Marcello Caetano, já exilado no Brasil, assistia de lá a uma reescrita apressada da História recente, pelos Rosas&Pereira que então militavam no maoismo mais empedernido de estupidez. O discurso político e até corrente mudara de repente e os heróis de então eram estrangeiros ou aparentados. Portugal deixara de ser o que sempre fora para se transformar num país de maravilhas em que o senso comum era apenas cultivado pelo povo humilde e sem instrução.
Marcello Caetano assistia a tudo isso de longe, no Brasil, e escreveu então um livro de memórias que intitulou "Minhas memórias de Salazar", publicado pela Verbo em 1985 mas escrito entre Setembro de 1974 e 1977, num português estranhamente "atual".
Antes de publicar o prefácio desse livro, ficam quatro páginas que relatam como Marcello conheceu Salazar em 1929 e foi nomeado pelo mesmo auditor jurídico num ministério. Torna-se interessante a história para perceber como o jacobinismo do PSD e do PS acabou como as funções de auditoria substituindo-as pela parecerística que engordou firmas de advogados afectos ao novo regime. E tal é ainda mais interessante para se entender a "ética" e o estilo de governação que estes parolos do novo-riquismo político inauguraram, com os resultados que se podem ver: ruína económica, bancarrota anunciada e ausência de futuro risonho para a juventude que ainda por cima continua abalfabetizada porque os poderes que estão lhe subtraem o conhecimento destes factos e destas pessoas importantíssimas para a nossa História, substituindo-as pelo Cunhal e quejandos Saramagos e entregando a narrativa histórica aos ressabiados Rosas&Pereira.
Quem ler a petite histoire contada no final sobre a faculdade de Direito de Lisboa, percebe como é que a Liberdade se exerce actualmente em Portugal...e o apontamento sobre Freitas do Amaral é muito significativo.
E mais: é um crime cultural que os Rosas&Pereira patrocinam, impedir de facto ou por influência, a reimpressão deste livro em Portugal, deixando a narrativa histórica à mercê daqueles e doutros.