segunda-feira, abril 13, 2015

Salazar e o salazarismo: o epitáfio de Franco Nogueira

O Salazarismo morreu com Salazar, escreveu Franco Nogueira, no prefácio ao vol VI, o último da sua biografia sobre aquele. "O génio não se transmite por herança" e talvez um dia destes apareça outro génio em Portugal, esperava o mesmo.

Nos últimos 40 anos não se vislumbraram pessoas com tal capacidade, na política. Ou noutras áreas, já agora. Sobraram-nos os engenhosos e os videirinhos e por isso o espaço mediático é o espelho do país.
Infelizmente a "estirpe" dos génios não existe e muito menos os rebentos de genialidade brotaram em Portugal, com frequência. Temos por isso gente comum e quem mais se assemelhar àqueles será o melhor. 
Nas próximas eleições despontam já os candidatos, mas basta percorrer de memória os "vultos" disponíveis para aborrecer sequer escrever sobre tais "génios".

Então para quê falar de Salazar e lembrar o que fez? Por uma razão simples: perceber quem fomos e quem somos. Como mudamos e porque mudamos enquanto povo, se alguma mudança ocorreu, porque há quem diga que nada de novo sucedeu nestes 40 anos, quanto ao povo.
Se assim for, resta esperar por um sebastião genial que apareça e nos salve da irrelevância.
Mas há outro modo de encarar o futuro, mais esperançoso e menos fantástico: lutar para que a herança de Salazar possa ter alguma utilidade, mesmo estando malbaratada e enterrada no pó da terra do cemitério do Vimieiro.
Há apesar disso registos, documentos,  factos e fotos, nomes e figuras que ajudarão a perceber o que éramos. Mesmo relativamente pobres de bens e riquezas, percebermos como éramos espiritualmente.
Será essa a "estirpe dos antigos"? Se se quiser dar esse nome a algo que regurgita apenas da imaginação e dos mitos, até pode ser. Importante seria entender que estirpe seria essa e quem a representou melhor, para além dos tais génios que surgem irregularmente.

Por agora aqui ficam as primeiras páginas daquele volume que são o epitáfio do salazarismo, ao mesmo tempo que ajudam a perceber melhor esse fenómeno.


E fica uma pergunta: como é que " a viragem" começou, logo em 1964? A resposta, já a seguir.

5 comentários:

Anjo disse...

Não há dúvida de que Franco Nogueira parece bastante lúcido, ao apelar a uma análise histórica e despojada dos factos. O que diz indica-nos que não escolheu o tom apologético nem quis seguir os caminhos da hagiografia. Fica-se, desde logo, com alguma confiança quanto ao valor histórico do que relatou e à sua idoneidade e isenção como relator.


"... e como resultado de todo esse admirável clima de liberdade, de segurança, de respeito pela cultura e pela história..." - foram certamente tempos terríveis. Que moralidade terão os abrilistas para falar das práticas do anterior regime, da censura e das perseguições políticas?

E sim, basta mencionar o nome do estadista para (infelizmente ainda) muita gente começar a salivar pavlovianamente ou a dar mostras de uma estranha forma de embotamento cognitivo. Que diacho de coisa!

josé disse...

Exactamente. Isto que por aqui vou fazendo é quase clandestino em relação ao sentimento geral.

Amigos meus, pessoas evoluídas acham que isto por aqui é fascismo puro, do pior.

Só por se falar do Salazar.

muja disse...

Pois José, mas deixe lá porque também amigos meus, pessoas que considero evoluídas, não acham o mesmo.

Será dos tempos? ehehehe!

Ah! E não são salazaristas descabelados!

José disse...

Espero sinceramente que isto evolua e ao fin de dezenas de anos se conheçam os factos e os nomes. Nas tv´s.

Mas não é da SIC que espero qualquer evolução.

Floribundus disse...

'mal acomparado':
quando morreu D. José deu-se imediatamente a 'viradeira' e o marquês de Pombal

saiu pela porta do quintal

porque os inimigos não perdoam

ficarão para sempre
a Igreja da Memória,
o Chão salgado onde se esmigalharam os Távoras
os Marqueses de Alorna (forte próximo de Goa)

'tubi or no tubi'

'cheguei nu, parto vestido!'

O Público activista e relapso