O que diz Júdice desta vez é uma espécie de balanço dos últimos 40 anos ou um pouco menos porque começa em 1975, no PREC. Nessa altura Júdice andava a militar num movimento chamado MIRN que era o que mais próximo da extrema direita se poderia então encontrar em Portugal. Não era recomendável, mas Júdice não fala nisso porque a entrevistadora ( Anabela Mota Ribeiro, uma espécie de Ana Lourenço dos jornais), não lho perguntou.
Fala de outras coisas entre as quais a de ter sofrido uma desilusão com a morte de Sá Carneiro ( democratizou-se rapidamente nessa altura, vindo do MIRN) e a "segunda grande desilusão foi com o cavaquismo. Cavaco Silva teve tudo, tudo." Deve ter sido por causa dessa desilusão que se virou para o PS de Sócrates que aliás considera como um dos três nomes de pessoas que admira. Não admira nada...sabendo como o escritório de Júdice prosperou nesta última dúzia de anos. Mas perguntas sobre isso...moita carrasco. Assim ficamos com a espuma dos ditos avulsos entre os quais avulta a menção a um putativo golpe, do género do desejado por um Otelo ou um Vasco Lourenço e duvido que seja diferente dos que estes pretendem.
Júdice em 1985 já tinha entrado na política activa. Fê-lo depois da morte de Sá Carneiro e estou convencido que Sá Carneiro o teria corrido do partido mais tarde ou mais cedo. Mais cedo, provavelmente. Aliás dez anos depois deixou de ser do PSD e passou para o PS. Em 1995 Guterres estava no poder...
O Tempo de 30 de Maio de 1985 dava conta de que Júdice enquanto presidente da comissão política distrital de Lisboa do PSD queria fazer coisas nas eleições autárquicas e uma delas era correr com os comunistas.
Nessa altura a Quinta das Lágrimas era uma mata com ruínas. Quando acabou a obra, já na década de noventa declarou publicamente numa entrevista( que li e guardei mas não sei onde está...) que tinha gasto lá todo o dinheiro que tinha.
Em 1985 Cavaco já tinha ganho o congresso da Figueira da Foz, feito a rodagem ao Citroen e preparava-se para a desilusão de que fala Júdice. Foi logo a seguir, mas Júdice só descobriu dez anos depois que tinha sido enganado...e curiosamente nas entrevistas que então foi dando nunca falou no assunto. Fala agora...
A entrevista não está completa porque a última parte não tem interesse algum.
Em resumo: quanto a Júdice, enquanto o mesmo não explicar bem explicadinho como foi aquela coisa da avença que a sua firma de advocacia PLMJ conseguiu com a Parpública, no tempo em que Morais Sarmento foi ministro ( saindo da PLMJ como sócio de indústria e regressando depois pela porta grande da sociedade no capital) tudo o que disser soa-me a patético. E hipócrita. E pelo que interpreto da entrevista tem má consciência.