Francisco José Viegas, um perdulário do senso comum, anda a esportular ideias avulsas. Uma delas é esta:
Se alguma coisa falhou não foi o país, foram as elites, afirma o ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas.
O escritor, que falava este sábado no LeV - Festival Literatura em Viagem, em Matosinhos, considera que nos últimos 40 anos tem faltado empenho às elites.
“Os ricos portugueses andam especialmente tolos e eles são especialmente responsáveis por esta situação, porque podiam fazer e não fizeram. Se alguma coisa falhou nos últimos 40 anos foram estas elites, não fomos nós todos. Quando nós estamos a deslocar a culpa para nós que votámos ou que governámos, não. Quando me diziam: ‘ agora que já estás fora do poder, eu começava a rir. Poder? Qual poder?”, disse Francisco José Viegas.
Este pândego, Viegas, acha que o problema nacional tem a ver com as elites. Elites? Que elites, caro Viegas que nem conheço?
Nos últimos 40 anos essas elites forçosamente teriam que se mostrar nos nossos media. E afinal o que podemos ver, como "elite" , nos media dos últimos 40 anos?
Pessoal político de elite? Sempre os mesmos: Cavaco, Soares, um PCP fossilizado, uma esquerda florida em bloco, fossilizada numa ideologia impossível, um AlegreFerroPedroso, uma direita inexistente fagocitada por uma esquerda utópica e sem remissão. É isto a elite política?
E a cultural? Deixe-me rir, caro Viegas que nem conheço. V. conhece alguma elite cultural, em Portugal?
O Esteves Cardoso? O Eduardo Lourenço? O Sousa Tavares "escritor"? O Lobo Antunes ressabiado? A Joana Vasconcelos dos sapatos de brilhantes? A Paula Rego que pinta lá fora? O Siza Vieira da pala? O cinema que só existe em segredo e para alguns? Os jornais do jornalismo tipo " para quem é bacalhau basta"? As televisões tipo anas lourenços dos balsemões vendidos ao poder qualquer que seja?
E a elite económica? Riso reforçado, caro Viegas que nem conheço. O Salgado da banca que assaltou a concorrência em tandem com uns governantes? Os donos da distribuição de mercearias, como dizia o Valentim Loureiro ( outro da elite) erigidos nos grandes capitalistas nacionais para os fósseis bolchevistas tipo Arménio de voz de cana rachada? A Avoila? O Jerónimo?
O Jorge Coelho, o tal do "hádem" cooptado pelos patos bravos da construção civil das obras públicas? O Mota da Mota&Companhia? O Sérvulo, finório da advocacia de negócios, rei em terra de ceguetas, mas acompanhado por um séquito de galvõestelles, arnauts, verasjardins, lamegos, e tutti quanti vieirasdealmeida e vitorininhos?
Um poder judicial de cândidos pintosmonteiros e cunhas rodrigues, superiormenre acolitados por noronhas?
São esses a elite, caro Viegas que nem conheço?
Se são- e não vejo outras- estamos tramados. A pergunta que há a colocar, caro Viegas que nem conheço, é uma: quem escolheu estas elites para mandarem em Portugal? Foi a democracia? Parece que sim...
Tire portanto as suas conclusões.
21 comentários:
"...quem escolheu estas elites para mandarem em Portugal? Foi a democracia? Parece que sim...
Tire portanto as suas conclusões."
A conclusão é óbvia:
Não vivemos em democracia, vivemos em Demagogia.
Porque numa coisa ele tem razão, a culpa é das "elites" (onde ele se inclui), que nos,… ou antes, que se governaram nos últimos 40 anos.
E se alcançaram o Poder, é porque o modo de o conseguir está viciado desde o início.
E não é só na função pública ou política.
Até no mundo privado, com excepção de algumas empresas, onde o Fundador ainda está no Poder, o mérito raramente é premiado ou reconhecido.
O que funciona é exactamente a mesma coisa, parentesco, apadrinhamento, falta de escrúpulos, lisonja e outras formas mais escabrosas de alcançar o poder.
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Uma noticia sem relação com o post de José mas de forma geral, com interesse para os leitores do blog.
http://www.lepoint.fr/societe/l-eveque-d-annecy-ecarte-un-pretre-franc-macon-24-05-2013-1672023_23.php
Sob pressão de Roma, o Bispo de Annecy descarta um Padre que pertença a Grande Oriente Francês.
Reparem que Annecy é a capital da região de Alta-Sabioa, uma região com um passado reformista e contra-reformista conflituoso.
Abç.
para ver quem são as elites penso que basta olhar para os valores das reformas. as nossas elites sao:
1) politicos
2) militares
3) juizes
4)medicos
5) professores universitarios
Políticos:
e o mais simbólico é...Mário Soares.
Militares:
e o mais simbólico é...( deixo em branco)
Juízes:
e o mais simbólico é...Noronha Nascimento.
Médicos;
e o mais simbólico é Lobo Antunes.
Professores Universitários:
e o mais simbólico é...Freitas do Amaral
O Médico indicado é o único que se aproveita.
E se repararem bem, o seu convivio com os outros "elites" é raro ou inexistente.
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Se estamos a falar do neurocirugião, é claro...
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eu concordo com o josé viegas. daí achar que em termos de repartição de custos/sacrificios se deve cortar significativamente nas reformas mais altas, pois direta ou indiretamente são os que têm maior responsabilidade na situação que vivemos atualmente.
Sem ironia, mas bastante controverso: O melhor médico, quer dizer, que apresenta melhores resultados, neste momento em Portugal, atendendo ao modelo em que trabalha (Centro de responsabilidade) É Prof. Doutor Manuel J. Antunes http://www.uc.pt/cct/DezTitulo
O cerne da questão está no último parágrafo do post.
Foram os partidos políticos anti-patrióticos, que conluiados com a banca e o alto empresariado, colocaram Portugal no ponto em que hoje se encontra. A democracia foi apenas o veículo para tomarem o poder de assalto e meterem o país no bolso. Quem foi quem? Não seria difícil descortinar.
A rapaziada das novas oportunidades que nos tem desgovernado a primeira coisa que fez foi extinguir das instituições tudo o que fosse "planeamento" porque eram forças de bloqueio.Agora vê-se de quê...
Como pequeno país, depois da entrega de tudo o que tinha preto e não era nosso, teria que ter sido em conta esse pequeno pormenor.Mas não.O Estado foi sendo alargado para albergar e dar empregos ao nível dos restantes grandes países.E entregando também a indústria e as pescas e fazendo campanha para abandono da agricultura para termos os índices "europeus".
Agora que temos a praça do império cheia de africanos, arregimentados pela RTPÁfrica, que nos vieram enriquecer numa de dar a outra face quem se vai lixar é o zé povinho conduzido pelos bem pensantes marxistas e internacionalistas de "o mundo agora é um só" e todos temos direitos...o que não vai acabar bem...
Quando as nossas elites derivam dos radicais do "nem mais um soldado para as colónias", dos maçons, de judeus o zé povinho só pode encomendar a alma ao Criador...
por muito que nos custe
ninguém aqui está à altura
de discutir a posição do 'sublimado' viegas em assunto tão transcendente
o meu filho atribui a culpa a D. Afonso I
pela minha parte foi Caim
por não ser 'cereal quiler'
Como acontece com alguma frequência, concordo com o FJV. Na verdade, fiquei espantado dele ter ido para o Governo e, depois, de lá se ter demorado tanto tempo.
Como o José, não gosto de utilizar a palavra "elites" para descrever esta gente porque nada têm de elites (a não ser que entendamos o termo num sentido blazé da coisa) e fico a meio da ponte quando a culpa de eles estarem onde estão ser atribuída a quem os elege.
Formalmente, somos todos responsáveis por quem governa estar a governar mas não é menos verdade que somos confrontados com as escolhas de um determinado número de pessoas.
Podemos pensar que a escolha está limitada ou que nem sequer há escolha.
Há uma curiosidade que me assola há muito tempo: O que aconteceria se os votos em branco fossem na ordem dos 90%, por exemplo?
Kaiser:
Por mim coloco outra hipótese académica: imaginemos que o regime que temos era o de Marcello Caetano. Imaginemos só...
O que aconteceria nestes últimos trinta e nove anos.
Imaginemos que a esquerda comunista não tinha a preponderância que tem. Não tinha conseguido inverter o sentido de alguns valores, como os referentes à igualdade interpretada como essa Esquerda interpreta.
Imaginemos que o capitalismo português não tinha sido decapitado e os bancos portugueses teriam continuado a trabalhar como dantes trabalhavam.
Numa espécie de prognose póstuma, o que poderíamos ter neste momento em Portugal?
Evidentemente que ninguém poderá dizer ao certo porque as circunstâncias poderiam ser outras completamente diversas e com variáveis completamente baralhadas.
Uma coisa, porém,é certa: a Esquerda nunca teria a preponderância que tem relativamente aos valores.
O Ensino das luminárias do ISCTE não tinha a importância que tem. O ensino oficial seria outra coisa porque o ensino técnico teria o mesmo valor que tem na Alemanha, por exemplo e as empresas teriam aproveitado directamente disso.
O Estado teria o mesmo peso que tem na Alemanha.
As elites seriam assim, outras. Teríamos porventura grupos económicos fortes com implantação lá fora, por exemplo nas ex-províncias ultramarinas, em vez dos americanos, holandeses ou outros.
Teríamos os quadros técnicos como a França tem com uma formação académica digna de uma ENA. Teríamos uma sociedade civil com outro peso e no Norte teríamos a concentração da riqueza nacional, desenvolvida ao longo das últimas décadas.
O Porto seria mais desenvolvido e cidades como Guimarães e Braga igualmente.
O meu problema com este tipo de prognose póstuma é que é mais fantasiosa do que objectiva...falamos do que poderia ter acontecido e não no que aconteceu.
É um tipo de argumento ao estilo "amanhãs que cantam", um mundo idealizado que não tem, necessariamente, correspondência ao que teria acontecido.
É como um criculo que se fecha e faz tocar quem está mais à esquerda com quem está mais à esquerda.
PS. Vou dar na "Transição Impossível - a ruptura de Francisco Sá Carneiro com Marcello Caetano"
Leu este, José?
Tudo isso é verdade, mas há um mínimo de consenso possível, penso eu de que...
a minha proposta é esta: estaríamos melhor, económica, social e culturalmente. E porque digo isto? Pela simples razão de que "isto" bateu no fundo relativamente a valores. Hoje, quem manda, "rouba" descaradamente.
Contaram-me há bocadinho uma que é de bradar aos céus. E tudo legal...
Essa proposta parece-me inteiramente justa, concordando ou não com o resultado previsto, justa.
Também acho que os valores andam pela rua da amargura e correm o sério risco de se tornarem completamente demodé.
E isso é triste...
José,
Para dar sustento às suas palavras não deixa de ser importante analisar as bases económicas que havia em 1974.
http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/04/os-amanhas-que-cantam.html
Em 1974 Portugal estava na 15º posição na lista de países mais prósperos do mundo. Hoje estamos em 43º com forte tendência para descer.
A Obra de Siza Vieira é muito mais que "o Siza Vieira da pala" ("pala" que nem sequer é "só" do Siza...).
Comparar a obra de Siza a "joanas" ("escritores" de apelido, etc.) é maldade (e/ou ignorância).
É ignorância sobre o nosso Pritzker. Mas uma ignorância esclarecida num simbolismo.
Quem não entendeu isso...paciência.
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