terça-feira, julho 09, 2013

O comunismo entre nós e a mutação genética da esquerda

Em 17 de Abril de 1981 Álvaro Cunhal concedeu uma entrevista de cinco páginas ao Expresso a qual se garantia que "era diferente". De diferente só o facto de ser ao Expresso a quem Cunhal não costumava falar como o fazia ao O Jornal. E a entrevistadora, Maria João Avilez, voltaria a entrevistar o mesmo, escrevendo que sentia "fascínio" pelo entrevistado.  Escusado será dizer que o momento político, depois da vitória da AD em 5 de Outubro do ano anterior,   com a morte de Sá Carneiro em Dezembro, e o governo nas mãos de Balsemão, com uma revisão constitucional à vista, tornavam politicamente vantajosa a entrevista porque começavam a perigar as "conquistas de Abril".
Das cinco páginas destaco esta em que dá conta do que Cunhal então pensava sobre o que o PCP fez em 1975 e a "contra-revolução legislativa" da direita com o PS aliado, com vista "à restauração do capitalismo monopolista em Portugal".

O PCP ainda hoje pensa do mesmo modo e a troika Arménio, Avoila e Jerónimo aí estão para o demonstrar.

Em 17 de Novembro de 1982, Vasco Pulido Valente ( que os comunistas detestam e não lêem) escrevia uma série de crónicas sobre a Esquerda, no jornal A Tarde, dirigido por Victor Cunha Rego. Essencialmente procurava encontrar uma ideia de esquerda e não a achava, tendo perguntado: "O que acontece, se se abandona a referência básica do proletariado como protagonista da esquerda e não se define esquerda como o serviço à sua conquista de poder? Acontece o que aconteceu a Eduardo Lourenço e ao resto dos inquiridos, que sem excepção ( até Vital Moreira) a abandonaram: toma-se por bom um idealismo obscuro e assaz sentimental, com um pouco ( há obrigações!)  de Freud revisto e civilizado à mistura".
A carta do leitor a seguir à crónica fica também como um bónus...

Nesta altura em que o Muro ainda não caíra e as democracias de Leste eram entendidas ainda como modelos para certos figurões, havia dois que decidiram mudar de campo. Escreveram um livro em tandem e tornaram-se adversários temíveis da ideologia que antes professavam. O facto de mudarem de casaca não significa porém que tenham mudado de estrutura mental...e no Expresso de 30 de Junho de 1984 dava-se conta da mudança...que para ambos trouxe o acesso ao novo poder.


1 comentário:

Floribundus disse...

quando em 1975 o pcp (único partido com necessidade de se dizer português) considerava o rectângulo no'papo' com o apoio da tropa, começou a sair pela janela.

actualmente a lenga-lenga é a mesma, mas têm cada vez menos gente na rua.

os intelectuais da 'Santíssima Trindade' apenas sabem debitar a cartilha. pensar não é com eles.

hoje ninguém consegue definir o chavão denominado 'esquerda'. o tózero parece 'papagaio de pirata' aos ombros de qualquer coisa. apenas psitacismo. as figuras sinistras escondem-se para data oportuna

hoje falam da senilidade do boxexas. por falta de conhecimentos não posso fazer afirmações desta natureza

preocupa-me a incapacidade de reformar o estado por parte de PP

O Público activista e relapso