quarta-feira, dezembro 31, 2014

António Costa e a muleta foram ver o 44

Observador:

José Sócrates teve esta manhã em Évora duas visitas: António Costa e Mário Soares. 

Aditamento:

O futuro presunto implicado em eleições disse à saída que acredita na Justiça e portanto declarou urbi et orbi que se devia " deixar a justiça funcionar em todos os seus valores, assegurando a presunção de inocência, que a defesa disponha de igualdade de circunstâncias e que o segredo de Justiça seja preservado" . O recado deve ter sido para os advogados do processo, para o próprio recluso e para os jornais que como o Correio da Manhão não largam o osso do presunto...


Por seu turna, o muleta, caquéctico mas ligeirinho, disse logo a seguir " não ter a menor dúvida sobre a sua inocência",  e que "não há razão para ele estar aqui tanto tempo", nem "para estar preso" . Já tinha dito antes cobras e lagartos do ministério público e do juiz de instrução, numa elevadíssima postura de quem assenta em Conselho de Estado, anda de carro à custa de todos nós e apresenta uma vida que ninguém se atreve a questionar publicamente porque, coitado, é velho e já não sabe o que diz.
Ou seja, o muleta denegou logo a afirmação de princípio do presunto implicado nas eleições que se seguem. 

Este partido Socialista é isto. E convive muito bem com esta pouca-vergonha institucionalizada e permanente.

Recluso 44: o júri que decida...

O Correio da Manhã continua a mostrar por que motivo a presunção de inocência do recluso 44 é muito relativa e circunscrita às regras do processo penal.

Hoje relata o facto de a partir da conta de 25 milhões de euros em nome de Carls Santos Silva este "apenas fazer os levantamentos que lhe eram pedidos pelo ex-primeiro ministro. Entregava-os ao motorista."

É este tipo de pormenores cuja explicação não pode atentar contra o senso comum sob pena de se considerar que qualquer explicação vale, desde que tenha um mínimo de lógica afirmativa e não constitua absurdo gritante e inexplicável.

Para já e publicamente sabe-se que o dito CSS emprestava dinheiro a rodos, da ordem dos milhões, sem contabilização e saídos da mesma conta, sempre a pedido do mesmo indivíduo, agora recluso 44.

Se isto for assim, permitam que um júri decida a culpabilidade...

terça-feira, dezembro 30, 2014

A defesa do recluso 44

Hoje no Correio da Manhã conta-se mais alguma coisa sobre a defesa que o arguido, agora recluso 44 aduziu perante os factos apresentados no interrogatório.


Essencialmente será isto: um grande amigo de infância emprestou-me dinheiro durantes estes últimos anos. Não sei quanto foi porque um amigo é assim mesmo, não precisa de contabilizar milhões que empresta a outro, a troco de amizade. Uma generosidade sem limites conhecidos, confirmada pelo amigo de sempre, provavelmente ímpar na história da humanidade tal como a conhecemos.

Este amigo único e a sua história de empréstimos a fundo perdido é a defesa do actual recluso 44, perante os factos que lhe apresentaram. E não são todos os factos, como agora se sabe.

As coincidências? Os empréstimos escondidos de toda a gente? O modo formigueiro como aconteciam e com intermediários para as entregas? Os cuidados tidos com esse modo de entrega secreto e discreto? Tudo efabulações dos "pistoleiros do costume". Um amigo é um amigo é um amigo. E se o mesmo diz que é, assim é.
É esta a justificação para o dinheiro que o recluso 44 recebeu do mesmo amigo ao longo dos últimos anos.
O que importa neste caso é apresentar uma justificação minimamente plausível e que convença os que se querem convencer e com isso se bastam.

Se tal justificação atenta contra o senso comum é coisa de somenos. Se atenta mesmo contra a lógica das coisas mais simples que todos compreendem, tal lógica muda-se para que o arguido seja inocente.

Há pelo meio delitos menores como fuga ao fisco e à segurança social ( ordenado pago ao Perna por baixo da mesa e sem declaração para efeitos de segurança social, por exemplo) mas isso tudo se perdoa a quem deu tanto a ganhar a tantos e tantos. Como por exemplo ao amigo de sempre que enriqueceu dezenas de milhões quando o amigo era primeiro-ministro.  Mais uma coincidência? Claro. Mário Soares assim o afirmará em julgamento ou fora dele.

E a opinião pública como reagirá a estas coincidências e a esta amizade sem limites que ninguém conhece igual? É fazer uma songagem a sério. Não daquelas que foram pagas para mostrar quem era melhor para liderar o partido...

E há outro argumento de peso: se chegar a julgamento que peça um júri...

E que lhe seja perguntado por exemplo isto: se tinha o apoio incondicional e ilimitado de um amigo com pelo menos 23 milhões de euros na Suíça e ao dispor, porque é que fez os empréstimos à CGD em condições que se desconhecem? Sim, por uns míseros cem mil euros a pagar em dois anos, não era preferível pedir emprestado ao amigo, como aliás já pedia?

É nos pormenores que o diabo se esconde...


Uma violação de segredo gravíssima...

 

O advogado Pedro Delille, segundo parece advogado do recluso 44 ( já são dois...) indignou-se com ums monstruosa violação de segredo de justiça que consistia numa decisão jurisdicional acerca do acesso amplo ou restrito ao processo. Só isto. Parece que o Público relatou que "o juiz não autorizaria o acesso total ao processo".

O advogado Delille que foi colega do advogado de Perna, numa comissão de avaliação na Ordem dos Advogados, ficou indignado como a notícia do Público porque..."os jornalistas souberam antes dos advogados".  E vai daí, saiu uma denúncia por violação de tal segredo importantíssimo não só para o desenrolar do processo como até para a honra dos visados. E tal violação de gravidade suprema já tem suspeitos, segundo o causídico: "só pode ter sido pelo tribunal ou pelo ministério público".

Espera-se agora que o inquérito abranja outras situações de violação de segredo de justiça, pelos próprios advogados, mormente pelo colega de Delille que se fartou de falar de factos que provavelmente estão a coberto do dito. Isso para além da violação do dever de reserva que impende sobre os advogados. Até mesmo de divulgarem o que Delille acaba de divulgar...
Se entretanto a vergonha chegar, espera-se que se retractem, mesmo sem retrato.


Democracia, ética, transparência? Isso é para os outros...o dinheiro é que conta.

Observador:

Manuel Alegre terminou a campanha para as eleições presidenciais de 2011 com uma dívida de 422 mil euros para pagar e só o conseguiu fazer graças a uma conta solidária, que arrecadou metade do valor, e ao PS, que pagou o resto. O desfecho é revelado pelo Tribunal Constitucional que diz que não há informação sobre como foram feitos esses pagamentos e que a lei eleitoral tem um buraco na legislação que a impede de controlar quem dá dinheiro aos candidatos, no caso de estes ficarem com dívidas.


Correio da Manhã de hoje:

 Com estes socialistas sempre com a liberdade por perto e a democracia na boca o que conta verdadeiramente é outra coisa: dinheiro. "Há sempre", como dizia o velho de memória caquética. Pois tem havido e por isso é que iria cair o carmo e a trindade se este governo não caísse primeiro.

E a profecia realizou-se. Agora, é apanhar os cacos e enquanto é tempo tentar remendar o pote.

segunda-feira, dezembro 29, 2014

O Diário de Notícias da situação faz 150 anos

O Diário de Notícias faz hoje 150 anos. Viu passar a Monarquia a I República, o Estado Novo e o Estado Social e instalou-se de há 40 anos para cá, na democracia.

Ontem e hoje a efeméride é evocada pelo jornal em edição especial. A de ontem trazia depoimentos de antigos directores.

Hoje o actual director, André Macedo, escolhido já pela equipa que manda efectivamente no diário, agora ligada aos interesses defendidos por Proença de Carvalho, escreve em editorial que "o objectivo maior do Diário de Notícias em papel ou na versão digital, é simples, é este: ajudar a criar um campo de jogo equilibrado onde todos os participantes ( pessoas, famílias, empresas, igrejas, instituições, partidos) possam encontrar regras de jogo relativamente iguais." Com o "relativamente" já garantiu o modo adverbial... e melhor seria que se preocupasse com o fundamental num jornal que é informar devidamente o leitor acerca dos factos que se sucededem sucessivamente sem cessar.

Com essa preocupação ecuménica, afinal esconde ao que vem: fazer o jogo proclamado pelo patrão, com regras inquinadas.
Um exemplo entre vários: ontem, a notícia sobre o embrulho devolvido a António Arnaut, remetido ao recluso 44 encontrou o espaço da página 11 ao fundo...
Aliás, as notícias sobre este assunto do recluso 44 e as suas manigâncias suspeitas não interessam por aí além o jornal.

Quanto vende o Diário de Notícias hoje em dia?  Tira um pouco mais de 30 mil exemplares de que circulam cerca de 18 mil, pelas últimas contas. O Correio da Manhã, anda pelos 165 mil/124 mil.

Que é que isto quer dizer? Que o jornal com centena e meia de anos não presta por aí além.

E porquê? Talvez por uma razão simples: é sempre um jornal da situação e por isso as pessoas não compram. Em condiçoes normais de mercado, o Diário de Notícias já tinha acabado. E então porque não acaba? Porque...agora está lá o Proença de Carvalho; antes esteve lá não sei quem e antes de antes, igual.

Leio o jornal há um pouco mais de 40 anos, esporadicamente. Há um par de anos, ainda no consulado do jornalista desportivo Marcelino, de vez em quando havia uma surpresa agradável, no meio da choldrice habitual da protecção à situação. Agora, nem isso.

Antes de 25 de Abril de 1974 o jornal aparecia por vezes como um órgão oficioso do governo de então. Neste caso, o de Marcello Caetano, em 25 de Outubro de 1973.


Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, em Junho, o jornal dava conta da instituição da nova Censura.
 


Em meados da década de oitenta do século XX, com o advento do reinado cavaquista que se prolongou por dez anos e sob a direcção de Mário Mesquita ( que dirigiu o jornal de 1978 a 1986), o jornal dava conta de que "Deus não dorme" ao retirar o poder aos socialistas...


Quem quiser saber  a história do Diário de Notícias o melhor é ir à NET e à Wikipedia. O jornal de hoje e o de ontem não contam e quem organizou a edição especial esqueceu-se de tal coisa básica.
Preferiram dar à estampa uma entrevista com Hitler apanhada por António Ferro, em Munique,  antes da chegada dos nazis ao poder.
Acharam que isto sim, é que era coisa interessante. Melhor seria publicarem a entrevista integral que Álvaro Cunhal deu à L´Europeo italiana, em 6 de Junho de 1975 e que o DN de então ignorou completamente, à semelhança da mairia dos jornais de então. O DN era então dirigido por um inenarrável Luís de Barros que tinha como adjunto um futuro nóbél e que censurava a torto e a direito e despedia ainda mais depressa os "reaccionários e fascistas".

À falta de melhor fica aqui uma outra entrevista do mesmo Cunhal, em 22 de Junho de 1974.




 

Segundo se conta na edição especial de hoje, no rés-do-chão do edifício da Avenida da Liberdade, sede do jornal, há um Centro de Documentação e Informação com 450 metros de prateleiras, mais de 11 mil colecções de jornais e revistas de todo o mundo ( devem ter lá o tal L´Europeo...) etc. etc. etc.

De pouco serve tal acervo documental. Repescando outra vez o velho dito de João de Sousa Monteiro ( que alívio saber que não é o César...), "se não sabe, porque pergunta?"

Para que lhes interessa tal acerco se não sabem procurar o que interessa?


Enfim...perdoai-lhes, senhores,  que não sabem fazer melhor.

Os advogados da ralé de elite

O jornal i de hoje mostra alguns dos advogados de entalados excelentíssimos.  Ao contrário dos colegas que militam pelo parecer do Estado, estes advogados defendem os inimigos do Estado e que o assaltaram de formas diversas.


A juntar a esta imagem vale a pena mostrar estoutra, da OA e que dá conta de que o antigo bastonário Marinho e Pinto reunia nas comissões de avaliações da Ordem com...por exemplo Ricardo Candeias que defende o arguido Perna e com Pedro Delille. Este Delille é advogado que ajuda agora um certo João Araújo que por sua vez defende quem se sabe.

São coincidências, senhor...




Não lhes estraguem o negócio, pá!

No jornal i de hoje, um advogado da firma PLMJ, versado em humor inglês, toca a rebate por causa do perigo que se anuncia: parece que Autoridade da Concorrência pretende fiscalizar a repartição do "bolo" da parecerística em que o Estado paga e as firmas de advogados cobram à hora lautos pareceres imprescindíveis ao funcionamento do Estado de Direito ( "como é difícil governar"...dizia Brecht e provavelmente os Monty Python também numa qualquer rábula de paráfrase).

O artigo é este:


Como vai longe o tempo em que o principal sócio da mesma firma, José Miguel Júdice, ex-bastonário da ordem, pro bono,  se dava à displicência de afirmar em entrevistas que "o Estado devia consultar sempre as três maiores sociedades de advogados, onde se inclui a sua" e a Ordem lhe instaurar, illico,   um processo disciplinar...

A questão de sempre, porém, é esta:  
 
"A proposta de Orçamento do Estado para 2015 (OE15) prevê que uma despesa de 765,9 milhões de euros em "estudos, pareceres e outros trabalhos especializados" no próximo ano, valor que representa uma subida de 32% face à projecção de gastos nesta rubrica para este ano (580,7 milhões) e mais 82% que em 2013 (421,5 milhões). Esta é a rubrica que mais inflacciona os consumos intermédios da Administração Central que em 2015 vão exigir 1,3 mil milhões, contra os mil milhões deste ano e os 799 milhões de 2013."

É muita massa. Muita mesmo...e a firma de Júdice, tal como outras, tem muitas bocas a alimentar. Lá fora, na Alemanha, França, Inglaterra e principalmente países nórdicos também é assim, não é?

Objectivo imediato: deslegitimar o poder judiciário e politizar o caso de polícia do recluso 44

Onde é que o poder judicial vai buscar a sua legitimação? Não é certamente ao voto dos cidadãos porque em Portugal os magistrados não são escolhidos em eleições.

O nosso sistema politico-constitucional, à semelhança dos demais países europeus consagra um modelo que não tem sido questionado. Mas nas últimas semanas temos assistido a declarações públicas de antigos e actuais  responsáveis políticos, principalmente do quadrante socialista-partidário verdadeiramente terroristas desse conceito fundamental da divisão de poderes e uma descarada manobra de deslegitimação do poder judicial que exerce as funções no quadro constitucional que temos.
Como se disse há cerca de dez anos no Congresso da Justiça ( em que se inseriu a Ordem dos Advogados que agora silencia os atentados diários de alguns dos seus sócios a este entendimento do Estado de Direito democrático): 

 O discurso legitimador do Poder Judicial insere-se na questão mais ampla que é a legitimação do Poder Político e mais, a legitimação do Estado de direito.
No Estado de direito o Poder Judicial não se apresenta como um entorse no seio do Estado e não se apresenta como uma concessão dos demais Poderes.
No Estado de direito democrático a existência de um Poder Judicial constitui elemento integrante e integrador da concepção democrática que deve estar na base daquele.
Se em democracia a legitimidade da constituição do Poder político advém, necessariamente, do voto popular, não se esgota neste todas as legitimidades sectoriais da soberania ou de outros poderes não soberanos.
Neste sentido há órgãos de soberania cuja legitimidade advém directamente do voto (caso do Presidente da República ou da Assembleia da República) há órgãos de soberania cuja legitimidade só indirectamente poderá advir do voto (o Governo) e há órgãos de soberania onde a fonte legitimadora não é o voto (os Tribunais).
Em democracia, em relação aos Poderes do Estado, constitucionalmente consagrados, não é possível falar de legitimidade democrática em relação a uns e não democrática em relação a outros. O mesmo seria dizer que num dado Estado de direito existiriam órgãos de soberania legítimos e órgãos de soberania ilegítimos.
3. A legitimidade originária do Poder Judicial deve ser encontrada directamente na Constituição que criou, definiu, enquadrou e delimitou o âmbito de actuação de tal poder. Assim como a legitimidade de cada um dos titulares do órgão de soberania Tribunal é dela recorrente na medida em que concede à lei ordinária a possibilidade de normativizar a forma como se deve fazer o recrutamento e nomeação dos Juízes (concurso público).



 As cartas, duas cartas, trocadas entre Mário Soares e o recluso 44, hoje publicadas no Jornal de Notícias são o exemplo mais flagrante disso e uma vergonha que a democracia que aqueles dizem defender não devia suportar sem o desprezo público.

A carte do recluso 44 datada de 7 de Dezembro destina-se a reactivar a " acção política pura e dura! como reconhece o jornalista que as transcreve. E a resposta de Mário Soares é uma ingnomía dirigida ao poder judicial nominado na PGR e no JIC. Uma pouca-vergonha de alguém que já foi o mais alto magistrado da Nação e que procura simplesmente desacreditar o sistema judiciário que temos e fundado, na sua essência e por imitação europeia continental,  precisamente por um seu correligionário, Almeida Santos.

O director do jornal do jornal, Afonso Camões, justifica a publicação com um editorial risível em que denota a sua posição política de indisfarçável apoio ao recluso. Afonso Camões é director do JN por isso, ou seja, por ser do "sistema" que lá o colocou. O JN é propiedade de uma empresa cujo presidente de conselho de administração é o advogado do recluso 44, Daniel Proença de Carvalho, profeta de perseguidos por um poder judicial independente do seu e no qual gostaria de mandar. 
Camões tem a lata irrisória de escrever que José Sócrates foi detido a 21 de Novembro, há 38 dias. Sem culpa formada, está preso preventivamente por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal".  Coisa de somenos para quem confessadamente votou no indivíduo...mas coisa de vulto para quem não sabe distinguir o que é a "culpa formada" numa situação do género.

A expressão ignominiosa "preso sem culpa formada" é bastarda e significativa porque provém directamente do argumentário da esquerda primária e "antifascista" contra Salazar e Caetano e um regime supostamente arbitrário nestas actuações de prisão "sem culpa formada". E a ideia transmite a mensagem clara e insidiosa: o recluso 44 é um preso político, desviando assim a atenção do essencial: o recluso 44 é um arguido de delito comum grave.
Como é que se contorna a dificuldade em obviar às evidências que todos os dias surgem nos media dos "pistoleiros do costume"?  Desligitimando o poder judiciário. 

Porntanto o director do JN, denotando uma ignorância suspeita, não  distingue sequer a semântica do conceito de acordo com a Constituição ( artº 27º) em que se admite uma excepção à prisão antes de julgamento ( ou seja, à da formação da culpa por via do poder jurisicicional próprio) e que é precisamente a prisão preventiva, aplicada segundo critérios em que avultam os da transmissão ao arguido dos factos que inculpam para esse efeito. Transmissão por escrito, verbalmente e com contraditório porque é para isso que serve o primeiro interrogatório judicial de detido.

Estas noções básicas de processo penal são,  aliás,  igualmente cilindradas no escrito vergonhoso de Mário Soares em que refere pateticamente que "prender-se sem julgamento prévio, alguém que veio voluntariamente para o seu país, sabendo que iria ser preso, significa um gesto que, se  houvesse justiça não podia ter qualquer razão de ser."

Mário Soares deve lembrar-se dos tempos em que sendo presidente da República deste pobre país que gente desta tem, fazia gato sapato das instâncias judiciárias, com os seus apaniguados por perto, nos mais altos cargos e é isso que lhe deve doer. Era o tempo do "fax de Macau" e das denúncias de Rui Mateus, desconsideradas por toda a gente nos lugares certos e nunca lembradas pelos directores dos jornais como o JN. Os tempos mudaram...


Agora há os jornais dos "pistoleiros do costume" que não embarcam facilmente em manobras deletérias de ocultação de verdades evidentes e claras como as manhãs que cantam.

O Correio da Manhã é um deles e parece ter orgulho nisso, tendo escapado ao controlo mediático que o recluso 44 tentou alcançar, desvirtuando para isso o Estado de Direito, quando era primeiro-ministro.  De pouco lhe valeu e se na altura lhe valeram os apaniguados nos sítios certos, agora é tarde. Os tempos mudaram...e nem sequer as crónicas de Marinho e Pinto, no mesmo jornal, pegajosas de parcialidade a favor do recluso 44, lhe podem valer porque contra factos os argumentos só valem se forem calados.
Como é que se explica razoável e logicamente que alguém tenha dado instruções  a um amigo para lhe comprar milhares de exemplares de um livro seu, com dinheiro que pertença a esse amigo e assim pedido emprestado?
Quem é o patarata que acredita que haja uma única pessoa em Portugal capaz de afirmar e garantir com seriedade e acreditando nisso que um pedido desse género denota apenas isso e nada mais?

Que um velho caquético de entendimento defeituoso o faça, vemos que todos lhe perdoam o afastamento da realidade. Agora que jornalistas, como o director do JN,  o façam também, colaborando activamente na deslegitimação apontada, só se encontra uma explicação e não é nada honrosa. 


Para melhor entendimento do contexto em que aqueles jornais de apoio ao preso político se encontram neste momento, este editorial de Eduardo Dâmaso no Correio da Manhã de hoje ajuda  a explicar.


domingo, dezembro 28, 2014

´Com a justiça à perna é só vesgos e obscenidades pela frente.

Correio da Manhã de hoje:
 

Resolutamente a Justiça está à perna de algumas personalidades do PS. Não por cabalas como no tempo da Casa Pia, mas apenas porque os tempos mudaram e a impunidade antiga parece não ter futuro assegurado como dantes.
Por esse efeito, movimentam-se as personagems e peões de brega, sempre prontos para as emergências e a lidar com os touros bravos que procuram amansar com ideias feitas a preceito.

Don Vesgo, personagem sombria deste PS é perseguido pela própria sombra de há uns anos para cá e por isso acoita-se no escuro para se livrar da maldição. A Justiça tem o Perna às costas e o perigo espreita a cada esquina.

Por isso, para grandes males, os remédios de sempre. Mudar de cenário. Por exemplo este que a sempre pronta Fernanda Palma, defende catedraticamente: prisões preventivas? Para quê?   E cita Kafka. Kafka é sempre lembrado nestas ocasiões de perigo para a oligarquia. Paradoxalmente, o perigo que Kafga inventou era mais para as pessoas comuns, o povo simples que se via oprimido por aquela...




Recordemos então que Kafka escreveu O Processo com um pressuposto: a verdadeira inocência de Joséph K. que acorda certa manhã, e, sem motivos conhecidos, é preso e sujeito a longo e incompreensível processo acusado de um crime que não lhe é revelado.

O paralelismo evidente que a catedrática pretende invocar é obsceno, mas é quase sempre esse o registo escrito desta catedrático de direito penal: a obscenidade intelectual derivada de uma defesa à outrance "dos seus".

O José S., recluso 44, não é o Joseph K. de Kafka, por muito que tal se apresente como alibi.  O "processo" é mais que transparente e o que se apresenta agora é o inverso do que sucedeu com o K. Agora, quem pretende esconder a verdade que grita e a Justiça que se impõe é quem já percebeu tudo, mas mesmo tudo e por isso mesmo esconde a Verdade ao povo, em nome da oligarquia de que faz parte.

É muito simples de entender o que Fernanda Palma escreve: obscenidades puras em nome de privilégios que a oligarquia de que faz parte receia poder vir a perder.  

sábado, dezembro 27, 2014

O maçónico Arnaut, a ética e a lei

Segundo se conta, António Arnaut, o maçónico de Coimbra que é pai ausente de um SNS bastardo, remeteu pelo correio um livro ao recluso 44. O livro foi devolvido à procedência pelos serviços prisionais, com justificação legal e à semelhança de outras ofertas remetidas ao recluso por via postal.
Segundo se informa, "o livro enviado pelo socialista António Arnaut a José Sócrates foi devolvido porque o remetente não era visita registada e porque o ex-governante excedeu o número de encomendas autorizadas, tendo sido devolvidas na primeira semana cerca de 40 encomendas.
A explicação foi dada hoje à agência Lusa por Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), a propósito de o Estabelecimento Prisional de Évora, onde o ex-primeiro ministro se encontra preso preventivamente, ter devolvido ao antigo ministro e ex-dirigente do PS António Arnaut o livro "Cavalos de vento" que este tinha enviado a José Sócrates."

O facto corriqueiro e de fait-divers não teria importância por aí além, tal como as restantes 40 devoluções não tiveram, não se dera o caso de o remetente ser o excelentíssimo histórico de um partido que mais uma vez caiu no ridículo e nem por isso se deixa morrer, reclamando contra um comportamento imposto pela  lei que os seus militantes aprovaram para  a República.

O golpe de misericórdia seria dado pela lei que tal impõe, assinada pelo próprio recluso quando estava como primeiro-ministro e chefe de um poder executivo a quem o poder legislativo concedia autorizações para legislar deste modo. 

O gravidade do ridículo é de tal proporção que o Arnaut devia cobrir a cara com uma serapilheira e pedir perdão pelas ignomínias à porta do ep de Évora. Ao seu director, claro está., Ao recluso 44 apenas devia recomendar juízo, para os próximos anos. Vai precisar disso. Muito.

O segredo é a alma das elites? Não. Só dos patrícios.




O advogado das elites, Rui Patrício, costuma escrever no i textos patuscos sobre assuntos  de justiça.
Hoje volta a carregar a pederneira com sal  grosso  de ironia difusa que se espalha  em carapuças com destino certo mas inominado.
Patrício, nessa armadilha de pôr nomes aos boys, não cai. Quer continuar a caçar com gato amestrado para poupar os ratos da sua estimação  e por isso dispara para a moita à espera que as carapuças se enfiem e não lhe estraguem a actividade venatória.
Como Patrício é da geração dos comics da Marvel, falhou a bande dessinée franco-belga da Lombard, Dargaud ou Dupuis, das décadas de antanho.É pena porque aprenderia mais do que através dos quadradinhos estereotipados na definição do bem e do mal para americano ver.
Se lesse aqueloutros,  de subtileza esmagadora para o preto e branco acinzentado da Marvel cheia de cor, poderia encontrar Lucky Luke, um improvável cowboy do tempo da conquista do Oeste americano.
Numa das suas inúmeras historietas aparece o temível Jesse James e a sua troupe de bandidos de opereta que operavam numa cidadezinha do mítico Texas .
 Jesse James era um bandido lendário e de má catadura que sendo tão real passou à história dos mitos.
À semelhança dos heróis bidimensionais de Patrício, a historieta  de Jesse James também não imita a realidade. "São dois  mundos  que vivem paralelamente, que não se tocam, nem sequer, muitas vezes, se conhecem entre si".

Senão vejamos: 

Em primeiro lugar a apresentação do bandido Jesse, auto-justificado em tirar aos ricos para dar aos pobres, de forma prosaica a assegurar sempre uma "inocência". "Rouba mas faz". É inocente porque sim e porque pode ser assim. Até prova em contrário é inocente e ainda nem sequer foi julgado...

( mais uma vez , quem quiser ler a historieta deverá carregar com o botão do lado direito do rato e ao abrir outra janela deve ampliar a imagem carregando segunda vez. A historieta é imperdível e não tem nada, mas mesmao nada de semelhante com a realidade...)


Depois a actividade dos "pistoleiros do costume", aqui caricaturados em agentes da Pinkerton, muito discretos e que guardam segredos como quem guarda cabritos órfãos: todos a balir e os pinkertom acusados de borregarem.


Por fim, um epílogo para esta historieta : o julgamento de um dos bandidos de operta, acusado de assaltar um combóio. É de antologia. Não se diz o nome do causídico, mas é um patrício, pelo colete, pela barba e pela verve. De opereta também.


 

terça-feira, dezembro 23, 2014

Nos anos cinquenta, em Portugal o Natal era uma festa religiosa...

O Natal nos anos cinquenta, em Portugal,  era mesmo de pendor religioso e não havia pai natal. Havia Menino Jesus.



 As boas festas eram dadas com ilustrações religiosas.


 Os brinquedos eram para a festa do Menino Jesus e até as "fábricas trabalhavam" em sua honra...

 O que mudou nestes últimos sessenta anos? Uma única coisa: o ressurgimento do jacobinismo da primeira República que eliminou a referência religiosa do país que era o nosso. Agora toda a gente tem vergonha de dizer algo "em nome de Deus". 

Isto parece-me um problema maior. "Major", como eles dizem...

Portugal, anos cinquenta, O Mundo Ilustrado.

Em Junho de 1953 apareceu em Portugal "uma revista para todos" chamada O Mundo Ilustrado.
Primeiro a preto ( ou castanho desmaiado) e branco e mais tarde com incursões tímidas na cor das capas.

No primeiro número a capa era um retrato a óleo da "senhora de Paulo Cunha", um professor muito do regime, então ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar.

À falta de um Norman Rockwell americano tínhamos um Henrique Medina. Nada mau. À falta de uma Saturday Evening Post semanal tínhamos este mensário. Nada mau.

Era assim o número um.

Com um sumário destes:

No número 11 de Maio de 1953 tinha esta publicidade:



No número de Natal de 1952 estas duas páginas mostravam  as obras na "alta de Coimbra" que reconfiguraram os edifícios da velha universidade, juntando-lhe outros mais novos,  até hoje.


segunda-feira, dezembro 22, 2014

Recluso 44: um caso de polícia que alguns teimam em passar a político.

No caso do "Marquês" o advogado do recluso 44 e outros advogados, mormente o vice-presidente da Ordem, Rui Silva Leal, andam a falar pelos cotovelos sobre um processo cujo dever de reserva em prestar declarações se lhes impõe e que obviamente não respeitam peranto o silêncio da Ordem dos Advogados.

Hoje, o Correio da Manhã titula na primeira página:

A questão do motorista do recluso 44 assume agora importância porque já foi proclamado pelo advogado de defesa do mesmo algo diverso do que o advogado de defesa do motorista agora vem dizer, segundo o CM. "Não é verdade que o carro só tenha saído uma vez de Portugal. Saiu várias vezes".

Perante este desmentido o que faz o advogado do recluso? Fala outra vez para reafirmar o que dissera antes:

O advogado de José Sócrates, João Araújo, reafirmou esta segunda-feira, em Évora, que o carro do ex-primeiro-ministro “nunca passou de Espanha” e considerou que “tudo o que têm contra” o antigo líder socialista “são aldrabices”.
“Reitero que o carro do engenheiro José Sócrates nunca passou de Espanha. É uma mentira. Tudo o que têm contra ele são aldrabices. Provas nenhumas, factos nenhuns”, afirmou.

Ou seja, temos  advogados a actuar como se estivessem no Brasil onde este tipo de comportamentos é de alguma forma normal na medida em que não há reserva de segredo de justiça.

A Ordem dos Advogados nada diz e nada faz.

A este comportamento de advogados soma-se a de políticos e  apaniguados do partido do recluso, enquanto governante. O CM de hoje enumera os que já passaram pelas visitas ao EP de Évora.


 Todos asseguram a inocência do recluso e alguns ainda vão mais longe.Um tal Campos de triste memória até diz que a prisão foi uma "bomba atómica sobre a democracia" e agora um tal Perestrelo diz coisas do arco da velha socialista.


De tudo isto há uma conclusão óbvia: as figuras gradas do recluso 44, todas de grande proeminência no partido Socialista apostam numa politização deste caso de polícia e não tem qualquer rebuço nisso.
Porque o fazem? É legítimo supor que têm interesse pessoal nisso e razões inconfessáveis para tal. A democracia para estas pessoas não passa de uma palavra. Tal como o outro- Ferro Rodrigues- sobre o segredo de justiça, estão-se a c. para tal.

domingo, dezembro 21, 2014

As origens do jornalismo de esquerda que temos

Neste ano em que decorre a efeméride redonda dos 40 anos de 25 de Abril de 1974 já se deram aqui várias amostragens do ar do tempo que passou.

Hoje, publicam-se quatro páginas da revista espanhola Triunfo de 31 de Agosto de 1974, altura em que o país vizinho ainda vivia sob a sombra do franquismo que, ao contrário de cá, os espanhóis não apelidam de "fascismo". A não ser os comunistas, claro está. Por cá, os comunistas conseguiram  implantar na linguagem corrente uma metonímia esforçada e passaram a designar o período do regime constitucional de Salazar/Caetano como "o fascismo". Praticamente toda a gente percebe, sempre que há referências ao "fascismo" que tal equivale a dizer regime de Salazar e Caetano.

O feito foi notável e único na Europa Ocidental e provavelmente a maior "conquista de Abril" dos comunistas e também socialistas que apadrinharam logo a designação, apesar de terem alguns "fascistas", vindos desse período,  nas suas fileiras militantes.

Portugal teria muito a ganhar na desconstrução desta linguagem nefasta e celerada mas enfim.

As páginas da Triunfo de Agosto de 1974 ajudam a perceber a razão do fenómeno: os jornais, antes de 25 de Abril pertenciam quase todos a entidades  capitalistas ( como agora, aliás), designadamente bancos. No entanto, as suas redacções compunham-se na generalidade de comunistas, cripto-comunistas e gente de "esquerda" tipo Baptista-Bastos ou Ferreira Fernandes, Maria Antónia Palla e uma miríade de outros que ainda emitem opinião na mesma frequência de onda.
Foram estes que moldaram o jornalismo nacional tal como o conhecemos e tal panorama já perdura há quase cinquenta anos. É obra.
As actuais escolas de "comunicação social" o que ensinam e quem são os seus professores? Gente de esquerda, antigos jornalistas que aprenderam com gente de esquerda e que mantém os traços ideológicos que lhe moldaram o espírito. Todos os dias em todos os meios de informação se vêem estas manifestações, desde as televisões do "militante nº1 do PSD" até aos jornais onde a dança de cadeiras só admite ideias cordatas com a ideologia dominante e o pensamento único prevalecente. 
Basta ver as principais personagens que redigem notícias nas tv´s e as apresentam para confirmar o fenómeno. Basta ver os programas de tv mais consentâneos. O  "5 para a meia-noite"  é um bom exemplo do que mudou no tempo e nada se alterou de essencial na ideologia. O seus protagonistas de valor estão já a ser aproveitados para continuar o "regime" ideológico, com o sucesso que surge dos contratos de publicidade ( gatos fedorentos e quejandos) e outros exemplo se poderiam enunciar.

Toda a idiossincrasia dos media nacionais actuais já se encontrava em gestação há mais de quarenta anos, como escreve o repórter espanhol. Logo a seguir ao golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 houve  muito poucos "saneamentos" na imprensa, rádio ou tv que não era considerada porta-voz do regime,  por uma razão prosaica e pouco referida:  " a imprensa portuguesa era conservadora mas feita por jornalistas progressistas", segundo o resumo do esquerdista Fernando Cascais, à revista espanhola. Magnífica síntese de uma perfeição tradicional: pensar progressista dentro de um quadro tradicional que não se abandona é o ideal, porque permite a "evolução na continuidade". 
Hoje em dia tal paradigma não existe e o que se vê é muito pior que naquele tempo. Ou não é?



Marques Mendes fuma mas não inala...

Observador:

O ex-presidente do PSD Marques Mendes garantiu este sábado que não pediu favores ao ex-presidente do Instituto de Registo e Notariado (IRN) para desbloquear dois casos de vistos de residência, mas admite que possa ter sido escutado porque ligou, de facto, a António Figueiredo mas só para um pedido de informação.
Marques Mendes aproveitou, mais uma vez, o seu espaço habitual de comentário na SIC para desmentir notícias que o referem diretamente. Neste caso, a TVI noticiava que tinha sido apanhado nas escutas da operação labirinto, ao caso dos vistos gold, a falar com António Figueiredo a pedir-lhe favores.


Este Mendes não tem vergonha nenhuma. 

sábado, dezembro 20, 2014

Anda, Pacheco! É esse o bom caminho...



Pacheco Pereira, o articulista do Público e comentador da SIC-N, propriedade do militante nº1 do PSD, cronica hoje no jornal a sua indignação (postiça?) pelo locupletamento da família Espírito Santo à custa do BES, RERT e outros acrónimos que esqueceu, como por exemplo Mota-Engil, Ascendi, Gebalis, etc.

O cronista Pacheco atira a tudo o que mexe com a probidade exigida nos negócios públicos e faz muito bem. Miseravelmente esquece o princípio sempre que se encontra face a face com Jorge Coelho, na tv a discutir estes mesmos assuntos. Este repescado para a Quadratura do Círculo na SIC-N, propriedade do militante nº1 do PSD, como o Público é propriedade do mecenas Belmiro, foi comentador inicial e quando se afastou para gerir a empresa privada, teve os mais elevados elogios deste Pacheco.
Agora que regressa e depois de se saber o que fez- agenciar negócios para a empresa privada, por causa dos conhecimentos públicos que obteve- tal não provoca o mínimo sobressalto ético a Pacheco.
Quem tal provoca é a família Salgado que empochou alguns milhões das comissões do negócio dos submarinos, liderado pelo primo Sacadura do Coelho, com suspeitas que alguns tenham sido desviados para "alguém".

Pacheco lamenta não se ter descoberto o nome do "alguém", mas poderia perguntar ao colega de mesa da Quadratura, numa próxima oportunidade, como é que estas coisas se faziam no tempo dele que já vem de Macau e poderia aproveitar para lhe perguntar se não tem vergonha na cara para estar ali.
E podia lembrar os leitores esquecidos de quem é a responsabilidade pelos RERT´s salvíficos que aconchegaram cá dentro os milhões lá de fora, desde o ano de 2005, data do primeiro.  Há um certo Bagão que agora, sempre que lhe tocam na pensão,  chora baba e ranho na mesmíssima SIC-N, a convite da sábia e que poderia esclarecer muito bem a filosofia dos RERT que Pacheco agora refere como "um presente excepcional para os Espírito Santo". E já agora para os Carlos Santos Silva, presumíveis testas de ferro de alguém que Pacheco se recusa a comentar por causa da "presunção de inocência". O Salgado  não tem direito a tal doce e daí que Pacheco lhe afinfe.

A crónica de Pacheco é um bom exemplo do estilo deste apaniguado da Impresa do militante nº1 do PSD e por isso recebe mais do que aqueles que trabalharam no processo dos submarinos: falar do que lhe interessa particularmente,  desviando atenções de quem interessa a todos. 

Pedro Adão e Silva, o democrata das elites do poder

Pedro Adão e Silva, sociólogo tipo ISCTE, associado ao PS, comentador da Impresa de Balsemão, assina hoje no Expresso uma crónica de sarjeta, como diria o outro sociólogo célebre do largo do Rato.

Esta:


E porque é de sarjeta? Por causa do que vem escrito nesta crónica, publicada ontem, da autoria  de um antigo director do Expresso, agora a dirigir o Sol.



Este Anão e Silva é useiro e vezeiro neste tipo de escritos em que exalta as virtudes democráticas da elite que lhe é próxima desde nascença ( é filho de uma advogada ligada ao regime socialista) e esquece que o país não é propriamente o que se vê do ISCTE.

Este mesmo Anão e Silva já disse há uns meses , mais concretamente em Agosto passado que " persiste um poder em Portugal que não se democratizou. Chama-se Ministério Público".

Esta afirmação singular parte de um indivíduo que priva com observadores de luxo da realidade política porque nela participam e uma afirmação deste teor reflecte um ponto de vista que é apenas anti-democrático e atentatótio da  liberdade dos cidadãos, ao perverter o princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei. É o mesmo princípio defendido pelo célebre Proença de Carvalho. 

O que será isso de democratização do MºPº? Serem os seus magistrados eleitos, como nos EUA? Serem as suas cúpulas escolhidas por outro método que não o actual? Serem as suas prerrogativas alteradas em prol de uma ligação mais "orgânica" ao executivo, como acontecia informalmente no tempo de inenarrável Pinto Monteiro?  Será isso?

 Tudo indica que sim e os motivos de tal apreensão democrática de quem de democracia tem aquela ideia aristocrática, está à vista: este Ministério Público prendeu o patrono da bandalheira em que aquele Anão e Silva representa um papel, de farsante, nos media de um inenarrável social-democrata, titular do cartão nº1 de militante de um partido que ajudou a fundar, está no poder e todos os dias é atacado nos seus media...  

Com um Ministério Público verdadeiramente democrático e portanto obediente às ordens da democracia que aquele defende, ou seja, a partidária, tudo o que sucedeu ultimamente ao líder espiritual da renovação dessa elite democrática, tinha ficado no tinteiro seco das impressoras ou até na memória virtual dos computadores dos magistrados. Alguém se encarregaria, democraticamente, de tesourar cirurgicamente qualquer ordem de intervenção nessa democracia de elite. 


Este Anão e Silva ainda consegue espaço de opinião para dizer estas enormidades anti-democráticas com o ar mais seráfico porque a Impresa de Balsemão assim o quer.

As perguntas socráticas do Expresso



O Expresso publica hoje as perguntas que queria fazer ao recluso 44 e não fez porque as autoridades judiciárias a tal se opuseram.
Conta ainda que intentou "ontem" uma acção, melhor uma "intimação" com vista a anular a decisão ( judicial? Administrativa ? Do juiz ou do funcionário administrativo das prisões? Não diz, mas percebe-se que é administrativa).
Mas já nem precisa. A partir de hoje, as perguntas são públicas e quem quiser as pode fazer chegar ao recluso 44 que assim poderá escrever outra carta a vermelho ou rosa carregado e responder tranquilamente às mesmas.
O Expresso levanta agora a bandeira rota da sua liberdade de imprensa e do direito sagrado do  acesso às fontes como se isso fosse a última vaca sagrada que se respeita.
Desde quando é que o Expresso reivindica esse direito de acesso às fontes? O recluso 44 quando era Pm dava-lhes acesso a todas as fontes? E alguma vez intentaram intimações judiciais para tal?  
O Expresso continua o mesmo, à imagem e semelhança dos seus actuais directores, ambos cretinos e ambos pró-socialistas. Basta ouvir os comentários na Antena um do Nicolau do laço e as inenarráveis tiradas televisivas do outro para entender. 

Vejamos o  conteúdo das perguntas para perceber se eram mesmo perguntas ou apenasammais uma variante do "método socrático" em que o Expresso se especializou ao longo dos anos com a ausência de verdadeira investigação jornalística quando a mesma era importante, relevante e essencial, relativamente à actividade político-governativa do agora recluso 44. 

Neste método de perguntar, ensinado pelo Sócrates de Atenas, as perguntas são meios de conduzir o aluno a responder em conformidade com o que se pretende seja a resposta correcta. Ou seja, tudo o que o Expresso sempre desejou, desde o início, ou não fora o seu director Costa uma espécie de  apaniguado indirecto do antigo PM que lhe empregou a mulher ( Cláudia Borges foi consultora de comunicação do gabinete de Ana Jorge, ministra da Saúde em 2008, com um vencimento calado, o que deveria ser motivo suficiente para abandonar a direcção de um jornal). 

Assim, quando o Expresso pergunta  coisas que já foram perguntadas no interrogatório judicial e a que o mesmo jornal alude, tendo conhecimento do mesmo, ( eventualmente através de falsa "fonte judicial" porque devem resultar de documentos já em circulação por diversas pessoas e extraídos dos autos para diligências diversas como os mandados de detenção,  as buscas e a apreciação de recursos, etc) não espera certamente respostas diversas daquelas que já conhece.  Espera sim que o entrevistado adorne melhor as respostas,  justifique melhor as eventuais contradições e esclareça ainda mais a sua "inocência".O Expresso, no fundo apenas quer fazer um frete ao recluso 44 e isso parece claro através do tipo de perguntas expostas.
Quando o jornal pergunta se o recluso 44 sabe quanto recebeu de Carlos Silva já sabe de antemão a resposta que foi dada no interrogatório judicial e que aliás o mesmo jornal publica hoje em manchete: "Sócrates admite não saber quanto recebeu de Carlos Silva".  Pergunta retórica, portanto e inútil a não ser para o aperfeiçoamento do "método socrático" e a resposta conveniente. 

Todas as perguntas essenciais colocadas por este método socrático ao aluno recluso poderiam ter sido feitas antes, muito antes, na realidade desde que outros órgãos de informação relataram suspeitas de investigação criminal ao agora recluso e que mencionavam expressamente os nomes e factos aludidos.  Porque não foram? Nem é preciso perguntar porque o Expresso não responde. Censura. Omite. Internamente. Auto-censura-se. E percebe-se bem porquê.Não estão em causa os jornalistas das perguntas que suponho as poderiam fazer muito mais cedo. Está em causa a direcção deste jornal que aparece sempre como "referência" neste país cujas referências são estas. Ricardo Costa e Nicolau Santos, referências do jornalismo nacional! É assim,  não é?

Ao tempo em que as perguntas deveriam e poderiam ser colocadas, ou seja há longos meses, Carlos Silva já era apontado como amigo; a empresa Octapharma era conhecida como fonte do rendimento declarado; as notícias sobre os empréstimos duvidosos eram conhecidas desde que o Correio da Manhã as divulgou logo em finais de 2011. O apartamento de Paris era conhecido.  A relação com Lalanda Castro era conhecida como ainda haverá outros aspectos deste relacionamento por descobrir mas que o Expresso não pretende saber. Por exemplo, o relacionamento com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e que também se pode ligar por notícias que nem aparecem agora.
Essa investigação, tipicamente jornalística, o Expresso nunca a fez, como nunca fez a investigação tipicamente jornalística e ao alcance dos meios disponíveis, para saberem o que aconteceu ao Sol ( com o seu anterior director, José António Saraiva)  ou no caso Face Oculta, quando se tornou evidente o que o antigo PM andou a fazer para alterar o Estado de Direito. Alguma vez o Expresso se preocupou com a "liberdade de imprensa" nesta altura verdadeiramente ameaçada? Não.
Por exemplo, o caso do "bijan" em que o então "prime minister of Portugal" manchou o nome do país numa montra de apparel de luxo, em Los Angeles. O Expresso nunca soube disto? Achou normal? Os jornalistas que agora fazem perguntas nunca quiseram saber disso? E porque não perguntam agora, com que dinheiro o então "prime minister of Portugal", pagou para deixar a mancha vergonhosa na montra de tal loja, impunemente? 

 Por motivos que me parecem óbvios, o Expresso não procura a verdade de factos que conhece. Procura apenas o efeito jornalístico que se aparenta a tal e lhe permite aparecer como se fosse um paladino da liberdade de imprensa que não pratica, porque censura internamente. Não precisa de Exame Prévio, porque o auto-exame é suficiente. Sempre foi assim, desde 1973. Contam-se pelos dedos da mão, ou sequer pelo mindinho, as investigações jornalísticas que o Expresso desenvolveu ao longo destas décadas para descobrir por motu proprio fosse o que fosse que mexesse no regime.  Tudo o que lhes interesse é a panhache da entrevista, a mancha de primeira página com informações sopradas pelas toupeiras ou o puro jogo da manipulação política. Sempre foi assim e assim continua a ser.
Investigação a sério, separada da judicial, com entradas firmes no mundo da corrupção politico-partidária ou apenas  indagações com suporte factual, não há no Expresso e nunca houve.
Para não ser injusto fui consultar os "anuários" do jornal, destas décadas.  O dos 15 anos, de 1987; o dos 25 anos, de  1998, dos trinta anos, de 2004 e o dos 40, deste ano.
Tirando uma investigação jornalística sobre o assassínio de Humberto Delgado, em 1977 que mais houve? Pouco ou nada. Nem sequer em relação ao caso das FP25, em meados dos anos oitenta, o jornal foi alguma vez mais longe que as autoridades judiciárias.
Tal como Jean Paul Sartre dizia ao mesmo Expresso em 5 de Abril de 1975, " a imprensa porruguesa de um modo geral não me parece muito boa. Ela não explica nada."  Continua a ser verdadeira tal afirmação e ainda está pior que naquela altura de há quase quarenta anos, apesar das escolas de jornalismo onde parece que os professores são antigos jornalistas que...nada explicavam.
 
Os casos Melancia-fax de Macau, Costa Freire, Leonor Beleza, corrupção com verbas da Europa? Nada que outros não fizessem melhor e primeiro.
Na última dúzia de anos, o jornal contribuiu alguma coisa para a melhoria do país em termos de percepção da corrupção institucional?  Pouco ou nada e de resto contribuiu para a farsa que foi todo o consulado de José Sócrates e a tragédia que se consumou com a bancarrota de 2011.
Houve uma coisa em que se distinguiu: na denúncia do caso Ongoing porque afectava o patrão, outro inenarrável  e com base em informações de toupeiras dos serviços secretos serviu o patrão em vez da verdade. 
Quanto a José Sócrates como governante serviu para evitar isto que agora se vê e o jornal percebe perfeitamente a não ser que sejam todos uma cambada de imbecis ( o que às vezes parecem , como agora com estas perguntas...)?
Pouco ou nada. Aquando do caso da licenciatura do dito, vergonhosa inacreditável e inenarrável, o jornal liderou alguma investigação ou foi a reboque dos demais, anunciando até pretensas campanhas negras, através dos seus comentadores avençados tipo Adão e Silva e quejandos?  
O jornal, ao longo de décadas preocupa-se apenas com um assunto: política partidária dos vários partidos de poder. Tão só. MFA, Sá Carneiro, Eanes, Soares, Sampaio, Cavaco, Guterres,  e tutti quanti que  fazem parte desse mundo. Manobras de bastidores, jogos florais, entrevistas e tem sido assim. Ir ao fundo das questões com comentadores que não encham apenas papel? Não há disso.

Assim, as perguntas de hoje são apenas o corolário deste jornalismo de caserna política.  Não procuram atingir qualquer verdade essencial, esperavam que o entrevistado desse as respostas convenientes que aliás já foi dando e quanto aos aspectos de pormenor como seja por exemplo o de perguntar se sabia que o amigo CSS tinha 23 milhões na Suíça, a pergunta é tão imbecil que até dói a imaginar a resposta. Tal como a de perguntar se no almoço com Pinto Monteiro falou sobre a investigação que corria contra si.
De resto quanto às perguntas sobre as circunstâncias da detenção  ou os que estão  intimamente ligados aos processo, o recluso nunca poderia responder e alegaria sujeição ao segredo de justiça. E se respondesse, violando o dito, seria sempre para mentir.  Ou seja, fazer o jogo de quem pergunta.
É para isto que o Expresso existe e quer fazer valer os pergaminhos pomposos da alegação sobre a liberdade de informação e o inalienável direito de acesso às fontes?

Se é, porque é que não as procurou quando o podia e devia fazer? Porque é que sempre omitiu aos leitores os aspectos mais tenebrosos das suspeitas que rodearam os governos do agora reclusoo 44?
Essa é que é a liberdade de informação que defendem? A de protegerem os seus?
Se é, podem limpar as mãos à parede forrada a jornais das últimas décadas.

O Público activista e relapso