No Correio da Manhã de hoje, pode ler-se mais uma arenga idiossincrática do cronista Rui Rangel que se assina como "Juiz desembargador". Escreve sobre o tratamento dos media no caso Freeport.
Como se pode ler, está tudo bem, não houve violações de segredo de justiça, a coisa tem sido mais ou menos controlada, a comunicação social vive tempos difíceis, enfim, coisa e tal. Mas não é a culpada da coisa do Freepor, não, nem pensar nisso. Portanto, tudo como dantes, excepto...excepto isto:
Nunca alinhando nas teses da cabala e das campanhas negras, pode dizer-se, de um modo geral, que a Comunicação Social andou bem e que até fez algum trabalho de investigação. O mesmo não aconteceu com o jornal ‘Público’, com as velhas guerras contra Sócrates, que mancham a sua isenção e credibilidade e com a TVI do casal Moniz. O que a TVI e Manuela Moura Guedes têm feito, no jornal das sextas-feiras, é perseguição pura e dura a Sócrates, não é jornalismo. O casal Moniz serve-se deste órgão de Comunicação Social poderoso para fazer campanha política. É arrepiante o que se passa às sextas-feiras nesta estação, com as peças montadas e articuladas ao sabor dos comentários da pivô do jornal. Este jornal da TVI está transformado numa máquina para triturar Sócrates e para assassinar o seu carácter, sem respeito pelas garantias básicas deste cidadão, que também tem direito ao seu bom-nome. Sem prejuízo da veracidade dos factos sobre o caso Freeport, a informação não pode ser feita a qualquer preço.
Há portanto duas ovelhas ranhosas na comunicação social correcta. E o "juiz desembargador" Rangel está aqui para julgar e ditar a sentença: censura moral.
Ao Público, porque sim. Anda sempre em campanha contra o amado líder e é verrinoso nas reportagens factuais. Pode lá ser, uma coisa dessas, em exercício de liberdade de expressão! À TVI, porque é o "fácies"( sic, salvo seja), "os trejeitos na cadeira" da apresentadora MMGuedes que incomodam e retiram a credibilidade.
Percebe-se bem esta arenga. O que não se percebe de todo em todo, é a razão pela qual um juiz desembargador, que se assina como tal, escreve o que escreve, manifestando a sua opinião politicamentre comprometida, a favor deste amado líder e deste governo que está, em modos de fazer temer algo indesejável: se um dia lhe chega um processo com estes casos, tem de se declarar impedido. Ou alguém o fará na sua vez.
Porque alguém lhe vai mostrar esta crónica, claro. A isenção e imparcialidade mora algures, mas não nas crónicas do desembargador Rangel.