segunda-feira, março 11, 2019

A ideia feita já se instalou...

Observador, Luís Rosa:

1. A violência doméstica é um tema que se arrasta há mais de 10/15 anos sem solução à vista. Desde há muito que é público e notório que existe na magistratura portuguesa, mormente judicial, um grupo ultra-conservador minoritário que desvaloriza em acórdãos deploráveis as agressões físicas devidamente comprovadas de que são vítimas sucessivas mulheres às mãos dos seus conjugues — tudo em nome de crenças religiosas ou de preconceitos de género mais próprios do salazarismo do que da democracia. Isso deve ser duramente combatido, sendo a censura social dos acórdãos do desembargador Neto de Moura um dos melhores exemplos dos últimos anos de uma sociedade civil informada e envolvida na vida da comunidade.

Nada disto é novo, infelizmente. Tanto não é novo que, sob pressão da sociedade civil, o Conselho Superior da Magistratura e a Procuradoria-Geral da República têm fomentado ações de formação concretas juntos dos magistrados desde há vários anos, como o próprio Centro de Estudos Judiciários (a escola de juízes e procuradores) tem reforçado os respetivos curriculum para aprofundar a formação dos candidatos a magistrados. Isso, contudo, não chega. É preciso fazer muito mais.

As afirmações supra elencadas são gratuitas, sem fundamento que não seja a mera percepção de uma realidade que o escriba evidentemente não domina. 

Mandaria o módico de bom senso que não as fizesse, mas fica bem este tipo de discurso de quem não sabendo do assunto se dá ares e assim passa por  connoisseur e que sabe da poda. 

Não sabe e isto é mais uma opinião portanto não é uma notícia que seria falsa. Mas é assim que se propagam e a partir de certa altura esta percepção da realidade passa a ser a própria realidade. 


Sem comentários:

O Público activista e relapso