O juiz Neto de Moura achou agora por bem dar uma entrevista ao Expresso. Depois de ser ver aniquilado por uns borra-botas do humor caseiro e com a carneirada toda de comentadores armados em dâmasos salcedes, Neto de Moura surgiu no espaço mediático do Expresso.
Na semana passada o seu advogado anunciou, estupidamente, a intenção de instaurar processos a eito a tudo o que mexeu na honra do desembargador. Erro fatal! Teria sido muito melhor estar calado nesta altura e quando os instaurasse ver o efeito...assim o que viu foram mais achas para uma fogueira que acabou por se atear aos fundamentos do poder judicial, ou seja ao poder de julgar em consciência segundo a lei e o direito. E em nome do povo que a canalha identifica com humoristas de chalaças de mau gosto. É esse o povo que se manifestou...
Isso que o juiz Neto de Moura a meu ver sempre fez bem, comparativamente a outros que vejo e leio por aí, foi adulterado, pisado e retorcido por luminárias do género do seboso Rosas, um historiador de paróquia esquerdista que ontem na tv se deu ao luxo de dizer que o juiz não cumpriu a lei! Pasme-se! O que sabe esse seboso de leis para além dos preconceitos ideológicos que lhe fizeram dizer que a magistratura continua pejada de patriarcado conservador?
Enfim, vamos à entrevista do juiz, mais uma vez infeliz em algumas passagens escusadas. Não tinha nada que dizer qual o seu credo político, mas como é de esquerda achou que ficava bem e apaziguava o ambiente. Se dissesse que era de direita o que lhe aconteceria? Linchado outra vez? Nem por isso uma vez que já o foi. Seria profanado.
Há pouco ouvi o noticiário da Antena Um. Pegaram-lhe logo por aí e pela afirmação de que afinal aquelas duas decisões em que foi relator não eram "particularmente graves", o que aliás se torna evidente ao ler os acórdãos.
Ainda disseram publicamente que o juiz tinha sido corrido do lugar pelo CSM mas não se conformava tom tal. Tudo errado, tudo fake, mas passou a ser notícia verídica ara muitos que não entendem e tomam esta percepção como a realidade mais pura.
Assim, esta canalha mediática, estes cães raivosos da actual inquisição de fogueira mediática e pelos vistos de "redes sociais" vão morder outra vez a figura do juiz e roer-lhe os ossos sociais de uma dignidade profissional de que foi despojado.
O juiz Neto de Moura foi completamente destruído perante a opinião publicada que não aceitam sequer que continue a ser juiz do "cível".
Esta canalha de humoristas de pacotilha ideológica vai citar outra vez o "tímpano rebentado" e vai-lhe acertar outra vez com a "moca de pregos" no canastro, para o impedir de exercer profissionalmente.
É só esperar por amanhã para ver o herói justiceiro e rapioqueiro que a esta hora prepara afanosamente outro jogo de enganos. Irá convidar outra menor para o programa? Veremos...porque já se torna suspeito, este pequeno sacana que tem a mania destes jogos da glória. Há-de chegar o seu dia de regresso à casa de partida. E não demorará muito... porque os filhos da puta são como o Alberto Pimenta já os descreveu há muito.
Antes da entrevista, porém, este artigo do articulista esquerdóide Daniel Oliveira. Depois de bater com a moca no juiz acha que já é demais e já chega. Já se atingiu o objectivo e não é preciso dar mais pontapés assim, em quem está no chão, exangue, jazendo como socialmente morto.
Diz o Oliveira de uma figueira que terá visto nascer o pai, Herberto Hélder, que isto que se passou a seguir cheira a populismo. Como se não fosse ele mesmo um dos perpetradores de tal efeito querido.
Também vale a pena citar aqui antes do menu principal um artiguelho do juiz Pedro Mourão que escreve no Correio da Manhã. Esteve silencioso estas semanas a aguardar em cima do galho a oportunidade de debicar o espojo do juiz em causa.
Eis a sua debicada no assunto, Cuidado, pegar com pinças ou com luvas:
E a entrevista propriamente dita. Ao Expresso, não se percebe bem porquê. Deve pensar que é um jornal respeitável quando na verdade é um antro ideológico como os outros.
Devia ser ao Público, lugar primário da ofensa primeira. A mais grave e que teve as consequências que se conhecem. A entrevista deveria ser conduzida pela jornalista Ana Henriques que devia ouvir o juiz a explicar o mal que lhe fez, pessoal e injustamente.
Mas enfim, preferiu uma maior audiência que teria sempre porque teria sido citado como já foi. Mal, aliás.
Primeira coisa: não quis ser fotografado e fez muito bem. Teria a sua cara em todas as notícias e amanhá, se calhar no calhau com olhos que o tal rapioqueiro sacana inventou para fazer humor com uma pessoa, amesquinhando-a a tal ponto. E sentindo-se herói por isso.
Depois o conteúdo da entrevista peca por um defeito grave: fala dos casos concretos, provavelmente com autorização superior e para lavar a honra denegrida ad libitum por toda essa canalha rapioqueira, sem pudor algum.
Esta cambada só aprenderá os limites do humor quando forem alvo dele os seus filhos, família directa ou assim. Então aprenderão. Até lá julgam-se os maiores, no género Bruno Nogueira, um rematado humorista do género.
Porém, Neto de Moura não fala suficientemente dos casos concretos para repor a verdade factual dos mesmos. É certo que bastaria ler os dois acórdãos mas esta canalha é analfabeta e por isso não compreende tal leitura. É preciso que lha soletrem e expliquem e Neto de Moura não o faz. É pena e perdeu a única oportunidade desde o início. Se o tivesse feito logo quando saiu a notícia perversa e maledicente do Público, uma difamação ad hominem, teria mais hipóteses de evitar o que sucedeu.
Aqui no Polígrafo do jornalista Fernando Esteves e que agora não assinam os artigos já escrevem asneiras por causa do que Neto de Moura diz ao Expresso. Não adianta explicar que asneiras são porque o conceito de gravidade penal não coincide particularmente com o conceito de gravidade que os media citados no Polígrafo lhe atribuem. Mas passa a ser assim...
Portanto, agora vai passar a discutir-se se os dois casos que o juiz relatou eram graves ou não. Uma discussão de surdos invisuais para mudos que gritam muito. É inevitável e o humor desgraçado e destruidor vai passar por aqui.
Assim, sofre as consequências da sua omissão e da desinformação a que deu azo por isso mesmo. Não era o dever de reserva que lho impediria porque estava em jogo a sua honra pessoal e profissional que foi irremediavelmente afectada e eventualmente perdida. Será coisa pouca, uma coisa destas?
Para perceber melhor do que se trata, o cronista Vasco Pulido Valente coloca os termos do seu devido lugar e que não vi ninguém, ninguém da magistratura até hoje a fazer, o que é de uma tristeza infinda porque mostra bem o estilo farisaico e poltrão que anima a classe, em geral.
Ninguém se levantou para chegar à praça pública e dizer para todos ouvirem, ou seja na tv ou nos media que atacaram o juiz que este tinha razão e o que estavam a fazer, para além de um linchamento punha em causa o sistema democrático. Porque é disso que se trata quando se desvirtua e deslegitima o poder judicial. Em qualquer lado, não apenas em Portugal.
O nosso actual presidente da república, com letra pequena porque é o que merece, ainda deitou mais lenha para tal fogueira e atirou mais pedras. Por acção e principalmente por omissão. O supremo magistrado da Nação apoucou-se e desapareceu dessa missão. Que desgraçado!
Por isso ficam aqui duas opiniões. As únicas que li e que comportam um módico de bom senso nesta palhaçada e nesta farsa:
José António Saraiva, num pequeníssimo e envergonhado apontamento no Sol de hoje:
E por último o apontamento de Vasco Pulido Valente, no Público. O único que diz o que tem de ser dito e que revela por isso a cultura que falta a essa canalha formada em cursos merdosos de comunicação social e cuja cultura se mede em chalaças de mau gosto vindas da comédia stendap. É disto que se alimenta o populismo.
VPV diz assim:
"A Relação do Porto capitulou perante os media e as redes sociais. Isto significa que o poder judicial, um poder soberano, se deixa tansviar por causa de um programa de Ricardo Araújo Pereira e de umas tantas petições no Facebook.
É a primeira grande cedência do Estado português ao populismo. Como diria o outro, as instituições são fracas".
Quando VPV diz que foi a Relação do Porto, erra, porque foi apenas o presidente da dita,um tal Ataíde das Neves que merecia maior atenção e que tem o poder administrativo para a decisão em causa, aliás tomada em concordância com o visado, já destruído e sem defesa. No entanto não custa entender que tal decisão do juiz Ataíde das Neves deve ter sido tomada depois de conversas de pé de orelha com membros do CSM, particularmente o presidente ou vice. Aposto. Pelo que ainda é pior do que se pode imaginar e a capitulação é a mais grave de sempre na Justiça portuguesa. Sem paralelo.
E diz ainda outra coisa importante, talvez o mais difícil de entender e que esta esquerda folclórica de actrizes secundárias de peças de teatro manhosas nunca entenderá: " as sentenças são, legitimamente, objecto de crítica e esse direito não deve ser restringido. Só que os juízes devem ser irresponsáveis pela substância do que decidem." O resto já não cito porque não concordo.
Mas essa parte tem que ser entendida: os juízes não são todos iguais e mesmo que se diga que cada cabeça sua sentença, o que por vezes será verdade, teremos que aceitar que o papel do julgador e a sua decisão deve ser respeitado. E se houver possibilidade de recurso, usar tal expediente com as regras conhecidas para se tentar alterar o que se julga injusto. Quando os juizes erram o que faria se os julgadores fossem rapioqueiros!
No fundo, o que contesta essa canalha mediática é que um juiz possa decidir com inteira liberdade de consciência se alguém em concreto e perante a respectiva culpa, merece ir para a cadeia.
Querem ser eles a decidir! A populaça! Matem o agressor, já! Ponham-no a ferros! Não tem desculpa alguma e não é preciso julgamento nenhum. Agrediu com uma moca de pregos espetados. Cadeia já! Rebentou o tímpano à pobre mulher ( que disse que lhe tiraram a vida), não tem perdão. A ferros!
É esta a ideia básica e nem sequer exagerada ou caricaturada.
E o actual sistema administrativo que controla a gestão dos juízes parece concordar com a ideia. O que é muito grave e indiciador de uma falta de cultura atroz.
E já são todos juízes que passaram pelo CEJ. O presidente do STJ e do CSM foi aluno de Laborinho Lúcio.
A propósito, alguém o quer ouvir sobre isto? O seu discurso redondo que circunferência fará neste caso?
Quase que poderia escrever aqui o que diria...e não gosto nada.
Assim até o primeiro-ministro, titular do poder executivo já se dá ao luxo de criticar abertamente o poder judicial. Sem qualquer pudor. E sem que ninguém lhe faça notar a gravidade de tal enormidade. A Constituição e a separação de poderes que se lixem.
Ora leia-se:
António Costa. Tratamento judiciário à violência doméstica é “revoltante”.
"Não podemos aceitar que isto prossiga e é revoltante verificar como, 19 anos depois de termos introduzido na legislação que o crime da violência doméstica passou a ser público, e dezenas de anos depois de as magistraturas terem sido abertas a uma forte participação feminina, continuemos a ter o tratamento judiciário que temos do crime de violência doméstica”, lamentou o primeiro-ministro no seu discurso."
Perante este ataque ao poder judicial está na hora deste poder lhe perguntar simplesmente porquê, em que casos se baseia para aquela prosápia e mostrar-lhe que as leis que permitem o que se faz são também da sua inteira responsabilidade. Já foi ministro da Justiça...precisamente quando se alterou a natureza semi-pública do crime. E será conveniente que explique se as vítimas podem calar-se ou até mesmo recusar-se a depor, na altura em que são ouvidas ou mesmo mentir para proteger o que a natureza pública do crime não permite. E será conveniente perguntar-lhe quem estabeleceu o limite de cinco anos de prisão para tal crime e se nesse caso a regra não é a da suspensão da pena, preferencialmente de acordo com o critério legal.
Espera-se para ver a resposta e para quem deve regressar o adjectivo... Este primeiro-ministro saberá do que está a falar? Ou gosta de dar tiros no pé, atentando ainda contra o poder judicial, gratuitamente?
Uma miséria nacional é o que temos.
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