domingo, maio 06, 2018

Um relato sem tomates mas com abrunhos

No CM de hoje, na revista Domingo, o repórter radiofónico Fernando Correia que se notabilizou em relatos de futebol ( sans blague) entrevistado sobre o seu passado há quase 50 anos, em que tinha 20, falou sobre o tempo em que reportou o funeral de Salazar, confessadamente bêbado e ainda sobre o que fez em Londres aquando da visita de Marcello Caetano, alvo de manifestações de cariz político, orquestradas pelo poder partidário socialista da época em que Mário Soares já era protagonista.

Conta Fernando Correia que na altura em que Marcello Caetano se dirigia ao palácio de Buckingham "levou com uma carga de tomates (...) atirada por portugueses".  Presumivelmente, um deles seria Mário Soares, num acto de dignidade notável, para um patriota.
Diz então que "recordo-me que me apetecia contar, mas não podia"...

Não podia?! Fernando Correia deve lembrar-se de uma reportagem desenvolvida e explícita sobre o mesmo acontecimento,  efectuada por outros seus colegas jornalistas portugueses que então trabalhavam na revista Observador.
Esta revista, não me canso de repetir, é o melhor espelho da sociedade e realidade portuguesas de então, excluindo naturalmente a narrativa comunista e socialista, que se esforçavam então como agora em reescrever uma História fictícia em que acreditavam. No caso, contra Portugal e o que designavam de colónias.
O Observador de então e a maioria esmagadora dos portugueses da época não viam a realidade desse modo e o que relatava a revista era o que sentiam os que não se reviam na fraseologia e ideologia comunista e socialista que aliás eram uma minoria pequeníssima da nossa sociedade de então.

O que espanta é o modo como adquiriram a maioria, ganharam eleições e conseguiram impor uma linguagem que não era a nossa, nem devia ser, nunca. Mas é.
Ainda hoje me revejo nesta linguagem do Observador que não era uma revista fascista nem nada que se pareça e basta ler o modo como se faz o relato acerca dos movimentos de oposição, mediáticos, contra a nossa presença no Ultramar.
Basta ler como se escreve que nas manifestações de Londres estiveram também notórios arruaceiros que também tinham estado em Paris, em 1968.
Nesse contexto não se percebe porque Fernando Correia não escreveu que em Londres houve manifestantes contra a nossa presença no Ultramar e que alguns portugueses presentes apuparam o antigo presidente do Conselho.

A revista Observador fê-lo. 

Aqui fica o relato nessas páginas que nos mostram que havia e há uma alternativa à linguagem comunista e socialista que temos em Portugal, nos media, há mais de 40 anos e levam um repórter como Fernando Correia a adulterar memórias.
É assim que se lavam cérebros e se suja a memória e a realidade. Já o tinha escrito aqui. E aqui também.

Portugal não é uma coutada de socialistas e comunistas e se estes têm lugar no ambiente democrático é preciso dizer que os comunistas se mandassem nunca aceitariam uma revista como o Observador de antanho. Nem o moderno, aliás...







Por causa desta homérica lavagem ao cérebro que dura há 44 anos ou mais podemos ler este título no Público de hoje:


A ilha de Cuba é de Fidel?! O que diriam se alguém escrevesse "Portugal. Salazar, o teu país afundou-se"?

E é verdade, quanto a mim. Por culpa de comunistas, em primeiro lugar e socialistas logo a seguir.
Claro que esta conversa é reaccionária. "Cada vez mais".
O problema é que será mais próxima da realidade do aqueloutra que continua a entender Cuba, como a ilha de Fidel...e vemos que o jornalista Adriano Moreira [ Miranda, claro] não esconde a sua preferência pela " ilha de Fidel" como se tal fosse a coisa mais natural do mundo, acrescentando no final do artigo que "E todos nós sabemos como é o capitalismo. É como aquele monstro dos filmes de Hollywood, nunca morre por mais tiros que leve, é viscoso, traiçoeiro e espalha-se por todo o lado".

Temos portanto um comunista assumido a escrever ideologia numa reportagem de viajem paga pelo Público do capitalista Sonae que isto tolera. O capitalismo é, aliás, apresentado por aqueles como o modo de produção da corda que os há-de enforcar. E é isso, secretamente que alimenta a esperança destes indivíduos que dominam os media em Portugal...

Questuber! Mais um escândalo!