segunda-feira, janeiro 25, 2021

A ética da Cofina

 O Cm de ontem oferece de borla um pequeno manual da prática jornalística da COFINA e do seu director-geral Octávio Ribeiro a propósito de dois fait-divers: o assunto relativo ao diferendo entre a COFINA e o empresário Mário Ferreira e a questão da investigação criminal do MºPº à violação de segredo de justiça no caso do futebol e-toupeira ou "aquila". 

Começando pela primeira, em duas páginas o jornal de ontem mostra que a guerra com o tal empresário de turismo no Douro e arredores, agora apostado em "investir" na Media Capital e TVI em particular, continua em ritmo acelerado e diário, valendo quase tudo para tirar o presunto das mãos do empresário. 

 À míngua de assuntos mais candentes e enquanto a CMVM não decida a pressão é colocada noutro tabuleiro, ou seja, na honra pessoal do empresário em causa, apodado abertamente de "chico-esperto" pelo director-geral e editorial. 




O que é que isto tem a ver com a Media Capital e o assalto ao capital social através de métodos esconsos em análise na entidade Reguladora? Pouco ou nada, a não ser para dar uma imagem desprimorosa do empresário e obviamente fazer campanha mediática contra o mesmo, sob a capa de notícia sensacional e espalhafatosa. 

A ideia expressa pelo jornal famoso pela sua acuidade estética e preocupação artística,  a começar pelos encartes diários de promoção a prostituição de luxo, passando pelas reportagens fantásticas da repórter Tânia Laranjo, mormente as televisionadas e terminando na qualidade intrínseca dos títulos de capa, sempre de uma objectividade e rigor inultrapassáveis, surge agora em letra de forma: "construção de hotel está em discussão pública e vai alterar simbiose entre paisagem, cultura e tradições durienses".

O que está em jogo, neste caso? A construção de um hotel na zona de Mesão Frio, o qual alegadamente agredirá tal paisagem de modo irreparável. 

Quem conhecer a região percebe que Mesão Frio fica mesmo no começo da região propriamente dita do Douro que merece ser visto desde aí, tendo até um miradouro. Logo a seguir vem a Régua e no meio fica uma Rede que tem um solar que está transformado em hotel e deu para Manuel de Oliveira filmar uma das suas obras mais notáveis. 

Ao longo do percurso na margem direita do Douro por ali acima até S. João da Pesqueira e mais além pode desfrutar-se de uma paisagem única no nosso país e que merece protecção...para poder ser visitada. 

A construção de um hotel com as características apontadas e mostradas na imagem do jornal naquele local não me parece que agrida seja o que for e muito menos a paisagem local onde passavam combóios e havia barracões escurecidos a pez que por aí ficaram décadas a fio, sem que alguém se incomodasse com os danos à paisagem. Isso para além das variadíssimas casas, maisons com janelas tipo fenêtre que por ali há aos magotes por causa da emigração da nossa pobreza dos anos sessenta. 

Uma consulta ao Google maps permite ver isto: 






Qual é de todas estas fotos a que documenta uma maior agressão à paisagem do "Douro vinhateiro"? É fácil de ver...

Talvez por isso a câmara local desse luz verde à iniciativa mas que tem a oposição dos quercus locais. Enfim, uma guerra estranha à Cofina que vem aqui meter bedelho por causa do tal empresário e da guerra privativa que com ele trava por causa do presunto da Media Capital. A Cofina quer o porco inteiro, é o que é, para continuar a fazer o que faz sempre e está à vista. 

O segundo exemplo ético aparece na revista do jornal e tem a ver com uma vindicta pessoalizada na magistrada que ordenou vigilâncias pessoais a dois jornalistas e ainda a bisbilhotice de contas bancárias de um deles, actos entendidos como atentado ao Estado de Direito pelos altos quadros da COFINA que rasgaram as vestes por causa disso em inflamados editoriais para justificarem o cometimento de crimes de violação de segredo de justiça e ainda um estatuto à parte dos demais cidadãos que cometem crimes. 



Para mostrar não se sabe bem o quê e com propósito que só se descortina ser maldoso e de vindicta, o jornalista Fernando Madaíl que assina a peça, foi bisbilhotar a vida privada da magistrada em causa que perseguiu os inocentes jornalistas vítimas da cabala tenebrosa e mostra aos leitores o resultado num retrato psicológico com intuito de julgamento de carácter sumário e com trânsito em julgado: pessoa "obstinada, obsessiva e ambiciosa". 

O resto tresanda a ordinarice de alcoviteiras que protegidas sob o segredo das fontes disseram o que lhes apeteceu e o jornalista reproduziu como verdades psicológicas dignas de análise freudiana. 

O trabalho processual da magistrada em causa pode ser sindicado e vai sê-lo. Este trabalho trabalho jornalístico já não pode ser do mesmo modo e tresanda a ressentimento. Mau conselheiro. 

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