quarta-feira, maio 16, 2018

O obituário de Tom Wolfe no jornalismo português

Ontem, à tardinha, quando tomei conhecimento do falecimento de Tom Wolfe, afinal ocorrido na segunda-feira,  consultei os arquivos e tirei os scannings que apresentei, pensando nos obituários de hoje, na imprensa de "referência" e imaginando exactamente o que viria a suceder: uma cópia de informações "bebidas" noutros lados, sem qualquer esforço pessoal de informação particular, resultante de um saber próprio e de um conhecimento individual. Nada. Tudo profissionalizado na cópia e na obliteração das fontes.

Os obituários de hoje são todos iguais, podendo ser escritos por um robot adequado ao assunto e que pelos vistos está já em mente dos inteligentes da artificialidade. Estes que agora escrevem nos jornais, obituários como estes, são apenas os precursores dessa inteligência.

Aqui estão eles:

Em primeiro lugar o Público, o mais pedante de todos estes robots que cataloga numa página os lugares comuns da escrita codificada na internet.


Em segundo lugar o Diário de Notícias, um pouco mais sofisticado na medida em que associa politicamente o falecido a uma das "bestas" no neo-liberalismo e faz disso uma trocadilho, com foto a condizer. De resto quem escreve Wired Magazine,  de Louis Rossetto,  como se fosse o título da revista, nem a revista conhece bem.



A seguir o i, com duas páginas também muito bem apedantadas em que até tentam explicar o que são as "técnicas" do "novo jornalismo", eventualmente com recurso a sebentas dos cursilhos de comunicação social existentes. 


O que me irrita mais neste pseudo-jornalismo de cópia integral e remisturada é o modo de escrita, diacronizando os tempos  dos verbos. Ora, no presente situado, ora num passado que nunca visitaram, nem sequer em sonhos. Tudo copiado, portanto. E sem qualquer menção da fonte, para além das citações que aparecem aspadas.
Este jornalismo de cópia em segunda mão é uma desgraça nacional nestes jornais ditos de referência.

Por isso podem bem limpar as mãos à parede e ler o que escreveu o Correio da Manhã, sem peneiras, sintético, embora tudo copiado, também.

Evidentemente o obituário real e adequado vem ao lado, assinado por Francisco José Viegas que acredito tenha lido pelo menos A Fogueira das Vaidades. Quanto a conhecer os artigos da Rolling Stone ou da Esquire isso é que tenho quase a certeza: nunca os topou. Precisava de ter mais cinco anos para tal...




Estas pessoas não têm vergonha? Acham que isto é que é ser jornalista?

Resta dizer quanto a estes obituários, que acabei de os recortar e arquivar. Para memória futura.

Questuber! Mais um escândalo!