sábado, julho 27, 2013

O BPN/SLN é o espelho do regime, apenas

 




















O Correio da Manhã, baseado em "autos do caso BPN" em processos que passaram no DCIAP ( procurador Rosário Teixeira) e já acusados, anda a publicar elementos desses autos para tentar mostrar o "escândalo BPN- o buraco do Estado". Logo, na CMTV, às 21h passará a "anatomia de um golpe".

No jornal de hoje trata o caso "Redal-Bladestone-Plêiade-Biometrics-Porto Rico" a que está intimamente ligado o nome de Dias Loureiro.
Essencialmente trata-se de negócios entre empresas privadas, um banco privado, comissões para lá e para cá, intervenções de estrangeiros e muito dinheiro em jogo. Segundo o jornal, o negócio Redal continua em investigação. Uma notícia em caixa dá conta de que "cerca de 17 milhões de euros em alegadas comissões ilegais da venda da Redal terão sido pagos a terceiros através de uma conta bancária aberta em Gibraltar, que é um paraíso fiscal". 
Duvido que se encontre algo criminal para além das habituais fraudes fiscais que em Portugal se tratam a RERTS que os ricardos espíritos santos conhecem de ginjeira. Seria sumamente interessante ( e importante) saber quem fomentou tais leis fiscais excepcionais e as conseguiu fazer aprovar numa AR obediente e submissa às maiorias políticas que governam. Saber quem lançou em primeiro lugar a ideia, de onde veio a peregrinação e quem foi, como nome posto em jornal o primeiro autor da proposta ou projecto de lei. Tal coisa seria mais importante para se perceber o que ocorreu em Portugal nas últimas décadas do que muito paleio estéril. E obviamente há quem saiba e muito bem. No Parlamento, quero dizer.

Conta ainda o jornal que já estão acusados"vários ex-gestores" do grupo BPN/SLN e outros como o banco Insular. Os crimes serão de "abuso de confiança" ( alguém guardar para si ou outrém algo que não lhe pertence); burla qualificada ( alguém enganar outrém através de um esquema fraudulento e enganador, prévio e causado prejuízo) e falsificação de documento. Também haverá fraude fiscal, mas pouco...

Tenho para mim que este caso BPN irá saldar-se por um fracasso judiciário. O BPN assumiu foros de escândalo logo que entrou em falência técnica. As causas dessa falência, aliás nunca decretada porque o banco foi salvo pelo gong da nacionalização, não foram apuradas para além do que consta nesses inquéritos que, repito, me parece que irão saldar-se, em tribunal, por absolvições dos crimes imputados, por carência de elementos constitutivos da infracção criminal. Mas não sei absolutamente, apenas me parece.

O caso BPN/SLN, como o comprova a ressurreição política de um "dinossauro excelentíssimo" ( expressão de José Cardoso Pires, do antigamente) como Machete é um caso do regime político vigente. Machete, para além de accionista de luxo,  foi alto responsável  na SLN, como relata também o CM de  25 de Julho 2013:

 Rui Machete foi acionista da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), empresa que integrou o Grupo BPN/SLN, entre 2001 e 2005. Tinha, no final de 2005, um total de 25 496 ações da SLN, que foram vendidas em 2006 ou 2007 à Fundação Luso-Americana, da qual foi presidente entre 1985 e abril de 2010.
 Após a tomada de posse, Rui Machete foi questionado sobre a sua passagem pela SLN, onde foi presidente do Conselho Superior. "Isso denota uma certa podridão dos hábitos políticos, porque deviam saber em que condições eu passei, em vez de darem notícias bombásticas", afirmou o ministro. E considerou ainda que a sua passagem pela SLN não fragiliza a sua posição como ministro, dado que está de consciência tranquila "há muitos anos".

Claro que há muitos anos anda de consciência tranquila. A podridão nunca o afectou e a lembrança de que pertenceu ao conselho superior da SLN ainda menos. 
Rui Machete é um dos pivots do caso BPN/SLN por causa da posição política que ocupou e dos lugares onde esteve e amizades que frequentou. Quando afirma estar de consciência tranquila, fá-lo porque sabe de ginjeira em que meio sobrevive. E a prova é a designação para ministro, num escândalo inominável para quem tenha a noção deste fosso em que nos meteram os machetes, loureiros. sócrates e quejandos que não faltam por aí. Pequenos capos políticos desta mafia político-partidária que envergonha a noção de democracia, faz suspirar pelo Estado Novo de Salazar e que se organizou em Portugal há algumas décadas ( desde a morte de Sá Carneiro) para sugarem os recursos deste pobre país, em proveito próprio e de alguns amigalhaços e correlegionários.
A noção de "pote" preenche-lhes toda a ideologia e ir ao "pote", toda a praxis.
É este o problema de fundo e que as pessoas se recusam a perceber e a contextualizar. Enquanto os machetes deste pobre Portugal continuarem a dizer que "estão de consciência tranquila" tudo continua mal no país. Será preciso uma tragédia para as pessoas se aperceberem do mal que esta gente fez ao país? E da pouca-vergonha que ainda têm, aparecendo como salvadores de um barco que afundaram?

O caso BPN é evidentemente um caso político, na mais lata acepção do termo,  e os aspectos criminais foram nele introduzidos a mascoto politico-partidário pelo PS e esquerda em geral que têm tantos esqueletos no armário que preferem entreter-se com os dos outros. Por isso decretaram logo, mediaticamente, com apoio entusiásticos dos balsemões via telejornais, se esse um "caso de polícia". Ficou arrumado.
O caso BCP-Berardo-Vara-CGD-Sócrates, quanto a mim é muito mais grave, como caso de polícia e em termos criminais e nada se fez para investigar. A própria nacionalização do BPN, contestada e de contornos nebulosos ( não pega a justificação do perigo de contágio sistémico aos bancos em geral) que mereciam outra investigação criminal, a sério.

Enquanto isso não se fizer, os casos BPN e quejandos servirão apenas para alimentar tricas partidárias e notícias bombásticas de jornal.

Questuber! Mais um escândalo!