quinta-feira, fevereiro 05, 2009

O segredo de polichinelo

No Correio da Manhã de hoje, o caso Freeport sai outra vez na primeira página, agora para dar conta das investigações prováveis e adivinhatórias. Tânia Laranjo, pois claro. Como sempre e habitualmente. Agora em mal de fontes, quase esgotadas.
Cluny, ontem na AR, falou em danos na imagem do MP. É provável, como também será plausível o facto de esses danos surgirem de onde menos se esperaria: das estruturas dirigentes do MP, sindicato incluído, por omissão e por não ter esclarecido oportunamente tudo o que poderia ser esclarecido, nomeadamente dizendo claramente que é impossível controlar o segredo de justiça num processo destes com os enredos que já leva e o tempo decorrido.
Senão vejamos:
Cândida de Almeida, no Público online, que cita uma entrevista daquela, à Rádio Renascença, de ontem ( ainda não parou a exposição), diz que a violação de segredo de Justiça não terá partido do MP e quase que poria as mãos no fogo por essa certeza relativa. Mas fica por essa profissão de fé cega e não explica ao jornalista tim tim por tim tim o que seria preciso explicar para todos perceberem ou seja, quantas pessoas, aproximadamente terão tido um contacto directo com o processo e desde quando.
Por isso, não importa muito tentar adivinhar a identidade do violador, tendo em conta nomeadeamente, os percursos da carta rogatória que continuam por esclarecer devidamente, nomeadamente o percurso ao Eurojust e o regresso. E tentar apurar, nomeadamente, se o Governo ou algum ministro teve efectivamente conhecimento do respectivo conteúdo por via legal ou informal.
Importa, isso sim porque ninguém se lembrou desta, mencionar um comentário anónimo no site do Público e que merecia melhor destaque que aqui fica:
"No Inquérito em que o Inspector Torrão foi arguido, a magistrada titular do mesmo pediu o processo Freeport para consulta. Pediu depois certidão de muitas peças processuais, tais como todas as informações feitas pela PJ, pelo MP e todos os despachos do Juiz de Instrução, à data o do Montijo. Juntou ainda cópia de todas as declarações já prestadas pelas pessoas já inquiridas, bem como cópia da carta rogatória enviada pela PJ para Inglaterra. Acontece que este processo já transitou em julgado, logo todos os jornalistas podem e estão a consultar o processo em causa, pelo que nem tão pouco tem havido violação do segredo de justiça, já que os apensos são públicos e podem por todos ser consultados na Boa Hora."

Se isto foi assim, conviria esclarecer quanto antes, para terminarem os ataques soezes dos vitais e companhia, da Cooperativa, cuja única preocupação com este caso não é a Verdade, mas a limitação dos danos, relativamente ao apaniguado que lhes garante a vidinha do costume.
E quem sabe melhor, obviamente, são os jornalistas que publicaram a carta rogatória e que dela tomaram conhecimento integral.
Esses, do Sol, do Expresso, da TVI, da Visão, do Público, do Diário de Notícias, do Correio da Manhã, do 24 Horas e ainda outros, sabem de onde veio a notícia e qual a fonte primária da mesma.
Saberão mesmo? Alguns, sem dúvida. Outros, sabem de modo apócrifo e depois de outros já saberem.
E os que sabem, também poderiam dizer de onde proveio a violação primária do segredo. Mas não dizem e preferem alimentar as especulações e deixar a arder em lume brando a reputação de algumas instituições.
Tudo em nome de outro segredo: o do jornalista.

Grande segredo.

7 comentários:

lusitânea disse...

Para com o torrão é que não houve dúvidas... aliás a justiça para pé descalço funciona ás mil maravilhas...(desde que não sejam multiculturais)

lusitânea disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

José,

Notável como essa questão do percurso não é falada nem o ministro é confrontado com isso, mas no fundo é só mais um elemento para consolidar ideias.

zazie disse...

Mas isto é incrível!

Se é assim, então porque é que não publicam esta informação?

Anónimo disse...

JMM acaba de declarar representar um assistente no processo. Habemus pimenta.

Colmeal disse...

José,
Como já tinha dito encontro-me pelo Portugal profundo ... locais que os nossos políticos deviam visitar mas .. que só aparecem em campanhas eleitorais .
Hoje, num café reparei num artigo da revista Focus sobre o património dos nossos governantes e surpresa das surpresas ... A "Coveira" da Educação possui um modesto apartamento em Carnide ...
Isto depois de já terem aparecido provas em outros jornais que possui um apartamento na Av. De Roma. É o jornalismo de investigação que temos, no País que temos ...
Neste momento eu estou numa sede de concelho e nem rede 3G aqui existe ...

josé disse...

Eu vi esse artigo da Focus. É uma burla. Tudo feito pela internet ou a copiar outros artigos de outros lados, mais antigos ( até da própria revista) e mal feito, porque há informação melhor do que essa e mais actual.

Enfim. Nunca mais compro a revista. Senti-me burlado.

A obscenidade do jornalismo televisivo