E por isso repenico-a do jornal do Brasil, Folha de S. Paulo. Em português e tudo...porque os nossos media não sabem nada disto nem se interessam. É em França...
O escândalo de Jérôme Cahuzac, ex-ministro do Orçamento que admitiu
ter contas secretas no exterior, estourou dentro do palácio do Eliseu.
Agora há pouco, 12h30 em Paris (7h30 em Brasília), sob pesada artilharia
da oposição e críticas da imprensa, o presidente François Hollande veio
a público para fazer um pronunciamento duro.
O caso tem um potencial devastador para o governo socialista. No
ministério que ocupou até o mês passado, Cahuzac era responsável por
combater a sonegação. Ontem, admitiu ter 600 mil euros que circularam
por contas da Suíça e Cingapura. Ele foi indiciado por fraude fiscal e
lavagem de dinheiro.
“Ele enganou as autoridades do país: o chefe de Estado, o parlamento
e, através deles, todos os franceses. É uma falta imperdoável e um
ultraje contra a República”, disse Hollande.
No pronunciamento, o presidente também respondeu às críticas que
começaram a pipocar sobre o seu suposto conhecimento dos malfeitos do
ex-ministro. “Jérôme Cahuzac não se beneficiou de nenhuma proteção,
exceto a presunção de inocência”, disse o presidente.
Se a sonegação de impostos é objeto de processo judicial, o maior
estrago político veio dos meses de mentiras de Cahuzac. Fez isso em um
encontro privado com Hollande, na Assembleia Nacional e em diversas
entrevistas.
As contas secretas foram reveladas em dezembro pelo jornal digital
“Mediapart” e, até ontem, ele vinha negando veementemente sua existência
e prometendo processar jornais que as noticiaram.
A oposição debita o escândalo na conta pessoal de Hollande. “A
questão que todos os franceses se poem é François Hollande e [o
primeiro-ministro] Jean-Marc Ayrault sabiam ou não das mentiras de
Cahuzac?”, disparou o presidente da UMP (centro-direita), Jean-François
Copé, agora há pouco ao canal BFM TV, logo após o pronunciamento de
Hollande.
A presidente da Frente Nacional (extrema-direita), Marine Le Pen,
subiu ainda mais o tom agora há pouco. Em entrevista a emissoras de
rádio e TV, ela pediu a dissolução da Assembleia Nacional e realização
de uma nova eleição parlamentar para a escolha de um novo
primeiro-ministro.
“O nível de desconfiança dos franceses no governo e na classe
política é hoje total. É necessário fazer uma nova eleição para que o
povo francês possa se expressar”, disse ela.
O escândalo Cahuzac fragiliza ainda mais a situação política do
presidente. Pesquisas recentes apontam que somente um terço dos
franceses aprovam a conduta de François Hollande no Eliseu.
O descontentamento está ligado ao fato da economia patinar: o
desemprego atingiu o patamar mais alto desde 1997 e o governo não
conseguiu baixar o déficit das contas públicas nem o endividamento do
Estado.