O jornal Expresso que muitos entendem como a referência do jornalismo nacional, o que diz bem da actual literacia ( termo que detesto mas eles entendem) do povo que lê em Portugal, começou a publicar uma série de artigos sobre o Portugal de 1973, em fascículos relativos ao "último Verão em ditadura", antes do 25 de Abril de 1974.
Com um esforço assinalável lá terei que comprar essa folha de couve dirigida por dois...ia dizer cretinos, mas é chover no molhado. O jornal não presta e é pior do que o que se fazia em 1973 o que para mim diz tudo sobre o tempo que passa.
Hoje, em duas páginas assinadas por uma tal Joana Pereira Bastos que deve ter cursado no ISCTE, tal a quantidade de baboseiras que debita na escrita, dá-se conta de "um país triste, a sonhar com a mudança". E começa assim a redacção para os freires do iscte apreciarem:
"Imagine um país onde as mulheres são impedidas de votar nas eleições autárquicas e só podem trabalhar se o marido permitir." Só esta frase resume toda a palermice de um escrito imbecil que causa revolta pela incorrecção, pela manipulação e pela desinformação dos actuais analfabetos funcionais que são mais do que dantes, em 1973.
A tal Joana não escreveria baboseiras destas nos media da época de 1973 porque apesar de os jornalistas na sua maioria não serem licenciados, tinham tirado uma quarta classe de categoria. Agora é o que se vê e lê.
Portanto, que estes jornalistas agora queiram ser estúpidos e se recusarem a pensar é lá com eles. Mas que o façam para publicar este tipo de coisas que prolonga a "longa noite" da imbecilidade e "iliteracia" já merece comentário.
O esquerdismo dos Rosas&Pereira que manieta a inteligência embotada do mainstream mediático impede que possamos ser um país evoluído, sei lá, para não ir mais longe nessa Europa..como a Espanha.
Assim, a quem vai o Expresso pedir opiniões sobre o assunto? Ao Rosas, naturalmente porque não há outro historiador em Portugal, devidamente correcto. E a uma tal Anália Torres., socióloga do ISCSP. Não há pachora para isto porque o teor de afirmações sociológicas roça a indigência da inteligência analítica.
Sobre a afirmação das mulheres serem " impedidas de votar nas eleições autárquicas e só podem trabalhar se o marido permitir." vale a pena mostrar de onde virá tal aberração.
Aqui, no Código Administrativo que vigorava em 1973 ( publicado em parte no livro do 6º ano de liceu de então da disciplina de OPAN) explicava-se, para quem queira entender, que não havia eleições autárquicas como hoje existem. As regras eram outras e por isso escrever o que se escreveu sem contextualizar minimamente releva da pura desinformação, antítese do jornalismo. Repito: em 1973 não se escrevia assim porque quem o fizesse não escreveria novamente. E não era por causa da censura...
Pode ler-se que nas freguesias algumas mulheres votavam e poderiam ser eleitas...
Quanto a autorização do marido para trabalharem, a menção releva do mesmo género de escrito, propositadamente para desinformar, manipular e propagandear a causa do politicamente correcto que entende o regime anterior ao 25 de Abril, mesmo com Marcello Caetano, como "fascista", das trevas, medieval e portanto de qualidade muito abaixo do actual regime democrático, depositário de todas as virtudes por contraposição àqueles vícios...
Esta ideia simplista e que agrada aos balsemões que sabem perfeitamente que é uma imbecilidade tende a reproduzir-se em todos os media e escolhas mediáticas porque é esse o discurso dominante, embora falso.
Para mostrar o ambiente no Expresso de 1973 passo a publicar uma série de publicidades aparecidas na edição de 10 Novembro de 1973, no nº 45 do Expresso ( podem verificar) e só passo algumas porque são dezenas delas no caderno principal e no suplemento. As publicidades têm o mérito de mostrarem o ar do tempo muito melhor que as notícias ( ainda para cima censuradas como o Expresso se queixa habitualmente e até já publicou um livro sobre o assunto, de José Pedro Castanheira. Mais lá para a frente vou mostrar uma correspondência entre César Moreira Baptista e o Expresso, sobre o assunto...).
O que pretendo com isto? Mostrar que Portugal era um país tão triste... mas com estas publicidades. Mais ainda: contei 118 anúncios no jornal de 1973 que tinha dois cadernos com 16 páginas mais 32. Entre todos só havia três de bancos ( BPA, Pinto Magalhães e Fernandes Magalhães).
A edição do Expresso de hoje tem sensivelmente metade da publicidade, nos cadernos principais que têm 40 e 32 páginas mais um suplemento Actual, com 40 páginas e uma revista com 71 páginas e pouco mais de uma dúzia de páginas de publicidada, a juntar àquelas e com algumas a artigos da casa.
Porém, quanto aos bancos é um fartote - nada menos de dez anúncios, alguns repetidos de bancos, entre os quais, o BPI, o BES, o BCP, a CGD, o BANIF- e é estranho: os bancos nem precisam de grande publicidade, actualmente, pelo que actuam como benfeitores do Expresso. A que preço?
Outra coisa: tenham vergonha!