quarta-feira, abril 01, 2015

25 de Abril de 1974: o caldo entornado

Depois do levantamento de rancho promovido pelos militares no dia 25 de Abril de 1974 o caldo entornou-se de vez nos dias e semanas a seguir.

Lá vai mais uma série de recortes para se perceber o ar do tempo que passou e que não volta mais. Nos livros não vem isto e as pessoas têm a memória curta.

A Capital de 29 de Maio de 1974. Notícias sobre a ida de Marcello Caetano e Américo Tomás para o Brasil. 


Autorizados pela Junta de Salvação Nacional, numa decisão muito criticada pelos partidos de esquerda que queriam julgar ambos por diversos crimes não previstos em leis penais. O crime era o de serem "fascistas"...

O Diário Popular de 21 de Maio de 1974 mostrava o repúdio pela ida dos fascistas para o Brasil...



No mesmo dia aparecia a notícia sobre as intenções do Sombra do regime em acabar com as nossas possessões ultramarinas. Claro mais claro não pode haver...
Por outro lado, nesses dias faziam-se as contas sobre o número de "pides" que entravam na grelha. 


Naquele número da A Capital mostrava-se como foi interessante a transição para esta "democracia": o PDC dizia-se de esquerda, quer dizer centro-esquerda e até referiam "o povo que durante 50 anos viveu na obscuridade implantada pelo fascismo".`É verdade, faz parte do programa do partido...que poucos meses depois foi considerado...fascista. Ora toma!


Almeida Santos andava numa fona...a prometer o futuro de um governo de baixo para cima. É o que passou a existir em Angola depois da passagem deste Sombra da democracia: um governo em que os de baixo, aos milhões e pobres como sempre foram, olham para os de cima carregados de milhões. Obra prima destes Sombras.


Entretanto o Diário Popular de 29 de Maio mostrava como os artistas lidavam com as estátuas incómodas.

E Mário Soares, falando da "grande burguesia" ( um deles deve ser o Espírito Santo que no outro dia defendeu publicamente...)  a dar os primeiros passos na "descolonização exemplar"...na parte final está o teor das declarações polémicas que permitiram a alguns afirmar que Mário Soares lavava as mãos se os  antigos colonos fossem atirados aos tubarões.

O Federalismo, ilusão de alguns dias de muitos autóctones era coisa com pouco valor de troca.


2 comentários:

Unknown disse...

Uma achega para a discussão sobre os anos finais do Estado Novo, no blog conjunto dos oficiais de um dos cursos da Escola Naval da década de sessenta.

http://blogueoc.blogspot.pt/2014/09/quem-diria.html


Quem diria!

Março de 1966. "Sr. Comandante, e os militares conseguem ganhar esta guerra?". " O papel dos militares não é ganhar a guerra mas simplesmente dar tempo aos políticos para resolverem a situação de forma racional".
Seria isto a resposta de algum oficial com pensamento de esquerda antevendo já uma intervenção na situação vigente? Não, foi a resposta de Alpoim Calvão a uma pergunta de um instruendo durante uma aula de Estratégia do curso de Fuzileiros Especiais. Quem diria! Será que na altura havia alguem mais capaz de o dizer?

Floribundus disse...

um dia ia destraído na rua e o meu avô disse-me
'dá a salvação ao Sr. X'

constou que o militar que recebeu AT e MC na Madeira terá dito
'MC mijou-se nas calças.
AT, não! fiquei na dúvida se foi da próstata ou do facto de ser militar'

época de assalto, saneamento e destruição para tudo o que mexia

nunca pensei que houvesse tanto palerma a todos os níveis

'de repentemente' todos eram de esquerda
parecia o 'isquerda volver!'

na tropa ensinaram que ser militar era um 'modo de vida'
modo de morte era para o zé polvinho

são como os que falam de aumento da natalidade e usam anticoncepcionais

este 'manicómio em auto-gestão'
será sempre um 'local mal frequentado'

O Público activista e relapso