Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, uma das figuras que se destacou mediaticamente, nos jornais e revistas da esquerda ( a nova Vida Mundial deu-lhe uma capa, logo) foi Francisco Pereira de Moura. Fez logo parte do primeiro governo provisório chefiado por Adelino da Palma Carlos ( um maçónico consensual, universitário de Direito), como ministro sem pasta.
Francisco Pereira de Moura tinha então 49 anos e era militante do MDP, o movimento cripto-comunista que apoiava em muleta o PCP. Era professor catedrático do Instituto Superior de Economia, numa altura em que ainda não havia doutores a falar inglês nas aulas de universidades portuguesas, a ensinar técnicas de gestão importadas do estrangeiro americano. Foi também demitido dessas funções, pelo regime de Caetano por ter participado no "caso da capela do Rato", antes do largo ser de quem é. Foi ainda candidato nas eleições de 1969 ( a ditadura também tinha eleições...) pela CDE. Apesar disso, "deu" pareceres ( não remunerados, por suposto...)sobre o sector industrial no II Plano de Fomento porque também foi procurador à Câmara Corporativa.
Francisco Pereira de Moura tinha um livrito que en 1973 ia na 4ª edição, chamado "Por onde vai a economia portuguesa?".
Muito interessante, editado pela Seara Nova ( logo apanhada pelos comunistas) aqui fica o índice e o prefácio a essa edição de Outubro de 1973. É de notar que tinha um capítulo sobre a economia marxista e as reflexões que fazia sobre a economia portuguesa em 1972 espelhavam exactamente essa perspectiva ideológica.
Ah! Já esquecia: em Outubro de 1973 ainda havia "fassismo" em Portugal, com censura prévia ou a posteriori. Mas este livro publicou-se...em 19 de Novembro de 1973.
Não obstante a existência de um Instituto Superior de Economia ( o ISCTE já era reserva de sindicalistas sociologicamente estudantes da esquerda jacobina), os economistas no Portugal de 1974 eram profissão sem prestígio a não ser nas academias do instituto que nem universidade era.
Em 2 de Dezembro de 1976 a revista Opção dava conta disso mesmo.Como se escreve no artigo, "numericamente, os economistas são muito poucos" mas já eram uma classe que "aspiram a ser uma das novas classes dirigentes deste Portugal renovado." E de que maneira! Cavaco Silva nessa altura, estaria já a preparar um doutoramento numa universidade tão prestigiada como...York. No Reino Unido...
Podemos por isso perceber de onde veio a onda de economistas que, tal tsunami, invadiu a sociedade portuguesa nos últimos trinta e tal anos. Que desgraça!
12 comentários:
se bem me lembro o xico era casado com Helena filho do alentejano Prof Hernani Cidade.
lembro-me do episódio da capela onde se juntaram 'os peixinhos encarnados na pia da água benta'
o último Censor, Mário Bento, era membro do CADC no meu tempo de Coimbra.
era um sujeito cordato,
ao contrário da banditagem de comunas que diziam ser os sociais-democratas adeptos das Suecas. Anita Eckberg estava na berra.
ninguém dava importância aos economistas e pelo que temos visto tinham razão
nos comentários desta pocilga de doutores 'chafurdam' toda a espécie de sociais-fascistas ignorantes, 'ressabiados' pelo atrazo da montagem do Goulag
Caro José
Que eu me lembre e saiba o ISCTE é um “filho” do ISE, sempre foi universidade.
Tirava-se o Bacharelato no ISE e depois podia-se concluir a Licenciatura no ISCTE.
Só depois de saírem daquela Moradia no Campo Grande é que passaram a dar as licenciaturas completas.
Naquela altura pensou-se que quem quisesse dedicar-se à Macro ficava no ISE e quem quisesse dedicar-se à Micro seguia para o ISCTE.
Isto pelo menos, foi o que explicou quem lá andou em 74.
Agora, aquilo até dá "cursos" de arquitectura e urbanismo dá…
Com que “pergaminhos” é que não percebo como.
.
Tirei o curso de Economia no ISEG em 1992 e ainda havia uns laivos de marxismo na matéria leccionada - mas já não muitos. Mas no 2º ano (1988/89) ainda apanhei uma cadeira eufemisticamente chamada Economia Política onde apenas se dava "O Capital"!!! E, pormenor picante, o responsável da cadeira era um tal António Mendonça - sim, esse mesmo, o que queria que o TGV tornasse a área de Lisboa na "praia de Madrid". Mais cómico ainda, após a queda do Muro de Berlim, o douto professor reconverteu-se na temida cadeira de Economia Internacional - onde se davam as teorias de livre comércio, ou seja, as que os seus pares ainda hoje chamam "ultra liberais"! Um mimo!
De referir que no 3º ano havia uma cadeira intragável, Economia do Desenvolvimento (sic), que mais não era que um repositório de teorias anti-capitalistas, promovendo soluções "socialistas" como única forma de se assegurar o desenvolvimento do chamado Terceiro Mundo!
Um ano à minha frente andava um tal Francisco Anacleto Louçã...
Um dos profs da cadeira do 4º ano de Direito Económico era o Garcia Pereira, mais conhecido por faltar a quase todas as aulas...
Um dos melhores professores que tive foi o Joaquim Ferreira do Amaral, muito coerente desde sempre e que numa aula demonstrou cientificamente o falhanço da economia planificada soviética! Também lá andava o Augusto Mateus, bom professor. Como se vê, se os conteúdos se foram adaptando aos tempos, muitos dos profs tinham claras tendências esquerdistas.
De referir ainda, fazendo a ponte para o texto do José, que no primeiro ano ainda eram recomendados alguns textos do Pereira de Moura.
Ou seja, os economistas que inundam agora os canais de tv são doutores de um aviário ideológico com galinhas marxistas e galos neo-liberais.
E querem suplantar as ciências humanas na vertente do Direito, por exemplo, com essa progenitura...
Um Vítor Bento, por exemplo, é formado em que galinheiro?
O curso tinha uma componente teórica matemática muito forte (desde equações às diferenças finitas ao cálculo integral, passando pela Álgebra Linear), além de cadeiras de micro e macro muito alinhadas com as teorias norte-americanas de funcionamento dos mercados.
galinhas marxistas e galos neotontos, só neste galinheiro
":O)))))))
Esse é um garnisé neotonto.
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