Ontem o Público dava três páginas de propaganda política grátis ao Bloco de Esquerda. Sob o pretexto dos seis meses de "liderança conjunta" a jornalista Leonete Botelho mai-la jornalista Rita Brandão Guerra foram ouvir Catarina Martins e João Semedo para este dizerem de suas graças.
O discurso do Bloco de Esquerda lembra actualmente o discurso da esquerda radical no período imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974, embora sem o radicalismo verbal da época. A essência, porém, é a mesmíssima de sempre destes trotskistas aggiornatos que nunca tiveram a ventura de governar fosse o que fosse, politicamente relevante, em qualquer país do mundo. Nem em Chipre e sabemos o que por lá sucedeu. Mas não desarmam, evidentemente, porque apanharam a chama acesa do marxismo-trotstkismo e estão apostados em levá-la a um pódio imaginário de ideias perdidas nas brumas do Prec.
A entrevista conjunta diz nada de especial ou relevante, a não ser que este governo não presta, a troika "que se lixe" e que o PS é um partido aproveitável à esquerda se a esquerda se deslocar para um centralidade imaginária que se torne alternativa. "O BE bate-se para que esse centro se desloque para a esquerda do PS", é o discurso político actual e táctico do BE.
E, porém, o que é a esquerda que o BE representa, verdadeiramente? As duas jornalistas do frete político não lhe perguntam nada sobre tal ponto essencial. Não perguntam e ficamos sem saber se não acham relevante ou apenas se consideram que basta que o BE mencione uma vaga ideia de "esquerda" para automaticamente se tornar consensual o entendimento a par do que pode significar igualmente tal ideia de esquerda para um PS imaginário e recentrado nessa margem.
Há muito tempo que o Público navega nessa água choca sem que se separem verdadeiramente as águas essenciais. O patrão Belmiro, capitalista e burguês, já avisou paternalisticamente, que não tolera muito mais tempo de prejuízos de um ou dois milhões ao ano e por isso o jornal é bem o paradigma dessa esquerda mítica que vive de ilusões com base em princípios que não ousam invocar ou mesmo evocar publicamente. Não ousam porque temem o efeito.
O Bloco de Esquerda, tal como o PCP, é uma esquerda comunista, em Portugal. É essa a verdade que importa discutir publicamente e saber se o comunismo, tal como o defendem- um na vertente trotskista e outro na vertente hard-core, neo-estalinista e saudosista de Cunhal- é viável, já não digo em Portugal mas em qualquer país da Europa ocidental, para não dizer do mundo. Há décadas que vivem nessa contradição escondida e oculta e fazem tudo para mistificar a realidade política em que vivem a fim de obter votos que lhes permitam minar por dentro " a burguesia". Estas ideias nem sequer são tão escondidas como isso porque basta ler o que publicam internamente ou para consumo militante ( O Militante, por exemplo) para se entender que o PCP ou o BE nada mudou nas últimas décadas, relativamente a essas ideias peregrinas que ninguém nos media de maior audiêndia parece interessado em expôr e denunciar como mentiras encapotadas para enganar os eleitores. Ninguém parece interessado e, pior que isso, tomam como absolutamente normais em termos democráticos tais partidos que não são democráticos como conhecemos a democracia porque têm um conceito da mesma completamente diverso. Vivem bem essa contradição porque actuam por fases. Esta fase actual corresponde sem tirar nem pôr, à fase do pós-25 de Abril de 1974, em que o capitalismo e a burguesia ainda mandavam no país ( os chamados "Donos de Portugal", como Loução lhes chamou em livro) e portanto o discurso de um João Martins Pereira, já aqui publicado e abaixo repetido, ainda se apresentava em pézinhos de lã politicamente delicada. Porém, logo a seguir ao 11 de Março de 1975 basta ler o que escreveram e disseram os mesmos para se entender o que pretendem, ainda hoje. Este blogue têm vários documentos de época em que tal é manifesto.
Assim, agora, como nesta entrevista, o discurso é táctico, encoberto, com os objectivos traçados no curto prazo ( abaixo a troika, não pagar a dívida, demissão do governo de "direita", eleições para captarem votos em conjunto com outra esquerda conveniente, no caso o PS férrico ou assim tipo Pedroso e ficam por aqui. Para já. Depois disso virá o tempo em que "as revoluções comem os seus filhos" e já está. O processo de aceleração virá depois. Por enquanto o compasso é de espera e mistificação com estes idiotas úteis dos media que lhes servem às mil maravilhas...
Mas houve já ocasiões em que esse discurso de separação de águas foi bem enunciado e vale a pena recordar, porque o líder na sombra, Louçã, continua presente. "Ele é o mesmo de sempre", dizem os entrevistados. Olá se é! E como é?
Assim, sem tirar nem pôr ( a não ser para as leonetes e ritas que preferem não saber muito bem como é que estas coisas depois funcionam na prática. Não viveram o PREC e a ideia de "esquerda" serve-lhes para o imaginário político, o BE e o seu guru Louçã já se confessaram claramente a quem quis ler e agora prefere não lembrar. Em Agosto de 2009 à revista Sábado, esta entrevista muito reveladora dava conta dos segredos escondidos do comunismo caseiro à moda trotskista:
Para que não restem dúvidas e as leonetes e ritas ( e as lourenços da sicn, etc etc) tenham maior pejo ou vergonha em não mistificar ainda mais o que é preciso desmistificar de vez, já em tempos escrevi aqui o seguinte, em Agosto de 2009:
Diz assim Louçã, sobre a essência ideológica do BE, depois da pergunta "Em que é que o BE acredita?":
"Numa
esquerda socialista. (...) Para nós o socialismo é a rejeição de um
modelo assente na desigualdade social e na exploração, e é ao mesmo
tempo uma rejeição do que foi o modelo da União Soviética ou é o modelo
da China. Não podemos aceitar que um projecto socialista seja menos
democrático que a "democracia burguesa" ou rejeite o sistema
pluripartidário. Não pode haver socialismo com um partido político
único, não pode haver socialismo com uma polícia política, não pode
haver socialismo com censura. O que se passa na China, desse ponto de
vista, é assustador para a esquerda. (...) Agora, a "esquerda
socialista" refere-se mais à história da confrontação, ou de alternativa
ao capitalismo existente. Por isso o socialismo é, para nós, uma
contra-afirmação de um projecto distinto. Mas, nesse sentido, só pode
ser uma estrutura democrática."
O que dizia Louçã em 2005 a este propósito? Isto:
"O
BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata, entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução
profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda
que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia
social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da
experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E
isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de
regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo
não tem equivalente semântico no ocidente e significa
colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas.
Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas
por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições
ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é
difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."
Quem
comparar os discursos percebe imediatamente a aldrabice inerente: a um
discurso radical de alteração das estruturas sociais vigentes e a
substituição de um modelo de produção que implica uma autêntica
revolução e um PREC, Louçã apresenta hoje um discurso edulcorado e
mistificador cuja essência se entende melhor quando Rogeiro lhe pergunta
o que é o "modelo económico" do BE. Repare-se na (não) resposta:
"Queremos fazer grandes correcções ( já não quer a tal revolução profunda?), que contribuam para a justiça na economia ( afinal já desistiu de substituir o capitalismo por "uma forma de democracia social"?). E é tudo o que diz sobre o tal modelo alternativo. Sem que Rogeiro adiante nada mais...
Ora
isto é um grande embuste de Francisco Louçã. Tal como Jerónimo de
Sousa, o verdadeiro esquerdista português, dizia em Janeiro de 2008: o
Bloco de Esquerda "é um partido social-democratizante disfarçado por um radicalismo verbal esquerdizante, caindo muitas vezes no anti-comunismo".
O
discurso de Louçã, hoje em dia, leva à letra uma táctica trotskista
conhecida de gingeira: a integração de outras realidades práticas e
contextuais, no interior de uma força política atenta ao fenómeno e com
habilidade política suficiente para passar por muito natural e
integrado, o que representa uma revolução social com custos
incalculáveis. Nada de grandes proclamações revolucionárias. Isso fica
para depois, quando os tansos votarem e se aperceberem, tarde demais,
do logro em que caíram. E não haja dúvidas que é nisso que Louçã aposta
forte: "Não teremos [votos para ganhar]nestas eleições, mas chegará o
dia em que havemos de os obter". É assim, a falta completa de vergonha
no embuste. E não se vê muita gente a denunciar este aldrabão político.
Apenas Vasco Pulido Valente e mais um ou outro.
Mas...atenção! Este gajo é perigoso. Muito perigoso, para a democracia. Porque utiliza o discurso aparentemente democrático para convencer papalvos. E papalvos não faltam.
Mas...atenção! Este gajo é perigoso. Muito perigoso, para a democracia. Porque utiliza o discurso aparentemente democrático para convencer papalvos. E papalvos não faltam.
O
discurso de Louçã, hoje, não se distingue uma vírgula que seja do
discurso social-democrata deste PS adepto, também ele, de um "socialismo
democrático".
Então
o que distingue essencialmente o discurso político BE ,do do PS? Para
mim, uma simples realidade: o grau de aldrabice política, no BE, é muito
superior ao do PS. Com a subtileza de que o discurso do BE é
completamente falso. O do PS apenas mistificador de uma realidade que
nunca praticaram: o socialismo.
De resto para se enquadrar todo este modo de pensar ideológico é necessário retomar o discurso de um João Martins Pereira, recentemente publicado aqui e enunciado logo a seguir ao 25 de Abril de 1974. Claro que as circunstâncias eram outras, politica e economicamente. Porém, os princípios são exactamente os mesmos, enunciados em modo semelhante e que agora passam como se fossem da nossa plena democracia burguesa.
Não haverá ninguém que lhes esfregue com isto na cara mentirosa, a esta gente da esquerda nacional-comunista? Não basta o que fizeram em Março de 1975? Querem repetir a dose, agora em modo de farsa? E com uma agravante de tomo: estes idiotas úteis que aparecem nos media a promover esta ideologia não sabem o que estão a fazer? Acham que isto é normal? Vêem disso em algum outro país europeu?
Se julgam que vêem, então leiam o Le Nouvel Observateur, a Marianne, já para não falar das revistas mais à direita.
Acham que na Inglaterra o Economist ou o Guardian dão guarida a este tipo de gente, como aqui, em Portugal? E na Alemanha, a Der Spiegel?
Porquê, esta miséria repetida, década após década em Portugal, de conceder a esta esquerda fóssil todas as honras da casa mediática se os mesmos só aparecem para nos roubarem o que há no frigorífico?
Est modus in rebus, como se costuma dizer. A democracia implica o respeito pelas ideias opostas, contrárias e até ideologicamente perversas. Em Portugal, a democracia abrange apenas a ideologia esquerdista com extensão a umas franjas de uma certa direita que nem sequer se assume como tal porque dificilmente o poderia fazer. E o resto do espectro político?
É isto a democracia que temos, com a agravante de essa esquerda radical tomar literalmente conta do espaço mediático actual com a complacência dos diversos directores de informação? Essa gente é ignorante, idiota ou o que é exactamente?
Os patrões mediáticos, Balsemão e Belmiro não sabem que é assim? Claro que sabem porque o que dizem quando dizem é exactamente isto porque são capitalistas e burgueses que vivem de explorar o trabalho alheio, na retórica marxista. Acham porventura que esta gente os pouparia num futuro próximo se tomassem o poder político? Se acham, o melhor é estarem atentos ao discurso do bolchevista Arménio, esse tresloucado do neo-prec nacional.
Como é que esses capitalistas toleram as leonetes e lourenços que acaparam esta gente sem qualquer pudor ideológico, não se sabendo se por ignorância ou pura parvoíce? É por isto ser democracia? Mas isto é alguma democracia, conceder tempo de antena quase exclusivo a quem nos quer desgraçar uma vez mais? Se assim o entendem porque não concedem o mesmo tempo de antena ao lado oposto? Acham que os media franceses concedem o mesmo tempo de antena a Marine Le Pen e a Mélenchon? Pois aqui deviam fazê-lo porque democracia, nesse conceito idiossincrático, será isso.
37 comentários:
E o JN (e a TVI) fazem publicidade encapotada à candidatura de Menezes no Porto. O advogado do MRB já explicou o que está em causa no recurso para o TC.
Boa malha mas eles resistirão...
Vou ser provocador: bater no be ou no pcp é perda de tempo, estas agremiações apenas gritam o que o ps em conjunto e parte do psd e cds praticam. Reparem na notícia de há pouco: ps tem praticamente garantida a aprovação da sua proposta de co-adopção para 'casais do mesmo sexo'. O bloco grita estas paneleirices, o ps e o psd legalizam-nas.
"bater no be ou no pcp é perda de tempo, estas agremiações apenas gritam o que o ps em conjunto e parte do psd e cds praticam."
O PS só faz isso porque não se bateu em devido tempo no be e no pcp.
Os media fizeram o resto.
Portugal vive num estado surreal há dezenas de anos.
José, o be e o pcp não mandam nem condicionam um cagagésimo do que manda e condiciona o GOL. E o ps é o GOL. Sabe bem como se chega aos tribunais superiores, às reitorias das universidades, às administrações das fundações (Gulbenkian à cabeça), às sinecuras, aos contratos. Sabe como se fazem as leis e quem as faz. Os projectos do pcp e, sobretudo, do be, abrem caminho para os dos ps serem aprovados. É assim que a coisa funciona e é assim que o bloco se aguenta. Eu vejo-os unidos em muitos sítios.
O be e o pcp condicionam o modo de pensar a esquerda. A igualdade e a luta contra a "burguesia" que é nada mas continua a ser um mito que rende sempre.
Essa ideia básica ganha eleições. Não é o GOL que as ganha com as conspirações para colocar os seus peões da viúva em lugares de topo.
O GOl até é uma força de equilíbrio e algum bom senso, às vezes. De jacobinismo por vezes e de conservadorismo esquerdista.
Mas quem lidera é o pcp e o be. Ideologicamente.
O Haja Pachorra tem razão. Os grandes culpados do situacionismo é o PS e a maçonaria.
Olhe-se para a grande tourada portuguesa e cada um tire as suas conclusões.
A grande tourada portuguesa
Bem ou mal, no caso vai sendo mais mal que bem, o atual governo composto pelo PSD e CDS-PP lá vai enfrentando o touro despesista pelos cornos sem querer desistir de enfrentar a besta, seja pelo gosto de manutenção de poder seja pela obrigação imposta desde fora por uma plateia composta de exigentes membros da troika e parceiros europeus.
Os portugueses lá vão assistindo a estes episódios da tragicomédia que decorrem na arena cada vez mais desesperançosos com o possível resultado daquilo que poderá acontecer ao touro. Um touro que quase todos portugueses se habituaram a estimar como se estivessem a adorar o bezerro de ouro sem perceberem as consequências das suas proporções cada vez mais desmedidas.
Os media esses encheram-se de gáudio e de farpas para tornar o festim ainda mais duro e deprimente.
Os revoltosos de extrema esquerda, espumam-se de raiva para mostrar que são contra esta tourada e as vezes até parecem ter mais raiva que a raiva do touro despesista.
E O PS? Qual a posição deste partido tão aclamado pelas sondagens? Foram os grandes promotores deste imemorável espetáculo, convidaram as gentes estrangeiras para financiar o evento e até se comprometeram que iriam participar na luta. Mas agora é vê-los por aí a afastarem-se da arena, da confusão da lide e a sacudir a poeira da responsabilidade dos ombros. Nem para pegar no touro pelo rabo se mostram disponíveis. Acreditam e tentam convencer os mais incautos que conseguem acalmar o touro insaciável, querem o touro fora da arena pois acham ques os direitos adquiridos pelo touro devem ser mantidos e apresentam como alternativa um horizonte futuro de pastagens cheias de crescimento frondoso que só eles conseguem enxergar.
Resta-nos ir acompanhando até onde os convidados estrangeiros estão dispostos a ir com este espetáculo, apesar de eles perceberem pouco das nossas tradições no final de contas o dinheiro é deles.
Olé!
Bom senso na maçonaria?
Onde?
Nos terrenos da ota ou de alcochete?
O único bom senso dessa gente é para eles mesmos ou não tivessem deixado a conta da festa para o povo pagar.
Vossemecês não estão a 'cumprender' aquilo que o José quer dizer, penso eu (que penso que compreendi).
Uma coisa é ter alguém nos lugares cimeiros e muito influentes, que possam manobrar e manipular mais ou menos na sombra.
Outra coisa é liderar ao nível ideológico ou de propaganda política.
Exemplo: no marcelismo, o Governo, evidentemente, tinha gente em todos os lugares importantes. É quase uma tautologia afirmar isto. O Governo mandava. Ora, no entanto, quem liderava ideologicamente, politicamente, no campo das ideias, era a esquerda, clandestina ou não.
A diferença agora, é que existe cooperação. O BE e PC lideram a vanguarda ideológica, com o seu 'progressismo' velho de 100 anos, e o PS segue implementando o que dá jeito (agora já aos que mandam realmente), e fazendo engolir uns sapos aos outros, quando não dá.
Poderia alegar-se que sem essa liderança, ou pelo menos com uma contra-liderança de sinal oposto, digamos assim, o PS não teria o caminho sempre aberto para o poder - porque, convenhamos, o tem sempre excepto no rescaldo imediato das catástrofes em que redunda invariavelmente tal exercício.
No momento em que a "direita" chega ao poder, começa a campanha de agit-prop levada a cabo pela vanguarda ideológica. Isto leva as pessoas direitinhas para os braços do próximo Inenarrável com dois dedos de testa e meio almude de paleio.
muhahedin:
V. apanhou exactamente a ideia fundamental. E o diagnóstico que faz tem já décadas e décadas de bons resultados.
Dá sempre certo. Basta um apelo aos pobrezinhos, aos desfavorecidos, associado a um programa que jura ser esse o objectivo da governação e temos um Inenarrável durante meia dúzia de anos.
Enquanto durou a festa do dinheiro emprestado foi tal e qual assim e só não vê quem não quer.
Agora que o dinheiro acabou resolvem acusar os que sempre denunciaram esta ideologia de serem os culpados por terem ficado " sem as vidas". Querem-nas de volta, claro está. O problema é que não vai haver dinheiro para tal e quando descobrirem que assim é vai ser interessante saber para quem se irão virar desta vez.
Em 1926 foi o Salazar...
Não me consigo explicar! O que o be, mais que o pcp, defende com unhas e dentes, aquilo que realmente lhes importa constitui o núcleo central da agenda da maçonaria: atacar a família, a Igreja, todos os corpos intermédios que não sejam controláveis pelo estado, quer dizer, pela veneranda famiglia; os cabrões do be querem lá saber da desigualdade social, da miséria, eles nunca viveram num bairro social! Eles querem é legalização do aborto, do 'gaymónio, da adopção de crianças por 'casais homo', eutanásia, divórcio na hora, pílula do dia seguinte, crianças no infantário mal nasçam, propaganda homo, doutrinação das crianças e adolescentes para a promiscuidade, exclusão da religião do espaço público, criminalização das posições das igrejas em matéria moral. Esta é a agenda da maçonaria. Esta é a ideologia dominante em que o be apenas serve de testa de ferro do ps e psd maçónicos. O José está demasiado preso a 1975. Hoje a ideologia dominante vem de organizações internacionais, da onu, fao, unesco, oms, ippf-apf (obama é o grande líder, certo?).
mas eu não discordo disso. O que digo é que tal ideologia continua a ser veiculada pela Esquerda e a Maçonaria e o jacobinismo fazem parte do mesmo grupo, mas em subsecção.
A Maçonaria não tem o poder da Esquerda uberalles e da camada ideológica que nos condiciona o ambiente mediático.
Já tivemos esta conversa e o hajpachorra não entende o poder da ideologia nem a importância dos media.
O som de fundo não é apenas o das mentalidades- é o político-ideológico e esse é fabricado pela agit prop.
E o voto também não se faz por maçonarias nem historiografias- faz-se assim- pelo batuque da demagogia.
Quem faz a cabeça a todos esses indignados não é o PS e a maçonaria- é o discruso da extrema-esquerda.
E quem o vende são os media.
Que vêm dos grandes lobbies internacionais também se sabe- mas quem o transforma em agenda de agit prop é a extrema-esquerda.
E não têm apenas as agendas do mundo-às-avessas- juntam a isso a demagogia com os oprimidos e coitadinhos.
A agenda das causas de cu é uma variante do proletariado que já não existe.
José, em Portugal os media estão cobertos por uma camada deste pó esquerdista, profundamente antidemocrático.
Olhando o mundo, o fascismo, felizmente, apenas deixou defensores residuais aqui e ali, sem importância. Já os descendentes intelectuais do socialismo homicida estão por todo o lado, nos media, nos parlamentos, nos governos e integram o establishment das democracias, construídas à sua revelia. O mesmo mecanismo intelectual que sustentou a sua criminosa trajectória continua vivo, ainda que se adapte às circunstâncias de cada país e consiga ir disfarçando o seu carácter destrutivo.
O José faz aqui a ligação dos fios, aquilo que eles diziam e o que dizem hoje. Algo mudou? Não creio.
Mergulhemos pois na mentalidade de grupos como o BE fora do plano económico, desse pensamento que aposta na reengenharia do homem.
A derrocada socialista obrigou um pouco por todo o lado estes "engenheiros de gente" a procurar outro lugar onde colocar a sua "luta de classes": nos chamados “movimentos sociais”, onde se incluem as chamadas "minorias organizadas", essas causas tão caras a estes esquerdistas: a das mulheres, dos negros, dos homossexuais etc…
Vale perguntar: por que estes partidos que lutam pela defesa dos chamados "direitos dos homossexuais, dos negros, das mulheres", o fazem de maneira oblíqua, covarde e com o real e óbvio objectivo de desqualificá-los ainda que pareça o contrário?
Porque estes esquerdistas não reconhecem os direitos de um sujeito na sua particularidade. Aceitam, por exemplo, a homossexualidade, mas como condição geradora de demandas, o que está longe de ser sinónimo de respeito ao homossexual na sua especificidade. Assim, o gay, para ser admitido no mundo dos justos, precisa de ser um militante: exposto, "assumido", porta-voz de uma causa e carregar bandeira. Um negro tem de trazer a escravidão estampada na alma. Ou negar-se-á a si mesmo. Também a mulher se deve organizar contra o seu feitor. Não existem indivíduos, mas categorias. É uma espécie de sindicalização do espírito, de corporativismo psicológico. É preciso que as ditas "minorias" sejam dotadas de um rancor escravo que as torne dependentes existenciais dos seus algozes.
Assim, o máximo que estes “humanistas” conseguem com a sua alma autoritária é tornar o mundo mais pobre. De comum com o seu passado remoto, o mesmo desprezo pelos indivíduos.
O muro caiu, é facto. Mas a amoralidade destas esquerdas sobreviveu aos escombros.
hehehe...José o meu computador foi "violado" pela minha cara metade "cat woman" que tinha o mail aberto..hehehe...
hajapachorra:
Julgo que não estou demasiado preso a 1975 a não ser na lembrança histórica do que foi com apoio naquilo que considero um espelho, ainda assim quebrado e fragmentado: os media da época.
Para mim é importante retomar a discussão antiga porque o momento actual, em Portugal, deve-lhe muito.
Enquanto não se fizer essa discussão clara e -essa sim!- fracturante não haverá sossego social porque os mesmos de sempre estão sempre aí, na praça pública com a mesmíssima ideologia que nos afundou.
Para mim, cada vez mais, não tenho qualquer dúvida: a razão do nosso atraso endémico é devido a essa ideologia e à Esquerda in totum.
Há uma equação que se fosse devidamente analisada poderia servir de exemplo do que pretendo dizer, no campo económico:
Portugal em 1973 tinha quase dois dígitos de crescimento e dívida zero ao estrangeiro mais reservas de ouro que foram a pesada herança dos antifassistas encartados.
Passados dois anos depois de 25 de Abril, Portugal estava na falência. Real, não imaginada. O FMI entrou; os EUA entraram com massa ( ver o postal ) e Portugal entrou na rota descendente que nos trouxe até aqui.
Com um aspecto curioso que essa análise tem que comportar: em 1976 Portugal tinha um Estado que geria a economia como nunca o tinha feito no tal período do "condicionalismo industrial", muito denunciado por essa esquerda como factor de subdesenvolvimento.
Esta discussão aliada à natureza ideológica profunda da Esquerda portuguesa tem que ser feita. E é isso que procuro fazer aqui, sempre.
Floriano: no problem. O que interessa é o que se escreve.
Relegar a Esquerda portuguesa do PCP e do BE mais o PS férrico vindo do MES para o campo flocórico é um erro grave de análise porque o poder conquista-se com ideologia, ou seja com ideias sobre as coisas e as pessoas.
A ideologia da Esquerda tem-se revelado imbatível porque demagógica e cativante para uma faixa crescente de pessoas que empobrecem, uma vez que Portugal sempre foi um país de pobres e o mais pobre da Europa.
Se o analfabetismo foi o alfobre do Salazarismo ( não foi mas é essa a ideia dominante) a pobreza é o alfobre da Esquerda.
Entre ambos venha o diabo e escolha.
Porque é que o Chavez ganhava na Venezuela? Por causa do mesmo motivo: discurso a favor dos pobres com programa que parece coerente.
Depois só multiplica a pobreza mas enquanto uma maioria não se convence da manha e do logro, ganha eleições.
Tal como aqui.
O que me parece espantoso é que a questão não se coloque, também, do lado do porquê de uma determinada ideologia ganha apoio.
Sendo certo que não concordo que o BE e o PCP sejam uma ameaça (caso fosse ter-se-ia revelado nas últimas eleições e, evidentemente, não foi) seria útil reflectir que o sucesso de uma qualquer ala mais extrema reverte de um falhanço completo da moderação.
Com menos TSUs e retroactividade de pensões que afinal não acontecem ou menos centradições em horas (não me refiro apenas ao PSD/CDS mas, por exemplo, a conferências do Maduro que são apenas o contrário do que o Governo aparentemente defende), haveria muito menos armamento na ala radical e muito menos receptividade populacional.
A culpa não é só dos trotskistas ou dos estalinistas, é também de quem lhes lavra o terreno.
Ora aí está! Por que razão Chávez ganhou eleições na Venezuela? Por causa do discurso sobre os pobres? Não, josé, isso é o que parece. Muita gente na América Latina tem o discurso sobre os pobres e só alguns ganham, os que fazem aquela agenda fracturante. Quem não for pela legalização do aborto, pela ideologia de género (quer ideologia? isto é pura ideologia, que violenta a natureza, a natureza humana), pelos 'direitos' da mulher, etc., bem pode ter um discurso revolucionário que não tem hipótese nenhuma. Eu conheço-os, em toda a América latina, e sei do que a casa gasta. Querem lá saber dos pobres. Vivem em condomínios fechados, vão de jipão para a faculdade e daqui para restaurantes guardados e daqui para outras redomas entre bairros com 20 ou 30 km de barracas. Estes são a esquerda sul-americana, no Brasil, na Argentina, no México, na Colômbia, etc. O José e a zazie estão a esquecer-se de uma coisa: quem venceu a guerra cultural não foi o marxismo, foi o liberalismo...
Pois foi.
E eu estou convencida que as agendas fracturantes até nem vêem da maçonaria mas de outros lobbies que se criaram em torno dos Direitos Humanos.
É mais complicado do que parece.
Agora que é a esquerda e não a maçonaria que os vende, sem a menor dúvida.
E o pacote da destruição económica pode ser parecido em todo o mundo mas só tem consequências nefastas onde a escardalhada faz lei.
Na Europa há algo parecido ao que se passa cá?
Mesmo que haja pior não tem resultado nos votos nem implicou alguma vez uma destruição da economia como por cá.
Agora o facto de se estarem nas tintas para os pobres em nada altera que não vendam uma ideologia à custa dos coitadinhos.
O discurso é esse. Em toda a parte.
Olha que nem de propósito:
http://malomil.blogspot.pt/2013/05/vanguardista-da-rectaguarda.html
Caros,
Que grande confusão que para aqui vai. Por um lado vejo a "esquerda" ser caracterizada como uma vontade de por toda a gente a correr nua e de charro na boca (expressão recente do Rand Paul). Uma mistura de Prince e Bob Marley, portanto. Por outro lado, a esquerda é caracterizada como uma vontade de implementar o sonho marxista, de abolir o capitalismo e o substituir por uma utopia sem classes. E o BE, apesar de não o dizer, no fundo defende essa coisa (como é o que autor deste post consegue prever que, fosse o BE eleito, este iria a desatar a nacionalizar mercearias, confesso que me escapa). Caros, não estarão a ser demasiado histéricos nessas caracterizações? Imaginemos alguém que tenha uma preferência por argumentos economicos keynesianos ou marxistas, e profundamente católico. E outro alguém um liberal-estado-mínimo, anarco capitalista, gay e festivaleiro. Quem é "de esquerda"? Nenhum? Os 2?
Só faltava o Ron Paul na Merdaleja.
Realmente, é mesmo com o Ron Paul que se entendem fenómenos históricos portugueses.
Olha, pergunta-lhes o que querem "implementar" quando dizem que a Esquerda há-de tomar o Parlamento.
Poergunta-lhes o que querem e quiseram no PREC e ainda fizeram.
Pelo menos espatifam, porque isso de "implementar" é paleio xuxa e a escardalhada primeiro destrói e depois é que vai pensar no "plano".
Ah e os neotontos à americana fazem o mesmo.
Era disso que falava o hajpachorra quando disse que foi o liberalismo que ganhou a guerra.
Todos os pacotes fracturantes são liberais por dentro. A capa vermelha por fora é só para disfarçar (como dizia o Dragão).
"Agora que é a esquerda e não a maçonaria que os vende, sem a menor dúvida."
Totalmente verdade.
Subscrevo na totalidade as palavras de Mujahedin e de hajapachorra. Se dúvidas houvesse sobre quem manda efectivamente no mundo democrático (e até no não democrático) bastaria observar como se têm vindo a desenvolver as políticas económicas e sociais nas democracias ocidentais desde há pelo menos meio século, com particular incidência nos democratíssimos Estados Unidos e estaremos perante o filme completo e a cores.
No entanto, a questão posta pelo Kaiser Soze parece-me muito pertinente: porque é que pega a propaganda esquerdista?
Eu diria que por duas razões fundamentais, a primeira das quais está já aqui identificada:
- é a cujo discurso melhor se aproxima da realidade
Isto é garantido pelo facto de eles estarem constantemente, não a modificar o discurso para ser conforme à realidade, mas a mudar a realidade para ser conforme ao discurso: é nessa lógica que se podem entender, por exemplo, as manifestações que encontram sempre provocadores que dão origem à intervenção das forças da ordem, que por sua vez são pretexto para denúncias de brutalidade, opressão, etc, que originam novos protestos. Esta técnica pode ser aplicada em vários domínios, desde o combate intelectual à acção de rua.
Numa perspectiva geral, vê-se como o "discurso dos pobrezinhos" encaixa perfeitamente aqui: nenhum sistema esquerdista (não falo de socialismo de gaveta, porque esse é essencialmente liberalismo) levou ao enriquecimento das populações, além do mais, nenhuma das intervenções que têm as suas organizações em que são oposição, clandestina ou democrática, concorre para este efeito: nunca são no sentido de melhorar a situação económica dos que pretendem defender. Enfim, todos aqui conhecem o modus operandi.
Mas isto, por si só, é insuficiente para explicar o sucesso desta propaganda que é, indubitavelmente, a mais bem-sucedida de sempre.
A outra razão que me parece essencial e que explica este facto é:
- a força
E aqui, teremos de recuar ao último (quiçá único) homem que conseguiu combater, de igual para igual, a propaganda esquerdista, e para mais, num ambiente extremamente propício àquela - o anti-cristo em pessoa: Adolfo H.
Com a demonização a que foi sujeita a sua pessoa e a sua obra, esqueceu-se e tem passado em pézinhos de lã pela história e até pelos que militaram posteriormente mais ou menos nas suas ideias, o feito mais significativo que este homem conseguiu, pelo menos antes de obter o poder na Alemanha, embora feito se tenha extendido até depois desse evento:
Ele conseguiu conquistar as massas aos comunistas. Pura e simplesmente roubou-lhes, de forma absolutamente triunfal, o pão da boca. E isto sem sequer ter à disposição meios governamentais, ou apoios internacionais de potências e organizações estrangeiras como tinham os comunistas. Jogando de igual para igual: na rua, propagandeando e discursando.
É ele próprio que afirma que a propaganda e a técnica propagandística comunista, embora passe uma doutrina fraudulenta, é não obstante a melhor e é imbatível como tal. Disto se terá apercebido ele, durante a sua fase proletária, contactando com os sindicatos e com a propaganda e recrutamento que levavam a cabo entre as massas operárias. E apercebeu-se então dos princípios básicos que a orientavam:
Simplicidade - as mensagens, escritas ou gráficas, propagandísticas têm de ser simples, básicas até, para poderem ser compreendidas pelo maior número de pessoas possível sem as fazer perder tempo ou dispender esforço em as compreender. A doutrinação é feita posteriormente aos elementos com potencial.
Massificação - obviamente, a propaganda deve ser divulgada tanto quanto possível e ser uniforme.
Força - A propaganda, nas suas várias componentes deve sempre ser expressão de força: seja através do grafismo dos seus elementos (ver a propaganda soviética e a posterior nazi), seja através dos "slogans" que exprime e, muitíssimo importante, seja através da atitude dos que a divulgam.
É sobretudo no último ponto que reside, parece-me, o busílis da questão. AH afirma geralmente que, em face de ideias políticas, as pessoas escolherão as melhor propagandeadas; e em face de ideias igualmente bem propagandeadas, aderirão à que se demonstre mais forte. E, naquela altura, quem demonstrava força eram os bolcheviques. Não havia meeting algum não alinhado com eles, que lá não fosse uma multidão enquadrada por elementos agitadores com o intuito de subverter a ordem e forçar a intervenção da polícia, boicotando o evento.
Ora foi neste ponto que AH inovou: resolveu montar segurança própria nos seus meetings, recrutando alguns ex-camaradas militares, com instruções para expulsar todo o agitador que intentasse causar desordem e impedir AH de falar. E assim que tal aconteceu, segundo ele, o número de apoiantes do NSDAP nunca parou de crescer: meeting após meeting, mais e mais pessoas compareciam.
É importante relevar que essas pessoas iam, a princípio, convocadas pelos bolcheviques, que através da agitação e do boicote lhes pretendiam fazer uma demonstração de força. Em se virando o feitiço contra o feiticeiro, o rapport de força mudou. Após um grande meeting, o maior até à data, em que a segurança do NSDAP se encontrava em grande desvantagem numérica e houve feroz batalha entre o grande número de agitadores e os ex-militares, mas em que nunca AH parou de discursar, que cessaram as instruções bolcheviques para comparecer nos meetings de AH. A partir daí, nunca o NSDAP deixaria de crescer mais e mais e roubar militância aos bolcheviques, desafiando-os em todos os lugares incluindo nas cidades onde dominavam por completo.
Toda a proganda NS, desde cartazes aos uniformes e disciplina da segurança (SA) à teatralidade encenada pelo regime quando se tornou tal, tudo está pensado e feito por forma a transmitir uma ideia de força. Não necessariamente violenta, note-se, mas suficientemente determinada para, nesse caso, ser absolutamente brutal.
Ora bem, isto tudo para avançar a minha hipótese de que a propaganda esquerdista é bem sucedida porque é a melhor, mas sobretudo, porque é a mais forte. Não há hoje, como não há pelo menos desde o fim da 2a GG, oposição forte a esta propaganda, tanto em Portugal como no resto da Europa. Em Portugal, sobretudo, o regime do Estado Novo descurou completamente esta questão. A direita esteve sempre fragmentada, de monárquicos a salazaristas, de integralistas a conservadores católicos, e nunca teve uma unidade orgânica e sempre foi débil a unidade propagandística. A direita radical, nacional-revolucionária, de inspiração neofascista, nunca foi numerosa e nunca teve mais do que algumas centenas de militantes no seu auge, espalhados pelos vários grupelhos. Fora algumas tentativas por parte da PIDE em instrumentalizar estes grupos, principalmente como meio anti-subversivo no ambiente académico, a maioria da actividade era intelectual e cultural. Na rua, a esquerda dominava e sempre dominou sobretudo desde a crise académica do início de 60.
Se as instituições repressivas do regime funcionavam razoavelmente bem, não podiam, no entanto, actuar em certos meios onde a sua acção fosse contra-producente - como no meio académico universitário onde não era bem vista a sua interferência até pelos não-politizados. Foi precisamente neste meio que melhor se desenvolveu a acção esquerdista que tantas dores de cabeças deu ao regime e do qual saíram os próceres que hoje nos governam. Eu sustento que foi por falta de oposição numerosa, igualmente radicalizada, disposta ao confronto violento se necessário fosse, que eles tiveram o sucesso que tiveram. Houvera essa oposição, e penso que a maioria das pessoas ter-se-ia mantido ao centro, que é dizer despolitizada, enquadrada pelo equilíbrio de forças opostas entre as quais se dividiriam os politizados e radicais. Ao contrário, a hegemonia esquerdista acabou por criar uma habituação ao seu discurso, que se impôs, talvez até inconscientemente, por efeito da força que demonstravam através do seu domínio inquestionável do meio académico e que perdura até aos dias de hoje.
Concluindo, quanto maior a aproximação da realidade ao discurso e à propaganda da esquerda, maior necessita de ser a força demonstrada por quem se lhe decida opor e pela propaganda que decida empregar.
Penso que pode ser assim entendido o alerta do José acerca dos fósseis esquerdistas. Quanto mais se extrema a situação, menos fósseis se tornam (aos olhos das pessoas), e mais difícil é opor-se-lhes, portanto mais perigosos se tornam.
interpretação interessante esta. mas vejo uma falha: a evolução da cultura e das ideias no ar surgem de uma infinidade de factores a trabalhar em simultaneo, incluindo correntes políticas, mas não só. E estas ideias no ar vão por sua vez parcialmente influenciar a evolução das correntes políticas, e por ai em diante num ciclo. Não sei se podemos dizer com certeza que o sucesso que a "esquerda" teve deve-se à falta de uma oposição. A falta de oposição e o sucesso da esquerda podem ser consequências da mesma causa, a evolução cultural e das ideias dominantes - cujas causas podem ser independentes da politica.
Marx não diria melhor, ó neotonto.
As leis da História a falarem por si. A infra-estrutura económica a determinar o mundo.
Neotontismo e marxismo- duas faces da mesma moeda.
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