Não me lembro da altura em que fiquei a conhecer Tom Wolfe e a sua obra, mas como lia a Rolling Stone desde meados dos anos setenta do século passado, foi naturalmente por aí que tomei conhecimento dos artigos que o mesmo escrevera na revista.
Não li a edição de 4 de Janeiro de 1973 em que se publicou um artigo extenso que se prolongou pelo número seguinte, sobre os astronautas da missão Apollo 17, a última que a Nasa efectuou com destino à Lua.
O artigo original desenvolvia-se assim:
Na edição de 11.6.1992 por ocasião do 25º aniversário da revista o autor explicava como tinha surgido a ideia do artigo, bem como dos anteriores ( particularmente o primeiro, sobre o "radical chic", da entourage de Leonard Bernstein, em Nova Iorque).
Em 3 de Janeiro de 1974 outro artigo de Tom Wolfe, sobre o Funky Chic que vale a pena ler na íntegra e ver a ilustração da capa, da autoria de Peter Palombi, juntando o símbolo da Rolls Royce, a Dama de Prata, desenhado originalmente por Charles Sikes da Royal Academy of Art, em 1911 ( informação no sumário da revista que ainda introduz o artigo com esta consideração: serão as nossas vidas condicionadas pelas modas ou antes as modas que determinam as nossas vidas? Diz que a resposta está no artigo).
Ainda mais interessante: na parte final Tom Wolfe escreve que Goethe uma vez notou que Luís XVI passou a dormir no chão do quarto em vez de o fazer na cama real para se sentir mais perto do povo, na medida em que começou a acreditar que a monarquia seria abominável... :
A primeira vez que li algo de Tom Wolfe na revista foi precisamente no número em que iniciou a prè-publicação do romance A Fogueira das vaidades, em19.7.1984, o primeiro de outros romances que se seguiram, também sucessos editoriais ( A man in full e Charlotte Simmons) [ de facto não foi neste número da Rolling Stone que pela primeira vez li algo sobre Tom Wolfe. Só agora, passados dias, dei conta, ao ler o obituário no sítio da Rolling Stone que já tinha lido antes, em Agosto de 1980, isto] :
Na entrevista extensa, com oito páginas incluindo as fotos mostradas, Tom Wolfe fala de um livro que estava a escrever sobre Nova Iorque e que era precisamente o que em 1984 pude ler na edição da R.S:
Tom Wolfe tinha escrito no final dos anos setenta, para a revista Esquire de Dezembro de 1979, uma resenha do que tinham sido os anos setenta. Fica aqui, integralmente porque merece ser lido:
Em 1982 a revista espanhola Vibraciones publicou uma entrevista original com o autor:
Duvido que na altura houvesse muita gente em Portugal que se interessasse pela obra de Tom Wolfe...mas em 2002, o Expresso recenseou um dos livros do autor, aliás dos mais interessantes: Hooking Up.
Em 2013 Tom Wolfe atirou-se aos lobos de Wall Street, na edição digital da Newsweek, assim:
Onward! Onward! Faster! Faster! At a thousand, two thousand, three thousand banking operations, investment funds, and exchanges, quants kept adding computers and servers and servers and computers row above row above row on floor-to-ceiling racks that stretched on infinitely like the stacks of the biggest library in the world… wrapped in miles of white fiber-optic cables that interconnected the machines… But these stacks were by no means quiet as a library’s. There were aisles between the stacks so that someone, presumably someone from IT, could get to any machine, every cable connection, if he had to. But any human being who entered, even an IT guy or a quant, was engulfed, oppressed, unnerved, spooked out by an overwhelming droning sound and an X-ray-blue fluorescent light that made your skin look posthumous. The droning seemed to create a pressure upon your skull. Sometimes the drone would rise slightly, then lower… and rise… and lower. It made you think this enormous robo-monster was breathing… If you were knowledgeable enough even to be allowed to enter one of these huge server rooms, you knew that most of the droning came from air-conditioning units high as a wall… that ran constantly to keep this concentration of machines from auto-melting because of their own ungodly heat. In some gigantic facilities they let the heat rise into plenums and piped it from there to heat the entire building. You could know all that, but the robo-monster would ride your head so hard, you would turn anthropomorphic in spite of your superior brain… The robo-monster—it’s breathing… it’s starting to move… it’s got me by the head… it’s thinking with its CPU (Central Processing Unit) mind, thinking in algorithms, sequences of programmed decisions along the lines of “If A261, then G1432, and therefore B5556 or QQ42—” spotting discrepancies, making buy-sell decisions, even deceptive looks-like-a-buy feints to trick competing robo-brains into making foolish calculations. The monster’s human… No, he’s not human… No human brain could possibly think or act as fast, as accurately, as cunningly as a robo-brain.
Thorp’s 10-second transactions during the Bell breakup would have been an eternity in the robo-world. The investment banks, funds—and exchanges—began adding acres of robo-racks in the race to spot mispricing opportunities first and execute transactions in the same instant. It was no longer a matter of oldfashioned split seconds. It came down to millionths of a second. This became known as High Frequency Trading.
The robo-monster accounted for 10 percent of all trades in 2000. Thereafter, the number rose in a steep, steady climb to a peak of 73 percent in 2009, close to three of every four trades—and nobody in the outside world, not even the press, had ever heard of it! The first mention of it in the press was not until July 23, 2009, in the New York Times.
The majority of men working full-time right here on Wall Street didn’t know much more. They were as innocent as the suckers, the guppies, the muppets. They learned in such tiny steps, they didn’t get the whole picture until very late in the game. Their first inkling came when the investment banks’ trading floors began to calm down… fewer and fewer traders yelling at each other or into the telephone or at Fate. Before long they were sitting at desks behind banks of computer screens and communicating with each other by text message. (...)
O último recorte é recente, de finais de 2017 e foi comentado, aqui:
O que gostava de ler em Tom Wolfe era o estilo sarcástico qb, impiedoso, inteligente e que se nota naquele artigo, acima, da Esquire e se estende pelas páginas de Hooking Up.
O romance A Fogueira das Vaidades, esse, é um dos que vale a pena ler, como se fosse um livro de Eça, dos tempos modernos.
Que descanse em paz, Tom Wolfe. Não escreve mais mas ficam os livros e artigos que escreveu.
5 comentários:
Ah, que pena. Não sabia.
Só o José para fazer uma homenagem destas sem batota alguma.
encontrei
Tom Wolfe
La banda de la casa de la bomba
y otras crónicas de la era pop
Traducción de J. M. Álvarez Flórez y Ángela Pérez
esta época interessou-me particularmente pelo estudo das drogas psicoactivas
actualmente adquiridas nas smartshops
e no mundo infernal da dark web
boas notícias
vários hospitais não estão com um ano de atraso nos pagamentos aos fornecedores
a dgs vai importar sarampo
os pobres estão cada vez mais ricos ... de miséria
a corrupção limita-se aos clubes de espectáculo desportivo
o futebolista Tucídides rescindiu contrato com o Panatinaikos
negócios da china
BY ANDRÉ AZEVEDO ALVES
Não tenho uma posição definida sobre a matéria mas acho intrigante (e porventura também revelador) que outras operações e tentativas de operações (como a compra da PT pela Altice ou a anterior tentativa de compra da PT pela Sonae, só para dar dois exemplos mediáticos relativos a grandes empresas portuguesas) tenham sido alvo de tanto debate, preocupações e intervenções políticas enquanto o controlo simultâneo da REN e EDP por empresas estatais chinesas se processa em quase absoluto silêncio: EDP: um intrigante silêncio. Por João Carlos Espada.
O assunto tem sido noticiado na imprensa, mas o silêncio político tem sido de chumbo — para além da curiosa declaração do nosso primeiro-ministro sobre a inexistência de qualquer obstáculo político à operação. Refiro-me, como o leitor já terá calculado, à proposta de compra da EDP, a maior empresa portuguesa, pela empresa chinesa denominada “China Three Gorges” (que já detém 23,2% da EDP). Recorde-se que uma empresa estatal chinesa “State Grid” é também accionista maioritária da REN, a empresa distribuidora de energia em Portugal.
quase chorei ao ler que Tom Wolf, faleceu, um dos meus favoritos, não gosto do termo ídolo, que são de pés de barro, estou a ler o maravilhoso livre da cientidstsa medica MARIA de SOUSA, "meu dito meu escrito" na ponta da caneta. quando acabar vou reler a "feira das vaidades, O MEU PREFERIDO..
SÓ UM HOMEM DE INTELECTO SUPERIOR CONSEGUE FAZER ESTAS PESQUISAS E PUBLICA-LAS PARA OUTROS APRENDEREM. 100% didáctico.OBRIGADA.
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