domingo, julho 14, 2013

O SNS é nosso?

Sol:

A Fundação para a Saúde quer devolver aos cidadãos a sensação de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) lhes pertence, como um seguro público, para que possam exercer a sua influência: protegê-lo e pedir prestação de contas.

O documento que serve de base à discussão do futuro congresso "SNS: Património de Todos", a que a Lusa teve acesso, considera que é essencial para a sobrevivência do Serviço Nacional de Saúde desenvolver o sentimento de pertença nos portugueses.

"Só fazendo o SNS efectivamente nosso poderemos assegurar a sua sobrevivência", refere o documento, lembrando que a falta de crescimento económico e o aumento da dívida pública colocaram em risco o futuro do serviço.

Para o presidente do conselho de administração da Fundação para a Saúde, Constantino Sakellarides, o cidadão português sabe pouco sobre o SNS, muito devido à transição das caixas de previdência para o actual sistema.

"Passámos de um modelo explícito de seguro público para um modelo implícito. As pessoas perderam o sentido de pertença. É necessário desconstruir a noção de que isto é do Estado e reconstruir a noção de que isto é consequência de um seguro público que é nosso", afirmou à Lusa.


O SNS é nosso e é uma espécie de seguro de saúde para o qual pagamos e descontamos ( os que o podem fazer)?
Então se assim é, pela minha parte sugiro o seguinte:
Não quero um SNS cujos profissionais que aí exercem não tenham exactamente essa noção e não se comportem em conformidade.
Não quero um SNS em que os profissionais que aí exercem- médicos, enfermeiros e pessoal administrativo- julguem que é um serviço para "sacar" o mais possível ao Estado, negligenciando a boa prática de gestão de recursos, exigindo do sistema algo que os mesmos nunca dariam pessoalmente se lhes saísse dos bolsos e desligando-se do resultado das contas e custo do mesmo.
Não quero um sistema em que os médico e enfermeiro se comportem como se fossem eles os donos do mesmo e não os seus servidores.
Não quero um sistema em que por causa disso, os abusos de posição dominante exercida pelos mesmos- médicos e enfermeiros- permitam regalias, privilégios e benefícios pessoais e de classe que são incomportáveis em termos de custo razoável e que não encontram paralelo noutras profissões semelhantes em que o Estado intervenha como detentor do poder de administração. Não quero que o SNS aos mesmos profissionais fique sujeito sempre que lhes dá na gana em aumentar os rendimentos, seja através de horas extraordinárias estapafúrdias e com esquemas manhosos de rotação em horário nocturno,  para benefício geral dos mesmos e com prejuízo acrescido para os "utentes", senhores verdadeiros do SNS, seja em tabelas salariais que permitem acumulações reais de rendimentos variáveis que se tornam permanentes por via de direitos adquiridos.

Não quero um sistema que dê uma sub-utilização aos recursos públicos disponíveis, comprados a peso de ouro pelo Estado e abandonados sem uso,  por causa dos esquemas de acumulação de funções e esvazie os quadros técnicos que permitem funcionar as unidades públicas de saúde e ao mesmo tempo desvie sistematicamente os "utentes" para a medicina em hospitais privados que vivem essencialmente do erário público do SNS, através de comparticipações exageradas e incomportáveis.

Não quero um sistema que redunde sistematicamente nesse desvio de competências em certos sectores mais rentáveis e as retenha nos casos mais custosos sempre em prejuízo do erário público do SNS e por responsabilidade dos médicos e enfermeiros que assim procedem ou estimulam com as suas práticas.

Não quero um sistema em que as unidades privadas de saíde admitam "utentes" e cobrem ao SNS importâncias exageradíssimas derivadas de exames de diagnóstico em triplicado, na maior parte dos casos injustificável mas sempre justificada por parecer médico desonesto e  medicamentos prescritos em sobredoses mortais para o SNS.

Não quero um SNS que se torne na galinha dos ovos de ouro dos hospitais privados e sempre em prejuízo do erário público, de Norte a Sul do país sem que tal estado de coisas seja denunciado e esclarecido criminalmente como burla gigantesca que é.

Não quero um sistema que tenha em cada hospital público três administradores nomeados pela tutela política quando existem administradores de carreira com tabelas salariais de carreira e muito abaixo daqueles. Não quero um SNS em que os administradores tenham direito a carro pago pelo erário público. Não quero um SNS cujos administradores nomeiem por sua vez e como lhes apetece, assessores disto e daquilo sem necessidade real alguma e só para dar "tacho" a amigos, familiares e apaniguados. 

Quero um sistema que seja honesto e cujos profissionais saibam o exacto significado desse termos e das suas consequências. 


Questuber! Mais um escândalo!