quarta-feira, julho 17, 2013

A génese do Bloco Central: regresso ao futuro

Em Agosto de 1981 a crise política estava, como hoje, instalada em Portugal. O FMI continuava a "ajudar" Portugal e o presidente do PSD era Pinto Balsemão. A Constituição era a mesma de 1976, com a proclamação solene de que caminhávamos para a "sociedade sem classes" e as nacionalizações eram "irreversíveis". Mário Soares e o PS, depois do banho eleitoral do ano anterior estavam a banhos. Começava-se a falar de Cavaco Silva mas o "pogresso" ainda demoraria uma boa dúzia de anos.  Pelo meio ficou a experiência do Bloco Central dos interesses instalados e basta ver o que sucedeu com o primeiro governo de bloco central, precisamente o IX chefiado por Mário Soares em tandem com Mota Pinto e com os do costume no sítio de sempre. Machetes e companhia, claro está.
Ainda assim, Portugal nessa altura era um país em que os jovens poderiam ter alguma esperança. E hoje?

O Expresso de 15 de Agosto de 1981 é um pequeno espelho dessa realidade e do que nos viria a oferecer o futuro de então.Até no conteúdo das declarações de Mota Pinto: "chefia do governo", moi? "Não sei nada"...dali a dois anos era vice-primeiro ministro, com son ami, o desmemoriado de agora, também um pouco atoleimado. Já deve andar pelo Vau, como na época. Há uns que desaparecem e faziam muita falta; outros que permanecem e fazem tanta falta como uma viola em enterro.

Só como legenda: a imagem que mostra, à esquerda, Cavaco Silva tem também o acompanhante Morais Leitão. Isto foi há um pouco mais de trinta anos. Morais Leitão, tal como Vieira de Almeida, tal como Galvão Teles, tal como Júdice, tal como Proença de Carvalho, dedicaram-se todos à pesca...perdão, à advocacia.
Uma advocacia de negócios, com firmas que empregam dezenas de advogados e volume de negócios em que o Estado é parte importante.

Não haverá alguém que explique este fenómeno? Ou será que se explica por si?

Então uma pergunta: no tempo de Marcello Caetano isto seria possível? Não, não é por ter sido no tempo do fassismo. É por outro motivo...