terça-feira, fevereiro 03, 2009

Ridendo

"Nos bons velhos tempos" dos jornais, de vez em quando, aparecia uma polémica do género daquelas ainda mais antigas.
Uma coisa a arremedar as arrochadas dos novecentistas, os escritores mais livres que jamais houve em Portugal, segundo Filomena Mónica. Os Bordalos do pau de marmeleiro em letra de forma, zurziam como se malha em centeio verde, naqueles que apareciam pela frente em figuras tristes.

Nos blogs da actualidade lusa, ainda há exemplos desse tempo. Um deles, escreve assim, para contrariar indiferenças:

"Diz o gourmet da Porcalhota:
«Nos blogues, pode-se lamber o rabo a Salazar, Hassan Nasrallah e Joseph Fritzl. Há sempre um coro de adictos a louvar-se na independência. Escrever e reflectir sobre o actual governo (e, em particular, sobre Sócrates), sem ser ao pontapé, é que é motivo de anátema. E se fossem dar uma volta ao jardim da Celeste?»

Bem, talvez eu possa dar uma ajuda ao queixoso. Claramente delira e inverte.
Assim, é público e notório que não se pode lamber o rabo a Salazar porque está sepultado, nem a Hassan Nasrallah porque está longe. Já Joseph Fritzl não sei quem é e não me apetece ir ao Google neste momento (mas, pelo nome, também não parece que zanze por estas lusas latitudes). Em contrapartida, lamber o rabo e a cloaca ao actual governo (e, em particular, a Sócrates), é, seguramente, bem mais praticável, sofisticado, plausível e, a fazer fé no frenesim quotidiano deste ascarídeo militante, ultra-recompensador - quanto mais não seja, porque estão próximos, receptíveis e carentes. Além disso, a avidez, a volúpia e o desembaraço com que se desempenha do encargo, não são motivo de anátema, ou sequer de chacota, mas da natural e compreensível repugnância de quem passa. É que não apenas lambe e depenica: sorve, fuça, chafurda. Mais que a suja refeição, é o ruído sôfrego que incomoda - o arrulhar de gruim nas sete quintas. O problema principal, convinha que percebesse, não reside pois na carícia, mas no banquete. E nem é tanto a obscenidade, mas o estardalhaço. Porque acompanhar com flatos e arrotos, ainda vá que não vá, nem se distinguiria de tantos outros (singónicos e antagónicos). Agora simular orgasmos..."

Questuber! Mais um escândalo!