sexta-feira, maio 18, 2018

Portugal tem um grave problema de corrupção, ponto final.

Neste artigo da revista Sábado desta semana, Eduardo Dâmaso interroga-se sobre o fenómeno da corrupção em Portugal. O ponto de interrogação está a mais.

Eduardo Dâmaso segue um raciocínio linear para concluir que aqueles que vendem cabritos sem terem cabras, será porque os arranjaram em lugares suspeitos.

 Parte de um efeito para adivinhar causas: os que têm demasiados bens ao relento para os rendimentos de função pública que auferem.
Será esse um primeiro equívoco: a função pública exercida por esses rendeiros nesse mercado caprino foi apenas o santo e a senha para entrarem no mercado alargado que lhes trouxe os cabritos, perdão, os proventos.

O exemplo perfeito é este:
Nos anos noventa do século que passou havia muito quilómetro de auto-estrada para fazer e havia muito dinheiro de fundos europeus para aplicar e muita empresa a concorrer a obras, com cadernos de encargos a apresentar aos funcionários públicos, ou seja aqueles que depois entraram nesse mercado. 


Um país decente, com governantes decentes e moralmente capazes o que fariam? Isto que Salazar fez e vem no O Diabo desta semana:

Perante este exemplo o que dizem estes que se apresentam aqui, tal como apresentados no Público de 31.5.1998?

Dizem o mesmo que estes, cerca de dez anos depois:


 E esta dupla imparável, há uns anos atrás...


  Todos eles dizem que Salazar era muito pequenino e mesquinho e, claro, um fassista. De resto está aí a dona Roseta e até o Judas da Intersindical, modelo de probidade. E o Vasco Vieira de Almeida, pá! E também o Sérvulo, carago!
E lá em cima está também o Júdice, um dos incorruptíveis do regime, ele mesmo o diz amiúde; e também o Botelho e o Arlindo de Carvalho, mais o grupo do BPN.

 Foi esta classe de gente impoluta ( afinal todos presumíveis inocentes de qualquer crime de corrupção) que fez o regime corrupto que temos. Totalmente corrupto. Com um paradoxo: a maior parte deles nem criminalmente corrupto é, porque ganharam os proventos legal e honestamente, no mercado caprino apontado, com regras que ajudaram a fazer.

Daí que este exemplo e também agora o de Sócrates sejam uma excrescência do mercado, uma anomalia:



Porque o fizeram? Porque achavam e acham o Salazar um mesquinho que contava os tostões que tinha e não queria nada que fosse de outrém, mormente do Estado, fora das horas de expediente que eram quase todas.

Como é que conseguiram esta proeza, escapando ao escrutínio de todo o povo em geral? Um dos métodos foi este, que aliás continua a resultar: comprar o jornalismo que temos...