Imagens da revista do Expresso de 9.6.2007 e 24 Horas de 5.2.2007
Em Junho de 1986, Dias Loureiro, era um aparatchick do PSD. No caso, era Secretário-geral do partido. E nessa altura, nem havia oposição interna.
Em Julho de 1987, o PSD ganhou as eleições, com uma "vitória pela segurança", por maioria absoluta. O PS de Vítor Constâncio, teve pouco mais de 22%. Em Outubro, depois de Cavaco ,mencionar que na Bolsa se andava a vender gato por lebre, esta afundou. Quem ganhou dinheiro, na bolsa, perdeu-o nessa altura.
No ano seguinte, começaram as privatizações, incluindo a dos bancos, sob a batuta to PSD de Cavaco. Vítor Constâncio saiu da direcção do PS, com o pretexto de intromissão de Mário Soares. Freitas do Amaral quis accionar o PSD por causa das dívidas da campanha eleitoral. Vital Moreira e Zita Seabra sairam do PCP. As rádios locais, ganharam carta de alforria, com destaque para a TSF, da Cooperativa que dura até hoje.
Em 1989 e 1990 e 1991, com o Independente, começaram os casos sérios com o PSD e os seus governantes e também os do PS ligados ao presidente Soares ( Beleza, Saúde e Melancia).
Os casos do Fundo Social Europeu, viriam a seguir, em meados dos noventa, embora já em 1986, o jornal Semanário não tinha qualquer dúvida sobre as fraudes que já tinham começado.
Imagens do jornal Semanário de 7.6.1986 ( clicar na imagem para aumentar)
Logo em 1990, Oliveira Costa, Secretário de Estado dos assuntos fiscais de Cavaco e que introduziu as várias reformas fiscais em Portugal ( com destaque para o IRS e IVA), esteve sob a mira de um Inquérito parlamentar, sobre os célebres perdões fiscais ( o caso curioso da Cerâmica Campos de Aveiro e Alvarães, é um deles), mas os perdões foram de rebimba o malho ,no erário público.
Aparentemente, ninguém ligou muito, e há testemunhos que garantem ter sido Cavaco Silva, nessa altura, demasiado leniente para com esses desmandos e principalmente com os critérios de atribuição dos fundos e política de investimentos.
Há quem garanta ainda que o modelo de desenvolvimento então gizado e adoptado, está na raiz dos nossos problemas endémicos, que nos colocam sistematicamente na cauda da Europa, embora por breves anos tivéssemos a ideia propagandeada que afinal éramos um exemplo para o mundo moderno. Um oásis e um elemento do "pelotão da frente".
Em 1994, o desgaste do autoritarismo ( a "ditadura da maioria", denunciada por Soares), levou a um buzinão monumental, na ponte sobre o Tejo.
Dias Loureiro era o ministro das polícias, depois de ter passado por outras pastas de governo. Daniel Sanches, era o director do SIS.
Em 1995, Duarte Lima foi ouvido na PJ, sobre casos que envolviam o seu património, incluindo uma quinta perto de Soares e que este achou bizarra. Abílio Curto, foi detido por corrupção ( anos depois foi condenado em prisão efectiva, numa raridade quase única neste tipo de casos. Quando entrou na cadeia, declarou solenemente: "o dinheiro foi todo para o PS". Vital Moreira garantiu logo que não).
Em 1996, Sampaio, ganhou as eleições.
Nesses anos todos, um escândalo de proporções semelhantes ao do actual BPN, ocorria nos Açores, o da Caixa Económica Faialense. Emanuel de Sousa, primo de Natália Correia, era o centro das atenções e o processo acabou em nada, depois da falência escandalosa e de o BdP ter enterrado dezenas de milhões de contos.
Depois deste panorama escandaloso, com a entrada de mais dinheiro da CEE e depois UE, com os quadros comunitários de apoio, para estradas pontes, estádios e obras faraónicas ( a primeira foi logo o CCB), apareceu a banca privada e os negócios.
O BPN apareceu em 1993, integrando a Soserfin e a Norcrédito. Américo Amorim foi dos primeiros fundadores. Um escândalo fiscal, criminal, envolvendo o empresário ainda anda por aí.
Em 1998, a Sociedade Lusa de Negócios apareceu, sob a batuta de Oliveira e Costa. O BPN ficou-lhe associado desde então.
Em 2002, o BPN adquiriu o banco Efisa e Dias Loureiro era figura destacada. Tal como Augusto Mateus e Oliveira Martins, do PS. Nessa mesma altura, O BPN adquiriu também o Banco Insular de Cabo verde.
O resto, do que viria a seguir, são problemas a que Dias Loureiro, não pode fugir. E na Assembleia da República, alguém lhos há-de lembrar, para bem de todos, se assim for. E o pormenor da conversa de 19 de Abril de 2001, ás 4 horas da tarde, é mesmo isso: um mero pormenor.
Dias Loureiro, provavelmente, não virá a ser responsabilizado criminalmente. Dificilmente alguém, aí chegaria, porque a lei penal que temos não comporta o aproveitamento de lugares privados, de quem sai de lugares públicos, por mero efeito de... oportunidade política.
Imagens do Expresso de 27.11.2004 e Sábado de 14.5.2004
O cavaquismo, o soarismo, o guterrismo, o blococentralismo está tão cheio destes fenómenos espantosos que seria altamente improvável, agora, um sobressalto ético para lhes pôr cobro. O melhor exemplo recente, é o de Jorge Coelho, um "irmão", para Dias Loureiro.
As componentes deste bloco, centralizado em interesses privadíssimos, organizou entretanto uma Cooperativa que funciona quase como a antiga União Nacional, em coesão e eficácia, em vários níveis, com um destaque elevado no jornalístico e de direcção de informação.
Em finais dos anos 80, ainda se falava numa mítica "Direita" que afinal nunca existiu: os seus elementos, de resto, integraram-se nos lugares devidos e em devido tempo.
Imagem da revista do Expresso de 29.4.1989
Dias Loureiro é o símbolo disso tudo. E vai pagar um preço por estas razões elencadas que aqui ficam e assim se ilustram, com um ênfase especial no artigo sobre a lei de Gresham. Chegou a altura de uma análise retrospectiva dos anos de ouro do cavaquismo e do mal que nos trouxe, disseminado e daninho.
A pior desgraça que nos foi acontecendo, nestes últimos vinte anos, tem um nome: incompetência. Ou incapacidade que vai dar ao mesmo.
No ano seguinte, começaram as privatizações, incluindo a dos bancos, sob a batuta to PSD de Cavaco. Vítor Constâncio saiu da direcção do PS, com o pretexto de intromissão de Mário Soares. Freitas do Amaral quis accionar o PSD por causa das dívidas da campanha eleitoral. Vital Moreira e Zita Seabra sairam do PCP. As rádios locais, ganharam carta de alforria, com destaque para a TSF, da Cooperativa que dura até hoje.
Em 1989 e 1990 e 1991, com o Independente, começaram os casos sérios com o PSD e os seus governantes e também os do PS ligados ao presidente Soares ( Beleza, Saúde e Melancia).
Os casos do Fundo Social Europeu, viriam a seguir, em meados dos noventa, embora já em 1986, o jornal Semanário não tinha qualquer dúvida sobre as fraudes que já tinham começado.
Imagens do jornal Semanário de 7.6.1986 ( clicar na imagem para aumentar)
Logo em 1990, Oliveira Costa, Secretário de Estado dos assuntos fiscais de Cavaco e que introduziu as várias reformas fiscais em Portugal ( com destaque para o IRS e IVA), esteve sob a mira de um Inquérito parlamentar, sobre os célebres perdões fiscais ( o caso curioso da Cerâmica Campos de Aveiro e Alvarães, é um deles), mas os perdões foram de rebimba o malho ,no erário público.
Aparentemente, ninguém ligou muito, e há testemunhos que garantem ter sido Cavaco Silva, nessa altura, demasiado leniente para com esses desmandos e principalmente com os critérios de atribuição dos fundos e política de investimentos.
Há quem garanta ainda que o modelo de desenvolvimento então gizado e adoptado, está na raiz dos nossos problemas endémicos, que nos colocam sistematicamente na cauda da Europa, embora por breves anos tivéssemos a ideia propagandeada que afinal éramos um exemplo para o mundo moderno. Um oásis e um elemento do "pelotão da frente".
Em 1994, o desgaste do autoritarismo ( a "ditadura da maioria", denunciada por Soares), levou a um buzinão monumental, na ponte sobre o Tejo.
Dias Loureiro era o ministro das polícias, depois de ter passado por outras pastas de governo. Daniel Sanches, era o director do SIS.
Em 1995, Duarte Lima foi ouvido na PJ, sobre casos que envolviam o seu património, incluindo uma quinta perto de Soares e que este achou bizarra. Abílio Curto, foi detido por corrupção ( anos depois foi condenado em prisão efectiva, numa raridade quase única neste tipo de casos. Quando entrou na cadeia, declarou solenemente: "o dinheiro foi todo para o PS". Vital Moreira garantiu logo que não).
Em 1996, Sampaio, ganhou as eleições.
Nesses anos todos, um escândalo de proporções semelhantes ao do actual BPN, ocorria nos Açores, o da Caixa Económica Faialense. Emanuel de Sousa, primo de Natália Correia, era o centro das atenções e o processo acabou em nada, depois da falência escandalosa e de o BdP ter enterrado dezenas de milhões de contos.
Depois deste panorama escandaloso, com a entrada de mais dinheiro da CEE e depois UE, com os quadros comunitários de apoio, para estradas pontes, estádios e obras faraónicas ( a primeira foi logo o CCB), apareceu a banca privada e os negócios.
O BPN apareceu em 1993, integrando a Soserfin e a Norcrédito. Américo Amorim foi dos primeiros fundadores. Um escândalo fiscal, criminal, envolvendo o empresário ainda anda por aí.
Em 1998, a Sociedade Lusa de Negócios apareceu, sob a batuta de Oliveira e Costa. O BPN ficou-lhe associado desde então.
Em 2002, o BPN adquiriu o banco Efisa e Dias Loureiro era figura destacada. Tal como Augusto Mateus e Oliveira Martins, do PS. Nessa mesma altura, O BPN adquiriu também o Banco Insular de Cabo verde.
O resto, do que viria a seguir, são problemas a que Dias Loureiro, não pode fugir. E na Assembleia da República, alguém lhos há-de lembrar, para bem de todos, se assim for. E o pormenor da conversa de 19 de Abril de 2001, ás 4 horas da tarde, é mesmo isso: um mero pormenor.
Dias Loureiro, provavelmente, não virá a ser responsabilizado criminalmente. Dificilmente alguém, aí chegaria, porque a lei penal que temos não comporta o aproveitamento de lugares privados, de quem sai de lugares públicos, por mero efeito de... oportunidade política.
Imagens do Expresso de 27.11.2004 e Sábado de 14.5.2004
O cavaquismo, o soarismo, o guterrismo, o blococentralismo está tão cheio destes fenómenos espantosos que seria altamente improvável, agora, um sobressalto ético para lhes pôr cobro. O melhor exemplo recente, é o de Jorge Coelho, um "irmão", para Dias Loureiro.
As componentes deste bloco, centralizado em interesses privadíssimos, organizou entretanto uma Cooperativa que funciona quase como a antiga União Nacional, em coesão e eficácia, em vários níveis, com um destaque elevado no jornalístico e de direcção de informação.
Em finais dos anos 80, ainda se falava numa mítica "Direita" que afinal nunca existiu: os seus elementos, de resto, integraram-se nos lugares devidos e em devido tempo.
Imagem da revista do Expresso de 29.4.1989
Dias Loureiro é o símbolo disso tudo. E vai pagar um preço por estas razões elencadas que aqui ficam e assim se ilustram, com um ênfase especial no artigo sobre a lei de Gresham. Chegou a altura de uma análise retrospectiva dos anos de ouro do cavaquismo e do mal que nos trouxe, disseminado e daninho.
A pior desgraça que nos foi acontecendo, nestes últimos vinte anos, tem um nome: incompetência. Ou incapacidade que vai dar ao mesmo.
5 comentários:
Este post dava quase para iniciar um resumo da história de Portugal do pós-25.
E posso cão-tribuir com um endereço só para se ir compondo o ramalhete:
--> http://ofimdademocracia.blogspot.com
Acrescentaria uma chamada de atenção ao livro do Mateus de Macau que era amigo do Paizinho, que afinal não era pai mas sim Padrinho.
Isto é apenas o panorama laranja. Do lado da rosa, o nome ainda é mais feio.
Notável texto em que resume o estado da coisa. Independentemente da dificuldade de atribuir um nome à desgraça, parece-me que, pelo menos, além de incompetência, há um outro substantivo sintetizador «vontade»
(mera correcção de lapso no comentário anterior apagado).
Pois não sei se nas verdadeiras decisões existe um panorama rosa e outro laranja devidamente diferenciados (e aí talvez a incompetência nem seja mais laranja do que rosa).
Nos últimos tempos, uma das melhores parábolas sobre o regime foi a apresentação cultural de uma biografia de «ouro» por dois vultos da nossa cultura de nome Dias Loureiro e Tó Vitorino.
Entretanto, num blog oficial que trabalha na net para a mesma biografia, e se atira à jugular de pequenos obstaculizadores, pode-se assobiar para o ar e até gracejar sobre a ida do loureiro à judite.
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