. No Estado Novo exaltava-se a Pátria e os símbolos eram os que fizeram Portugal maior e melhor.
D. Afonso Henriques, Egas Moniz ( a Honra) Afonso de Albuquerque ( mais uma vez a Honra e a Palavra dada), D. Nuno Álvares Pereira, D, Dinis, D, João II, a ínclita geração, a Independência de Castela.
O que fizeram os esquerdistas desses valores? É ler o artigo da Seara Nova...
Visão progressista e marxista da História bem expressa nos artigos de imprensa aqui colocados, basta ver o texto do «Angola Independência Como?", os bons: os lutadores pela emancipação e "liberdade", ou seja o MPLA, e os maus, os reacionários: os que estão contra essa emancipação e "libertação". O esquecimento e o desprezo pelos crimes (que os progressistas assim não classificam) cometidos pelos "libertadores". O enaltecer do "Povo", quando na verdade esse Povo não passam de alguns "iluminados", uma elite que se julga melhor do que os outros, que são considerados "alienados" e portanto devem ser manobrados para o "lado correcto da História"
De repente a Inquisição passou a ser o tema para denegrir os valores. O Estado Novo foi logo associado ao obscurantismo e à miséria.
Tudo obra dos Rosas & Pereira.
Exactamente José, faltou-me falar nos valores.
Aliás a esquerda despreza os valores, como dizem os bloquistas temos "causas".
É preciso não esquecer que em 1974-75 muitos dos que agora governam e pertencem à inteligentsia, como o Pereira e o Rosas eram ultra-esquerdistas, que abominavam a História de Portugal tal como contada no Estado Novo.
Foram eles que perverteram a linguagem e abandalharam o ensino.
O Rosas tinha o tio que até tinha sido governante de Salazar... o que dá uma ideia da traição destes famélicos da inteligência.
Muita piada acho a esta parelha (Rosas & Pereira) baptizada pelo José
São os alfaiates ( Rosa&Teixeira) da nossa História. Aparam o que não lhes convêm e cortam a preceito conforme a moda do momento.
São os modistas do politicamente correcto.
Escrevem livros a ditar a tendência.
A Seara Nova foi,e ainda é, um dos principais veículos dessa visão progressista e marxizante da História de Portugal. O respeito pela Pátria, e pelo seu passado, foi desprezado e caracterizado como errado para se enaltecer o caminho rumo a uma sociedade do futuro, caracterizada como corrigindo os "erros" do passado, "mais justa" ou seja para os próceres da Seara Nova o comunismo e a sociedade que vingava na União Soviética. A própria História que eles ensinavam e manipulavam acabou por demonstrar que a União Soviética é que estava errada, e a Liberdade e a Justiça nada tinham a ver como o comunismo.
ehehehe
Reparei nessa ironia cada vez mais fina
En termos absolutamente egoistas, sinto alguma falta da cortina de ferro.
O fim da URSS acabou com um equilíbrio precário que permitia que os de menor dimensão tivessem uma alternativa pelo menos na forma de se beneficiarem em negociações.
O capitalismo é incomparavelmente mais autofégico desde a queda da URSS.
Enfim. É uma opinião do estilo realpolitik que não me agrada mas que nem por isso é menos verdadeira.
Agora que o Salazar e o Caetano não voltam... como se pode voltar a ter um partido/governo que zele pelos interesses nacionais?
Como fazer a transição para um regime com valores de honra?
Fundar um Partido?
Mudar um Partido actual por dentro?
Esperar pela implosão do regime? Soluções?
Bandidagem não tem fim, Portugalidade sim.
Bandidagem não tem fim, Portugalidade sim.
Publiquei:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/01/a-entrega-do-ultramar-pela-esquerda.html
Cumpts,
João José Horta Nobre
Contacto: historiamaximus@hotmail.com
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