Ontem, no programa Prós & Contras, a moderadora Fátima Campos Ferreira convidou alguns jovens e outros menos jovens para se falar publicamente e na tv dos tempos que virão, em Portugal.
Em determinada altura apareceu na audiência de espectadores presentes, um jovem de 16 anos que contou a sua experiência como empresário de produção de roupa casual para jovens, mostrando uma daquelas peças que dantes se chamavam de "fato de treino", com capuz dependurado atrás, para o tempo frio da noite. É a moda actual, copiada não se sabe de onde mas com significado universal.
O rapazito falou da sua experiência como empresário e mostrou um saber prático e uma sabedoria circunstancial notáveis. Disse que teve uma ideia para produzir daquelas peças de roupa para jovens, baratas e com desenho adequado e para competir com as mais caras, de marcas conhecidas. Procurou quem as produzisse e conseguiu vender em quantidade que considera promissora, com técnicas de vendas testadas por outros ( publicidade com as raparigas bonitas da escola) e através de meios modernos ( internet).
Tanto bastou para que saltasse para o palco mediático, a fervilhar a indignação mal contida, uma "convidada" para o debate ( só esta Campos Ferreira se lembraria de convidar uma aventesma deste tipo para um debate deste género). Interrompeu o testemunho do jovem para o vituperar ali mesmo a propósito dos "modos de produção", perguntando-lhe quanto ganhavam os que produziam tais roupas e se porventura seria mais que o salário mínimo. O discurso destoou de tal modo daquilo que se estava a ouvir que o rapaz respondeu-lhe logo que mais valia ganharem o salário mínimo do que estarem desempregados, o que não foi razão para calar a interpelante cujo nome apareceu no monitor: Raquel Varela. A lição que o rapaz lhe deu não encontrou eco algum porque esta gente não ouve os outros a não ser os do antro do costume.
Uma consulta ao Google com as palavras "Raquel Varela ISCTE" devolve-nos uma informação interessante. Esta Raqueliscte doutorou-se nesse pequeno antro da esquerda portuguesa moderna de onde saem todas as ideias mais perversas que temos actualmente na sociedade portuguesa. De tal modo que se fechassem o sítio, só teríamos a ganhar como portugueses.
A mesma Raqueliscte foi a autora, há uns tempos, de uma obra polémica na qual sustentava que o PCP e Álvaro Cunhal nunca quiseram "fazer uma revolução socialista em Portugal".
Nessa altura, há cerca de dois anos, o blogger jmf57 escreveu isto:
Abre-se o Público e, logo na página 4, aparece-nos um texto (sem
link) que nem sabemos como classificar. Alguém que o jornal identifica
como historiadora, defende que Álvaro Cunhal “nunca quis fazer uma
revolução socialista em Portugal”e que “nunca existiu o risco de o PCP
tomar o poder em Portugal” nos anos de 1974 e 1975. Diligente,
acrescenta: “esse argumento … foi utilizado pelo PS para aliar-se aos
sectores mais reaccionários da sociedade, nomeadamente a hierarquia da
Igreja e das Forças Armadas”.
Como não li ainda o livro que justifica a entrevista – A História do PCP na Revolução dos Cravos
(Bertrand) – não vou discutir a argumentação, apesar de a amostra
visível na conversa com Raquel Valera (assim se chama a historiadora)
indiciar uma grande fragilidade. A principal é assumir que a recusa do
PCP em participar no golpe do 25 de Novembro é sinal definitivo de que
Cunhal nunca ambicionou tomar o poder e só quis “estar integrado num
Governo com o PS, negociar lugares com os socialistas”.
Comecei por ficar algo baralhado sobre o
tipo de motivações políticas que poderiam estar por detrás destas teses
(e do palavreado marcadamente ideológico da entrevista) e procurei
saber um pouco mais sobre Raquel Varela. A hipótese de ser próxima do
PCP desvaneceu-se ao tropeçar num post de Vitor Dias, em que este se
indigna por esta ter subscrito, num colóquio sobre “Os Comunistas em Portugal” organizada pelo remanescente do grupo Política Operária, “a
tese muito defendida em alguns meios esquerdistas que o PCP traiu a
Revolução aliando-se à burguesia e reprimindo as suas aspirações
populares”.
Encontrei depois Raquel Varela num dos cantos mais radicais da blogosfera, o 5Dias, e ainda como directora de uma revista que desconhecia chamada Rubra, ligada a um grupo de militantes da ultra-esquerda (não consegui perceber exactamente qual a ligação da revista com o grupo Política Operária, que foi fundado pelo desaparecido Francisco Martins Rodrigues).
Esta Raqueliscte tem lugar cativo nos media portugueses porque as campos ferreiras e anas lourenços e outros do género, acham esta gente giríssima das ideias e que este tipo de intelectuais têm opinião que deve ser escutada. Acima das outras... porque a esquerda que praticam já nem sequer é a fóssil. É mais do género do gás que se extrai dessa matéria fóssil: ideias incendiárias para um novo prec.
Esta vergonha nacional protagonizada pelas campos ferreiras e anas lourenços não tem fim.