sexta-feira, julho 12, 2013

Júdice, outra vez

José Miguel Júdice aparece hoje, outra vez e pela enésima, na capa de um jornal. Neste caso é o Jornal de Negócios, com um discurso algo idiossincrático e sem grande consistência com a coerência exigível a pessoas deste género.
O que diz Júdice desta vez é uma espécie de balanço dos últimos 40 anos ou um pouco menos porque começa em 1975, no PREC. Nessa altura Júdice andava a militar num movimento chamado MIRN que era o que mais próximo da extrema direita se poderia então encontrar em Portugal. Não era recomendável, mas Júdice não fala nisso porque a entrevistadora ( Anabela Mota Ribeiro, uma espécie de Ana Lourenço dos jornais),  não lho perguntou.
Fala de outras coisas entre as quais a de ter sofrido uma desilusão com a morte de Sá Carneiro ( democratizou-se rapidamente nessa altura, vindo do MIRN) e a "segunda grande desilusão foi com o cavaquismo. Cavaco Silva teve tudo, tudo."  Deve ter sido por causa dessa desilusão que se virou para o PS de Sócrates que aliás considera como um dos três nomes de pessoas que admira. Não admira nada...sabendo como o escritório de Júdice prosperou nesta última dúzia de anos. Mas perguntas sobre isso...moita carrasco. Assim ficamos com a espuma dos ditos avulsos entre os quais avulta a menção a um putativo golpe, do género do desejado por um Otelo ou um Vasco Lourenço e duvido que seja diferente dos que estes pretendem.

Júdice em 1985 já tinha entrado na política activa. Fê-lo depois da morte de Sá Carneiro e estou convencido que Sá Carneiro o teria corrido do partido mais tarde ou mais cedo. Mais cedo, provavelmente. Aliás dez anos depois deixou de ser do PSD e passou para o PS. Em 1995 Guterres estava no poder...

O Tempo de 30 de Maio de 1985 dava conta de que Júdice enquanto presidente da comissão política distrital de Lisboa do PSD queria fazer coisas nas eleições autárquicas e uma delas era correr com os comunistas.
 Nessa altura a Quinta das Lágrimas era uma mata com ruínas. Quando acabou a obra, já na década de noventa declarou publicamente numa entrevista( que li e guardei mas não sei onde está...) que tinha gasto lá todo o dinheiro que tinha.
Em 1985 Cavaco já tinha ganho o congresso da Figueira da Foz, feito a rodagem ao Citroen e preparava-se para a desilusão de que fala Júdice. Foi logo a seguir, mas Júdice só descobriu dez anos depois que tinha sido enganado...e curiosamente nas entrevistas que então foi dando nunca falou no assunto. Fala agora...

A entrevista não está completa porque a última parte não tem interesse algum.





Em resumo: quanto a Júdice, enquanto o mesmo não explicar bem explicadinho como foi aquela coisa da avença que a sua firma de advocacia PLMJ conseguiu com a Parpública, no tempo em que Morais Sarmento foi ministro ( saindo da PLMJ como sócio de indústria e regressando depois pela porta grande da sociedade no capital) tudo o que disser soa-me a patético. E hipócrita. E pelo que interpreto da entrevista tem má consciência.


9 comentários:

JC disse...

Eu sei que é totalmente off topic e peço desculpa por isso, mas não posso deixar de dar conta da minha indignação com esta notícia do Público, mais concretamente com a forma como é apresentada:

http://www.publico.pt/economia/noticia/desemprego-sobe-68-face-a-junho-de-2012-e-desce-19-face-a-maio-1600123

Pelos vistos, o desemprego apresentou uma descida muito significativa em relação a Maio: 1,9%!

O que me parece muito significativo, e será um daqueles sinais a que Passos Coelho tem vindo a fazer referência timidamente, de que a situação económica poderá estar a mudar.

Pois bem: o que faz o Público?
Realça que o desemprego subiu 6,8% em relação ao ano passado!
Incrível!

lusitânea disse...

O ex-OA deve ter covivido com alguma enguia do basófias...
Ele que não gosta de quarteladas falar de revoluções?
Mas claro que quem não chora não mama.E tantos mamaram tanto que secaram a porca da política
A partir de agora será o regresso da moca...

Floribundus disse...

na mitologia havia 'o 5º dos infernos'

há 'o 5ª das lágrimas'
nesta coisa a que chamam democracia por alcunha

'-Inês! Inês! quem te matou?
-foi o pacheco!'

muja disse...

Pois. O MIRN e não só.

Fazia parte da Cidadela, se não me engano. E andava nos círculos da extrema-direita, a verdadeira, estilo Movimento Jovem Portugal, Jovem Europa, etc, juntamente (salvo seja) com Zarco Moniz Ferreira ou António José de Brito.

Mas esses eram verdadeiros às suas ideias e não se 'adaptaram'.

Tanto fachista e fassista que para aí há, dizem, e este fascista de outros tempos, é caso para dizer, passa por entre os pingos da chuva que lhe não tocam...

Não sei se diz mais da democracia ou do democrata (em que presumivelmente se terá tornado)...

muja disse...

O livro do Riccardo Marchi "Império, Nação, Revolução" sobre as direitas radicais é provavelmente o melhor que se tem feito sobre este assunto em que ninguém toca com uma 'barging pole', como dizem os estrangeiros.

Tem lá uns quantos textos de Júdice e faz referência a uma obra dele, que eu bem gostaria de ler, sobre o José António Primo de Rivera...

muja disse...

http://imperionacaorevolucao.blogspot.co.uk/

naoseiquenome usar disse...

"Nessa altura a Quinta das Lágrimas era uma mata com ruínas.". Era, e era linda assim mesmo. Mesmo à frente do meu Liceu :). Que significa esta dissertação no contexto do post?

josé disse...

Significa que foi necessário muito dinheiro para deixar de o ser.

Dinheiro. Money.It´s a gas.

hajapachorra disse...

O pior na história da Quinta das Lágrimas é que depois de tanta benfeitoria paga por outros que não o proprietário que lá gastou o que tinha, o pior é que depois de tanto dinheiral naquele restaurante os preços são um roubo e a comida uma merda.

O Público activista e relapso