quinta-feira, outubro 12, 2017

Os jornais e a acusação no processo Marquês

O modo como os principais jornais de hoje noticiam a acusação aos arguidos do processo do Marquês é exemplar do jornalismo caseiro.
Depois de ser conhecido o teor do despacho final no processo seria natural que os jornalistas procurassem o maior número de informações possível para dar aos leitores o que os mesmos procuram nos jornais: relato de factos com interesse para se entender o que ocorreu. Tal passará para além do que já se conhece e pela publicação de partes desconhecidas ou menos conhecidas dos factos recolhidos no inquérito e que estejam nesse despacho final.

Quem cumpriu tal tarefa no dia de hoje, tendente a procurar vender mais jornais?

O Diário de Notícias parece que não precisa disso. Dá quatro páginas ao assunto ( na página 2 um "editorial" de Proença de Carvalho que nem toca no assunto)  e elenca uma mera cronologia com infografia que convida a passar as páginas. Uma porcaria, portanto.

O Público faz quase o mesmo, uma vez que o incentivo para fazer melhor é idêntico. Enquanto houver um pato da Sonae para pagar salários, a troco de paz social nas mercearias e afins, deixam correr o marfim...

O i tenta um ângulo obtuso na análise e adjectiva demais ( na capa fala em "padrinho" referindo-se a Sócrates, o que além do mais é errado. Padrinhos foram outros...este Sócrates foi apenas um dos afilhados a quem entregaram a chave da loja)  sem mostrar que tenham verdadeiro interesse e pouco se distingue daqueles, a não ser no editorial ressabiado, mas compreensível:



Quem informa verdadeiramente o que interessa é o Correio da Manhã. Nas 22 páginas, contando com a primeira, aparecem factos curiosos e estes dois, abaixo mostrados, são reveladores do carácter pindérico deste Inenarrável   que esteve à frente dos destinos de Portugal durante anos a fio, sem controlo real de ninguém, nem mesmo dos seus mais próximos colaboradores, entre os quais o actual primeiro-ministro.
Este fenómeno,mais que outros, mostra o estado de verdadeira corrupção em que nos encontramos, ainda hoje.
Ontem na tv, um advogado chamado José Miguel Júdice, dizia que se tudo isto for verdade é algo de gravidade inaudita, ou coisa que o valha. Júdice pareceu-me uma virgem ofendida, daquelas que aparecem nos romances, como personagem de ficção.




ADITAMENTO em 13.10.17:

O CM de hoje publica mais 14 páginas com factos e notícias do processo. Na última página escreve que o Inenarrável vive uma vida de luxo no Parque das Nações. As despesas ultrapassam a pensão declarada mas ninguém se incomoda.

Estes dois factos, porém, chegam para chamar a atenção das personalidades que andam por aí a falar nas tv´s e que se isto acontecesse com Passos Coelho já os anões e silva todos tinham vindo à liça com resmas de papel impresso e horas de debates à ilharga para denunciar o "neoliberalismo" e a corrupção no Estado. Assim, limitam-se a esperar cinicamente pelo desfecho e pelas "provas clarinhas" como disse ontem outro que tal na tv da quadratura do círculo, de seu nome Jorge Coelho, queijeiro em Contenças.
Segundo este relato não há dúvidas de um facto: José Sócrates tinha um motorista ao seu serviço ( quem é que tem estas mordomias? O Passos tem?) . Pagava-lhe pouco mais que o salário mínimo, declarado no Fisco e na Segurança Social. Porém, pagava-lhe outro tanto "por fora", ou seja, sem descontar para o Fisco e a Segurança Social.

Por causa da Tecnoforma que nem sequer tem comparação com isto, os cerejos todos de Portugal mais as artsy artsy do jornal Púclico e afins, indignaram-se e escreveram laudas de vitupérios ao comportamento do Passos que afinal se averiguou nada ter de ilegal.

Pois neste caso escreveram zero. Zero, em comportamento, por isso. E isto é um crime aqui evidenciado, de fraude fiscal, doloso porque não pode ser de outro modo, neste caso.

Há pessoas condenadas em Portugal por factos menos graves que este, simples, aqui explanado para todos lerem. Nem é preciso ir à corrupção.


A circunstância de um ex-primeiro ministro, de governo com maioria absoluta e com os rabos de palha que se lhe conhecem há anos também não desarmam os anões e silva que por aí pululam, no Expresso, no Público, no Diário de Notícias e noutras locas infectas.

O tipo vivia notoriamente acima das possibilidades. E daí?,  perguntam eles, tirando apenas a ilação política de que lhe ficava mal e agora dá mau aspecto...mas o resto, nicles. Não concluem nada, porque precisam de "provas clarinhas" como dizia o de Contenças, o rei dos chico-espertos de Portugal.

Nem lhes incomoda o que diz e escreve o editorialista do CM: somos nós quem paga isto tudo. Os que pagam impostos, directos e indirectos. E não incomoda por uma simples razão: também beneficiaram do esquema. Directa ou indirectamente.
O de Contenças foi para a Mota-Engil, lutar pelos TGV´s e pelas auto-estradas em triplicado e coisas que tais. Os outros, contentaram-se com avenças.

Quanto à dona Lourenço, antiga apparatchick de Sócrates e do PS, na SIC , anda agora a convidar o ilustrérrimo advogado Manuel Magalhães e Silva, co.fundador do PS, para debater estes magnos assuntos e dizer mal do Ministério Público de que aliás faz parte ao mais alto nível, o CSMP.

E para terminar uma crónica de Joana Amaral Dias, no CM de hoje que denota algo simples: é fácil enganar muita gente durante algum tempo; pouca gente durante muito tempo mas ninguém o tempo todo.

Esta cronista, antiga bloquista, já percebeu, mas ainda há muita gente que não quer perceber e julga que as explicações sobre "empréstimos" são eficazes como prova de inocência.

Questuber! Mais um escândalo!