segunda-feira, novembro 24, 2008

As mangas de Tadeu


“Durante os últimos quatro dias, em dois jornais e uma televisão, os impulsionadores da investigação do processo Casa Pia trataram de encostar à parede a juiza Ana Peres. Basicamente, o sentido das afirmações aponta, no dia em que começam as alegações finais em tribunal, que todas as suspeitas e acusações feitas desde há seis anos estavam certas, os poderosos é que entretanto conseguiram dar cabo do processo.

(...)Infelizmente, estes justiceiros que tão desesperadamente actuam defrontam um drama: a investigação incompetente e irresponsável que foi feita tornou inúteis muitas provas, a investigação incompetente e irresponsável que foi feita acabou por levantar imensas dúvidas, a investigação”...bla bla bla bla.

Esta espécie de editorial de Pedro Tadeu, no 24 Horas de hoje, que envergonha o jornalismo mais elementar, por acusar objectiva e gratuitamente, outros jornalistas ( dois jornais e uma televisão que não nomeia e vilipendia), já tem barbas brancas, até aos pés dos métodos do apóstolo Tadeu. A "verdade, verdade, verdade", na Casa Pia, para Tadeu, o que é?
Uma cabala. Uma incompetência. Uma irresponsabilidade. Tadeu sabe que é assim, porquê? Porque ouviu, investigou, indagou, procurou, cogitou, matutou, relacionou, concluiu?
Não. Nada disso. Tadeu tem conhecimento desta verdade, através da versão única e exclusiva que noticia: a dos...arguidos.
Tudo lhe tem servido, desde a primeira hora, para proclamar esta verdade. Até a doença cística de um antigo ministro.
É por isso que para Tadeu se torna insuportável, ler e ouvir, na concorrência dos outros jornais e tv´s, as vítimas, os investigadores, os acusadores públicos, as testemunhas e quem pode colocar no outro prato da balança que Tadeu nunca quis ver, o módico de uma verdade que ele se recusa a conhecer e ponderar, por motivos mais que obscuros: inaceitáveis.
Um jornalismo que dá sempre primazia aos arguidos, em detrimento das vítimas; fazendo disso bandeira permanente, no jornal que publica, e assumindo-se como órgão de militância, a favor de uma parte, não
é sensato, nem pode ser honesto.

Tadeu é, por isso mesmo, um apóstolo: da verdade dos arguidos, apenas. Nem quer saber se pode haver outra. E que as duas, devem colocar-se lado a lado, para análise objectiva.
Para Tadeu , objectividade, é conceito omisso no seu dicionário jornalístico. Substituiu-a pela trilogia: famosos, dinheiro e crime. Em nome da verdade a que se acha com direito. Insano? Patológico? Talvez pior que isso.

PS: Hesitei em titular o postal, "As mãos sujas", numa alusão a Sartre. Este, escreveu a peça de teatro, questionando se um político, pode algumas vez exercer a actividade política, sem sujar as mãos, necessariamente...

6 comentários:

OSCAR ALHINHOS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
OSCAR ALHINHOS disse...

Como é evidente, à saciedade, todos os arguidos são inocentes, exceptuando o BIBI que era um malandro, abusava dos meninos...

Eu só gostava era que o filho, neto ou qualquer ente querido do Sr. Tadeu, que tivesse 8 a 14 aninhos de idade, passasse um fim de semana com estes inocentes...
Talvez viesse com um andar diferente. Por exemplo, podia ter-lhe entrado... alguma pedra no sapato... sei lá!

JC disse...

Em relação ao Snr. Tadeu, há outra hipótese que pode justificar esta cruzada na defesa dos arguidos, este interesse doentio em defender a tese da cabala (ou da urdidura, como outros dizem)...

Ritinha disse...

Até acredito que não tenham nada na manga.
Nem lá caberia.

Karocha disse...

Pois...

Anónimo disse...

Quanto às mãos sujas, caro José, é verdade que acredito que é capaz de ser raro o indíviduo que exerça a actividade política nunca sujar as mãos.
Mas eles fazem como Pilatos... lavam-nas.

O Público activista e relapso