sexta-feira, maio 31, 2013

Costumes capitosos

Em Portugal, antes de 25 de Abril de 1974, os costumes, digamos de natureza sexual, eram ainda muito recatados e púdicos. "Lá fora", mormente nos países anglo-saxónicos, talvez fossem igualmente recatados, mas havia manifestações de liberdade nesses costumes que por cá não se admitiam.
Um deles era a publicação de imagens de mulheres nuas. Por cá não havia. Não era permitido. A pornografia, então, nem pensar!-embora houvesse livrinhos rascamente ilustrados que se vendiam nas livrarias e quiosques, debaixo do balcão. Sei porque vi um deles que um amigo meu comprou na época e mostrou à turma, em 1972, por aí.  Pornografia nórdica, rasca até dizer basta. 

Portanto não havia cá Playboys, Penthouses e muito menos Hustlers. E nem sequer Lui, um magazine lustroso vindo de França e que os emigrantes traziam escondidos nas malas.
Então, à falta dessas cadelices, com que gatas caçavam os portugueses? Com imagens quase inocentes de uma nudez castigada em fatos de banho ainda "compostinhos" ou reportagens do estrangeiro.
Na Inglaterra, os jornais populares, tipo Sun, tomaram o gosto de apresentar as páginas três recheadas de curvas, para aplainar o voyeurismo bife.
Por cá, o melhor que se conseguia era isto:

Em 8 de Abril de 1967, o Século Ilustrado aproveitava a nova moda da "mini-saia" para apresentar quatro páginas de revista com boas pernas à mostra...


Em 22 de Fevereiro de 1969, a mesma revista dava ainda maior destaque a essa beleza particular.


Em 31 de Outubro de 1970, o Diário Popular mostrava a beleza mais sóbria mas nem por isso menos provocante de uma perfeição.

Em 1970, em Março já havia uma revista que pode ser assimilada de algum modo às revistas anglo-saxónicas com pretensões a servirem o universo masculino. A Mundo Moderno, quinzenal,  de 1 de Março desse ano  é exemplo disso e aproveitava o exemplo dos calendários ingleses" para fazer dupla página sugestiva.





Porém, o jornal que mais se aproximou da filosofia que as então feministas ( agora são todas do bloco...) apelidavam de "sexista", era A Capital, como mostra esta página capitosa da edição de 23 de Março de 1973.



Mais "sexista" que isto, havia? Havia, sim senhor. A revista de espectáculos, semanal, Rádio & Televisão, em 5 de Janeiro de 1974 já mostrava a dupla capa interior em poster para guardar e recordar. E havia outros pósteres ainda mais ousados...

Portanto, nessa época, havia outras publicações um pouco mais marginais e ditas "humorísticas" como as do Vilhena, completamente desavergonhadas e outras como "O Cara Alegre", e outras ainda mais avançadas nesse tipo de ilustração, nesse caso por  um desenhador esquecido, Carlos Alberto.
Do tal Cara Alegre dos primeiros meses de 74 ( altura do festival RTP da canção) esta página onde se pode ver...nudez. Pela primeira vez.

Resta dizer, finalmente, que aqueles que julgam que o Portugal anterior ao 25 de Abril era um país sombrio e bisonho podem estar bem enganados. Em 1970, as raparigas que tínhamos, dispostas a concorrer a "miss contracapa" daquela revista "Mundo Moderno", tinham esta imagem fabulosa. Ahahahah!





ADITAMENTO:

A pedido de ninguém aqui ficam mais exemplares das nossas "misses" que concorriam a figurar na contra-capa da revista Mundo Moderno, em 1970:

Mundo Moderno de 15 de Maio de 1970





Mundo Moderno 1 de Junho 1970:

Mundo Moderno 15 de Agosto de 1970:

Mundo Moderno 1 de Setembro de 1970:

E a capa do Mundo Moderno de 1 de Junho de 1970:

Do mesmo número, estas duas páginas. A da esquerda sobre o grupo Chicago. Na da direita, este artigo que Daniel Ricardo não poderá compreender ou explicar como foi publicado...





Os tóxicos

Expresso online:

Presidentes executivos, administradores e gestores financeiros das empresas públicas de transportes, Metro de Lisboa e do Porto, Carris, STCP, CP e EGREP - Entidade Gestora de Reservas de Produtos Petrolíferos envolvidos na contratação de swaps tóxicos, foram hoje afastados dos seus cargos pelo Governo.
Depois de concluir a avaliação sobre o grau de toxicidade dos contratos de swaps que foram negociados pelas empresas públicas, o Governo decidiu afastar todos os executivos e gestores ligados a estas operações.
Estão nesta lista nomes como o presidente conjunto da Carris e do Metro de Lisboa, Silva Rodrigues.
De fora ficou a equipa de gestão da Transtejo, que também realizou contratos de swaps mas que foram considerados não tóxicos. 
 
Agora vão soltar a língua, para dispersar o veneno. Aposto que se vai saber algumas coisas que antes não se saberiam. Só temos a ganhar com isso.

quinta-feira, maio 30, 2013

Mário Soares, um desmemoriado a quem só interessa o poder

Mário Soares em Setembro de 1976 era primeiro-ministro. Desastrado. O país estava à beira da bancarrota, pela primeira vez em décadas e décadas, depois de ter crescido economicamente, ainda escassos três anos antes a taxas incríveis.
Com o 25 de Abril de 1974 foram-se os capitais, escorraçados pelos comunistas e ficou a miséria. Mas andavam todos contentes a brincar aos partidos e à política. Mário Soares estava nas suas sete quintas, só que já não tinha feitores, nem cães, nem gado nem gente para as trabalhar.
Em 11 de Março de 1975 a "banca" passou toda para o povo e o povo ficou contente e satisfeito com o feito comunista. Dali a meses, gemia porque não havia dinheiro para mandar cantar um cego. A indústria pesada, toda nacionalizada e também do povo pouco ou nada produzia, apesar de os salários terem sido aumentados por decreto. A inflação aparecia a galope e...o que fazia Mário Soares, sempre nas suas sete quintinhas?

Fazia isto, sem vergonha alguma ( como a gora continua a não ter e por isso todo o mundo lhe pertence): " aumentos dos transportes, racionamentos selectivos, limitações de remunerações complementares, etc etc. Sem meios para fazer face à iminente bancarrota ( a primeira em décadas e décadas, que o "fassismo", esse regime miserável nunca teve) Soares aderiu àquilo que agora não quer nem ver pintado: a austeridade pura e dura. Começou com subsídio de Natal, que foi pago...em títulos.
Medina Carreira deve saber bem porque estava lá a ver o barco nacional a afundar, numa maré de demagogia, incompetência, irresponsabilidade e sem vergonhice maior- tudo características natas deste Soares que nos saiu em rifa e anda por aí a arrastar-se em completa desfaçatez.
Nessa altura, como estava no poder e tinha responsabilidades pesadíssimas sobre o que acontecia recomendava austeridade como caldo de galinha para a maleita nacional. Agora regurgita vómitos de ignomínias para com este governo que tenta fazer o melhor que pode e sabe para remendar outra iminente bancarrota preparada a preceito pelos parceiros de Soares. Fantástico! Só visto. Em 1984 voltou ao mesmo...com a mesma desfaçatez e tenho por aqui mais memórias dessa época. Para recordar um dia destes...só é pena que as pessoas não se lembrem deste farsante político e não lhe dêem o pontapé metafórico que há anos anda a merecer.























Repare-se o item "Empresas intervencionadas": "O Governo diz não ( reforçado a negrito no original) ao estado patrão. Procura encontrar soluções para as trezentas empresas intervencionadas as quais terão que ser ou de novo entregues à iniciativa privada, ou entrarem em esquemas de economia mista ou virem a ser transformadas em cooperativas".
Repare-se nisto que até agora desconhecia: Soares, em 1976, já tinha a noção que a nacionalização do tecido produtivo tinha sido um erro enorme. Pois bem, só em meados dos anos oitenta, para fins, em 1989, com a revisão constitucional e depois da entrada de Portugal na CEE aceitou abandonar a norma constitucional da "irreversibilidade das nacionalizações". Repare-se nisto que é importante: Soares só mais de uma dúzia de anos depois foi capaz de pôr em prática, e mal, aquilo que já em 1976 sabia ser inevitável. Um indivíduo destes que faz uma coisa destas a um país, merece que sorte? Ser presidente da República, voilà! E foi exactamente por isso que se opôs à mudança constitucional. Se assim não fosse nunca teria sido eleito pelos" pobrezinhos" do pcp e de toda a esquerda, contra a "burguesia" e  que taparam os olhos para colocar a cruzinha no boletim de voto. Tal e qual.
E depois até o PSD votou neste farsante.  O tempore! O mores!

A legitimidade do poder que está

O regime deposto em 25 de Abril de 1974 tem sido entendido como um "regime fascista", pela própria Constituição no seu preâmbulo nunca revogado. É uma ignomínia, evidentemente. Uma falsificação histórica que tem apoio apenas no entender ideológico do partido comunista e compagnons de route, mesmo por atalhos como é o caso da esquerda radical que pulula em Portugal como em lado nenhum da Europa.

O regime que Marcello Caetano governava em 1974 era um regime que não era fascista e ponto final.

A legalidade do regime assentava em instrumentos legislativos aprovados em assembleias de deputados ou em governos autorizados a aprovar tais leis. A legalidade do regime de Marcello Caetano não era uma legalidade revolucionária como a do MFA que lhe sucedeu. Era uma legalidade com quase 50 anos e sendo um regime em que certas liberdades fundamentais, como a de associação, reunião e expressão, eram limitadas, tal assentava em leis que assim o determinavam. Não era um regime de arbitrariedade em que o poder político fazia o que queria, nomeadamente prender pessoas sem motivo justificativo ou mantê-las presas sem culpa formada por tempo inadmissível. Nunca a PIDE/DGS actuou, nos últimos anos do regime como o COPCON de Otelo o fez.

Antes de 25 de Abril de 1974, as pessoas que eram presas pela chamada polícia política ( a DGS, antes PIDE) eram-no por motivos concretos e legalmente previstos. A chamada actividade subversiva poderia ser um desses motivos e que estava devidamente previsto na lei, conhecida de todos.
Aqueles que foram presos por esses motivos políticos não têm que se queixar de arbitrariedades se de facto professavam doutrinas ideológicas que pretendiam o derrube do regime, algumas através de meios violentos, como durante muito tempo ( provavelmente até mesmo ao 25 de Abril de 1974) o PCP defendeu e a extrema-esquerda praticou e doutrinou clandestinamente, como um Pacheco Pereira muito bem sabe.
Não têm que se queixar de nada aqueles que foram presos por esses motivos, a não ser se o foram injustamente, ou seja, por não pretenderem derrubar o regime ou por não se dedicarem às tais actividades clandestinas e subversivas. Tiveram o que legalmente mereciam e teriam feito o mesmo aos adversários se estivessem no lugar do poder. De tal modo que após o 25 de Abril de 1974 prenderam efectivamente esses adversários, mas de um modo singular: arbitrário, completamente à margem da legalidade vigente e sem qualquer sombra de legitimidade democrática para o fazerem, a não ser a que derivou do PREC.

É esta visão da História e dos acontecimentos que nunca é contada, sendo o regime deposto apresentado sempre como a face visível de todos os horrores possíveis e imaginários só tendo comparação com uma imagem, ela mesmo também singular e de que o PCP se queixava, até que assimilou a ironia para a desconstruir: o regime deposto faria circular que os comunistas comiam criancinhas ao pequeno-almoço. Agora quem comia monstros a todas as refeições era o "fassismo", como um Domingos Abrantes ( ainda vivo e actuante na sibilância ideológica estalinista) costuma dizer.

O Código  Penal de 1886 que vigorava em 1974 e durou até 1982, com poucas alterações de fundo ou de forma, estabelecia os crimes seguintes para quem atentasse contra o Estado legalmente constituído:

Quem assim procedesse, como era o caso dos comunistas em geral, tinha o destino dos criminosos: prisão. Podem barafustar que não devia ser assim, mas era. E portanto, a legalidade era essa e tinha que ser cumprida. E foi.
Com a Revolução alterou-se radicalmente o panorama político e a própria legalidade modificou-se porque os presos políticos, pela prática de crimes contra a segurança do Estado foram libertados sem mais nem aquelas. Pura e simplesmente, a legalidade revolucionária solucionou o problema jurírico, sem alterar sentenças ou leis ou fosse o que fosse. Pura e simplesmente, um decreto do poder da Junta de Salvação Nacional resolveu o assunto de uma penada. É assim a Revolução que come os filhos ao pequeno almoço...segundo os mesmos comunistas.

Portanto, os jornais da época relatavam os acontecimentos relacionados com as prisões dos tais comunistas subversivos. Como este Diário Popular de 27 de Outubro de 1971:


Como se pode ler, as acusações contra os presos eram relativas a "actividade subversiva" para "derrubar o Governo por meios violentos, a fim de instituir uma forma de Governo baseada nas teorias marxistas-leninistas".
E não era mesmo assim? Porventura as autoridades do regime deposto estavam erradas quanto aos propósitos desses acusados? E não tinham legitimidade para tal? E não actuavam nos limites da legalidade estrita?
Então de que se queixam? De o país não ser comunista, como eles queriam que fosse? Será isso?
Da tortura? Disso terão obviamente razão, indiscutivelmente, porque não há legalidade possível para sustentar essas práticas e métodos, a não ser exactamente nos regimes comunistas em que essas práticas eram correntes e mais usuais e brutais ( historicamente é indesmentível, tal facto). Mas tirando tal coisa, de nada se podem queixar. 

Logo após a queda do regime foram presas algumas figuras gradas do mesmo, como estas que O Jornal de 19 de Dezembro de 1975 dá conta, apelidando-as abertamente de "fascistas" porque era assim que a esquerda comunista começou a chamar aos mesmos. O discurso político passou a ser esse e os habituais compagnons de route do comunismo, como no caso eram os de O Jornal,  aliaram-se às palavras que definem os conceitos.

Mas havia um problema: que legalidade vigente permitiria a prisão, sem qualquer culpa formada, como foi o caso desses novos presos políticos e portanto em flagrante violação de direitos humanos legalmente consagrados no direito vigente? Nenhuma legalidade havia. Absolutamente nenhuma e portanto tais prisões configuraram abusos graves, mais graves do que aqueles que porventura são motivo de queixa daqueles que sofreram as consequências da tal "actividade subversiva".

Nenhuma legalidade apareceu, logo depois de 25 de Abril de 1974 para permitir apodar de "fascista" o regime in totum ou os seus participantes. Nenhuma a não ser a novilíngua comunista introduzida a mascoto nos media. Portanto, isto configura um abuso grave e uma ignomínia ainda mais grave.
Que legalidade havia para prender os próceres mais chegados ao regime deposto, se não se lhe apontassem crimes de delito comum conhecidos e comprovados? Nenhuma igualmente. O regime que substituiu o deposto não logrou gizar qualquer legislação que pudesse sustentar em termos de direito e justiça tais actos arbitrários de prisão, sem qualquer culpa formada.
Ainda assim ninguém se importou porque provavelmente aqueles que sofreram as consequências do antigo regime, vingavam-se agora, "democraticamente" das perseguições sofridas e os que não estavam nessas condições fizeram de conta que não era nada com eles, como pessoas corajosas que sempre foram.

O caso particular de Kaulza de Arriaga, contado aqui num artigo do O Jornal é exemplar daquilo que os "democratas" revolucionácios acolitados por militares fizeram.
Evidentemente que ninguém foi julgado, apesar das tentativas pífias dos "antifassistas" encartados em Direito e outros que tais para o efeito, com invenções de leis inexistentes que nunca chegaram a ser aplicadas.

Entretanto o tempo ia passando e esta página do O Jornal dá conta da existência de "4 países libertados": Portugal, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. Libertados de quê, afinal? Do "fassismo" pronunciado à Domingos Abrantes.  Isso mesmo e foi a Bertrand que publicou logo, pressurosamente.
Esta História ninguém a conta...




A Visão reincide na falsificação da História

A revista Visão, herdeira da aventura jornalística de O Jornal, saído em Maio de 1975 publica de vez em quando uns suplementos sobre História.
Hoje, o assunto é "1973/1974- os últimos meses do Estado Novo" e como habitualmente o que se lê é o habitual chorrilho de versões históricas da nossa Esquerda enraizada nos media. Não há um único artigo que se possa ler e alguém que viveu o tempo possa dizer: "foi assim". Nem um! A perspectiva histórica desta gente está seriamente amputada por preconceitos ideológicos já tão marcados que a simples lavagem cerebral não explica tudo. É demais e sempre foi assim. Em primeiro lugar a referência ao Estado Novo, quando em 1973 se falava já noutra coisa e o regime tinha efectivamente mudado, desde 1968. Enfim.

O artigo de Daniel Ricardo, um veterano destas andanças, então, é mesmo exemplar do facciosismo ideológico e desprovido do mais singelo recuo temporal para poder escrever sobre o que foi o tempo de 1973, ano do nascimento do Expresso.
Todo o artigo foca a Censura/ Exame Prévio, como entidade capadora da Liberdade de imprensa que agora parecem gozar. Agora, pelo menos, não há entidade externa que censura porque lhes basta a censura interior e interna. Assim, com factos e verdades, mentem e enganam que lê. Escreve Daniel Ricardo, citando um livro de outro prócere ideológico, José Pedro Castanheira, que "nos 68 números do Expresso saídos até ao 25 de Abril houve 1856 artigos censurados, com 4 447 cortes, 469 integrais."
Gostaria de saber, só em relação ao último ano, de 2012, quantos artigos terão sido censurados, perdão, omitidos, perdão redigidos no politicamente correcto, perdão, evitados interior e internamente.



Mas enfim, que havia Censura é um facto. Mas não o é entender como certo e indiscutível  que "Era proibido noticiar casos de vadiagem, libertinagem, uso de estupefacientes, suicídio e crimes violentos", por muito que seja citada a legislação da época ( 1972) emitida das autoridades ( Secretaria de Estado da Informação e Turismo, de César Moreira Baptista).

A prova? Está aqui e vai já a seguir:

O Diário Popular de 6 Novembro de 1970 relatava um crime violento. Bem violento. Sem censura e muito melhor relatado do que o jornalismo actual sabe fazer.

 A Capital de 29 de Maio de 1972 ainda é mais explícita no desmentido do escrito de Ricardo. A notícia vem acompanhada de foto que segundo Ricardo nunca poderia ter sido publicada.

Em 17 de Fevereiro de 1972 no Diário Popular aparecia outro tema proibido, para Daniel Ricardo: a droga. É ler o desmentido.
Em 5 de Setembro de 1972 A Capital publicava esta notícia que não poderia ser publicada, depois daquelas instruções de Moreira Baptista...


Em 7 de Maio de 1973 na A Capital nova notícia sobre "drogas"...


No Diário Popular de 30 10 1973 há a notícia de um...infanticídio. É verdade que não é de um aborto, mas foi o que se pôde arranjar. E tal notícia seria de publicação impossível para quem ler o que Daniel Ricardo escreveu.


E esta notícia então é que seria mesmo impossível de passar no crivo da Censura. Fala numa "Frente de Libertação Nacional" e num possível atentado terrorista. Vem no Diário de Lisboa de 2 de Novembro de 1973, com foto e tudo da fábrica chamuscada. Ai, Daniel Ricardo...
De resto sobre acontecimentos de natureza política, o tempo era um horror "fassista". Não havia liberdade nenhuma e as eleições de finais de 73 foram uma farsa, como é discurso corrente.

Não obstante, a Capital de 14 de Outubro de 1973 dava várias páginas em suplemento ao assunto. Aqui ficam duas em que a palavra Oposição e a palavra CDE não foram censuradas...



E se julgam que eram apenas estes jornais, desafectos do regime ou do governo que tratavam estes assuntos, assim em liberdade informativa a contrariar as instruções de Moreira Baptista que Daniel Ricardo aproveita para levar água a um moinho ideológico que já cansa de tanta manipulação e falsificação histórica, havia também outro bem afecto ao regime.

O Século de 1 de Janeiro de 1974 publicava uma notícia que Daniel Ricardo não entenderá como foi possível...



De onde vieram estes exemplos, há mais. Por favor, antes de escreverem sobre a nossa História, informem-se. Consultem documentos. E não mintam às pessoas porque já cansa tanta falsificação em nome não se sabe bem de quê. Da Verdade não é certamente.

quarta-feira, maio 29, 2013

Os economistas de antanho

Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, uma das figuras que se destacou mediaticamente, nos jornais e revistas da esquerda ( a nova Vida Mundial deu-lhe uma capa, logo) foi Francisco Pereira de Moura. Fez logo parte do primeiro governo provisório chefiado por Adelino da Palma Carlos ( um maçónico consensual, universitário de Direito), como ministro sem pasta.
Francisco Pereira de Moura tinha então 49 anos e era militante do MDP, o movimento cripto-comunista que apoiava em muleta o PCP. Era professor catedrático do Instituto Superior de Economia, numa altura em que ainda não havia doutores a falar inglês nas aulas de universidades portuguesas, a ensinar técnicas de gestão importadas do estrangeiro americano. Foi também demitido dessas funções, pelo regime de Caetano por ter participado no "caso da capela do Rato", antes do largo ser de quem é. Foi ainda candidato nas eleições de 1969 ( a ditadura também tinha eleições...)  pela CDE. Apesar disso, "deu" pareceres ( não remunerados, por suposto...)sobre o sector industrial no II Plano de Fomento porque também foi procurador à Câmara Corporativa.

Francisco Pereira de Moura tinha um livrito que en 1973 ia na 4ª edição, chamado "Por onde vai a  economia portuguesa?".
Muito interessante, editado pela Seara Nova ( logo apanhada pelos comunistas) aqui fica o índice e o prefácio a essa edição de Outubro de 1973. É de notar que tinha um capítulo sobre a economia marxista e as reflexões que fazia sobre a economia portuguesa em 1972 espelhavam exactamente essa perspectiva ideológica.

Ah! Já esquecia: em Outubro de 1973 ainda havia "fassismo" em Portugal, com censura prévia ou a posteriori. Mas este livro publicou-se...em 19 de Novembro de 1973. 

Não obstante a existência de um Instituto Superior de Economia ( o ISCTE já era reserva de sindicalistas sociologicamente estudantes da esquerda jacobina), os economistas no Portugal de 1974 eram profissão sem prestígio a não ser nas academias do instituto que nem universidade era.
Em 2 de Dezembro de 1976 a revista Opção dava conta disso mesmo.Como se escreve no artigo, "numericamente, os economistas são muito poucos" mas já eram uma classe que "aspiram a ser uma das novas classes dirigentes deste Portugal renovado." E de que maneira! Cavaco Silva nessa altura, estaria já a preparar um doutoramento numa universidade tão prestigiada como...York. No Reino Unido...
Podemos por isso perceber de onde veio a onda de economistas que, tal tsunami, invadiu a sociedade portuguesa nos últimos trinta e tal anos. Que desgraça!



A corrupção nos tempos da ditadura e na democracia

Paulo Morais, um activista do combate à corrupção, em vias de profissionalização, acha agora que   "a corrupção não é um problema da democracia" mas que vinha da ditadura, considerando que o regime "falhou completamente" a combatê-la e organizou-se para a fomentar."
E mais: "A corrupção não é um problema da democracia, é um problema que já vinha do tempo da ditadura. Quando se dá o 25 de Abril, no manifesto do programa do Movimento das Forças Armadas, na primeira página, um dos combates que é lá preconizado é o combate à corrupção", recorda."

Ora bem. Vamos ser directos e consequentes: Paulo Morais não sabe do que fala, quando fala assim. Ponto.
Ao discursar deste modo, perante um Marinho e Pinto ( olha logo quem!), precisava de apresentar factos e nomes, como faz relativamente aos pretensos protagonistas da corrupção em Portugal, actualmente, sendo certo que Paulo Morais confunde desvios morais ( ou éticos) com crimes de corrupção. E não sabe distinguir, aparentemente.
Portanto, ao dizer publicamente que a corrupção é problema que já vem do tempo da ditadura não se percebe o que quer dizer. Porém, ao falar assim, vai ganhar respeitabilidade acrescida porque é assim o discurso corrente do politicamente correcto ambiente.

Por mim, conheço muito poucos casos de corrupção clara e flagrante vindos desses tempos. Um deles, muito falado, tem a ver com um certo major que vendia batatas ao Regimento, ficando com os trocos.
Porém, sobre contratos de armamento, por exemplo e num tempo de guerra no Ultramar, nada se fala...ou se falou. E hoje? Que dizer do caso dos submarinos ou dos casos avulsos do SIRESP, etc etc?
Sobre negociatas entre empresas de obras públicas e o Estado haveria muitos jorges coelhos a falar fassista? E sobre as firmas de advogados da consultadoria permanente em parecerística, havia sequer disso?
E na Assembleia Nacional quantos deputados havia com interesses particulares em firmas privadas?
E sobre os governantes, haverá algum que tenha sequer tido suspeitas de casos tipo Face Oculta ou fax de Macau?
Estamos a brincar, quando tentamos sequer o paralelismo...
Se Paulo Morais quer falar dos corruptos morais que então existiam, em paralelo com os de hoje, vai ter muita dificuldade em encontrar exemplos concretos, porque um deles, apontado como tal, era o Almirante Henrique Tenreiro. Apesar do perfil que lhe é traçado pelos falsificadores ideológicos da História, há factos contra os quais não há argumentos: morreu pobre, destituído de honrarias militares e tudo. 

É certo que há muito poucas pessoas a contarem a História, porque esta foi capturada pelos Rosas e Flunsers que adquiram o monopólio narrativo. Mas ainda vai havendo quem se lembra e saiba contar...e Paulo Morais devia ler, em vez de fazer estas tristes figuras desnecessárias.

Será que se pode dizer o mesmo de certos figurões, tidos como patronos da actual democracia? Onde foram buscar o que têm?




domingo, maio 26, 2013

Citius, altius e maçónicus

InVerbis:

Governo anterior adjudicou à Critical Software um projecto que veio a resultar no Citius Plus, que surgiu em 2011 e estava até ao início desta semana instalado no Tribunal Judicial da Figueira da Foz, no Tribunal de Trabalho da Figueira e no Tribunal da Re

O Ministério da Justiça desistiu do projecto da empresa Critical Software, a quem pagou meio milhão de euros, para criar mais funcionalidades e tornar mais seguro o sistema informático dos tribunais.

A empresa Critical Software tinha sido contratada pelo anterior Governo, em meados de 2010, por cerca de um milhão de euros, mas o acordo, por ajuste directo, não foi cumprido e o Ministério da Justiça optou pelo trabalho desenvolvido por uma equipa interna, que se demitiu no início do ano.

"A empresa Critical não teve qualquer participação neste projecto", garante o Ministério da Justiça, que, desde terça-feira, optou pela instalação em todos os tribunais de uma versão com novas funcionalidades e melhorada, ao nível da segurança e do desempenho, pela equipa de Coimbra.

Segundo o Ministério da Justiça, após "análise técnica", esta versão, que foi desenvolvida "com recursos internos do Ministério da Justiça", permite "suportar o novo Código de Processo Civil".

Esta análise técnica corroborou as conclusões de uma anterior que o Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça (ITIJ), extinto em 2012, já tinha apresentado à tutela em 2011.


Este assunto dos programas informáticos que gerem os processos nos tribunais tem muito mais que se lhe diga e pelos vistos já há quem o diga, de modo a levantar sérias suspeitas que legitimam a instauração de um inquérito criminal.
A primeira coisa a fazer é saber uma coisa muito simples: quem é quem na Critical Software?  O maçónico José Magalhães, das colunatas no gabinete, deve saber...

ADITAMENTO em 29.5.2013:

A empresa Critical Software, sentindo-se atingida nos seus interesses publicou já um comunicado em modos de "direito de resposta"  à notícia veiculado originalmente pela TSF. Importa publicar aqui, para melhor esclarecimento porque o caso apresenta-se com feição pouco clara. E talvez seja fácil de esclarecer. Aliás, seria sempre esse o caso porque o assunto é requentado e já houve muito tempo para esclarecimentos.

Assim:

"A TSF publicou no dia 26 de maio a notícia «Governo desiste de contrato de informática que custou meio milhão de euros» (Lusa), que suscitou um pedido de direito de resposta da empresa Critical Software.


A TSF transcreve a seguir, e na íntegra, o texto que nos foi enviado:

«A Critical Software tomou ontem, dia 26 de Maio de 2013, conhecimento do artigo publicado nesse mesmo dia por V. Exas., com o título "Governo desiste de contrato de informática nos tribunais que custou meio milhão".

Na sequência do conteúdo do referido artigo, a Critical Software passa a esclarecer:

1. A Critical Software é uma empresa que opera à escala global, fornecendo soluções de software de elevada fiabilidade e disponibilidade que suportam sistemas de informação críticos para o Negócio e/ou Missão de empresas e organismos líderes nos seus mercados. A Critical Software rege a sua atuação pelos mais elevados padrões de qualidade e de ética. Fundada em Portugal em 1998, a Critical Software tem sede em Coimbra, escritórios em Lisboa e Porto e marca presença, através de subsidiárias, em Southampton e Somerset (Reino Unido), Chicago e New Jersey (EUA), São Paulo (Brasil), Maputo (Moçambique), Luanda (Angola) e Singapura. A empresa possui um sistema de gestão de qualidade com certificações CMMI( R ) Level5, ISO 9001:2008 Tick-IT, EN 9100, AQAP 2110 e 2210 (NATO), e implementa também os standards ISO 12207 e ISO 15504 (SPICE), tendo cerca de 80% do seu volume negócios provenientes dos mercados internacionais.

2. A Critical Software foi surpreendida com o teor da notícia, não apenas porque não foi chamada a prestar quaisquer esclarecimentos sobre o mesmo, mas também, e sobretudo, pelo amplo conjunto de informações erradas que contem.

3. O Projecto Citius Plus foi adjudicado pelo Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça (ITIJ) à Critical Software, através de um procedimento de ajuste direto, previsto na lei. O procedimento em questão recebeu o visto do Tribunal de Contas no dia 22 de Junho de 2010.

4. Os objetivos, muito precisos e claros, estabalecidos para o projeto, foram: - Robustecimento da plataforma Citius/Habilus pela migração do seu código (assente em tecnologia obsoleta); - Resolução de bem identificados, e particularmente sérios, problemas de segurança; - Definição de um conjunto de processos e práticas que visavam melhorar a forma de trabalhar da equipa do ITIJ responsável pela plataforma - seguindo as melhores práticas para o efeito.

5. Com tais objetivos em mente, o Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça (ITIJ), entidade extinta em 2012, iniciou o projeto conjuntamente com a Critical Software em Junho de 2010. Este projeto foi completa e cabalmente concretizado, formalmente aceite pelo Ministério da Justiça e, como estava previsto, implementado em alguns tribunais do país. A sua conclusão, e início de utilização do software, ocorreu em 28 de Junho de 2011.
6. A partir de 28 de Junho de 2011, a Critical Software deixou de ter qualquer responsabilidade sobre o referido projeto e suas futuras evoluções, excetuando o estabelecido no normal período de garantia.


7. A Critical Software cumpriu na íntegra e escrupulosamente todas as responsabilidades resultantes do contrato. O seu resultado, aliás, existe e é, portanto, passível de escrutínio objetivo e rigoroso.

8. O relatório de auditoria, mencionado no artigo, foi um documento produzido pela equipa que tinha desenvolvido, anteriormente, a solução que este projeto visava substituir. O relatório foi extensamente analisado e discutido com o Conselho Diretivo do ITIJ. Todas as dúvidas foram esclarecidas e as críticas foram respondidas, tendo nessa sequência o projeto sido aceite.

9. A Critical Software não pode por isso responder ou prestar quaisquer esclarecimentos relacionados com a evolução do projeto posteriores a 28 de Junho de 2011, data a partir da qual deixou de ter qualquer responsabilidade em relação ao referido projeto.

10. Mais esclarece a Critical Software que não recebeu qualquer adjudicação por parte do Ministério da Justiça depois de dia 28 de Junho de 2011. A eventual adjudicação de 70.000euro referida no artigo não tem qualquer relação, direta ou indireta, com a Critical Software. Também não existiu qualquer recuo na adjudicação deste projeto, que foi cumprido e entregue dentro do prazo estipulado (Junho 2010- Junho 2011), tendo o valor pelo qual foi adjudicado sido integralmente pago à Critical Software, pelo que as afirmações constantes do referido artigo são falsas».

O problema que aqui coloco neste texto é o seguinte:
Começo por citar a própria empresa ao dizer que "a Critical Software rege a sua atuação pelos mais elevados padrões de qualidade e de ética". Vamos nessa...e então, tendo em conta que "o Projecto Citius Plus foi adjudicado pelo Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça (ITIJ) à Critical Software, através de um procedimento de ajuste direto, previsto na lei", digam por favor quem negociou directamente ( os nomes dos negociantes, concretos) e como foi ajustado o preço. De resto gostaríamos de saber " quem é quem" na Critical Software.
Concretamente, José Magalhães ou alguém ao mesmo ligado, pessoal ou profissionalmente, desempenhou algum papel no assunto?

Perguntar não ofende, se as respostas puderem ser dadas correcta e claramente.



Uma K de circunstância

Fica aqui uma K de Fevereiro  de 1992. Sobre o futebol e o choro...


A polissemia da palavra corrupção integra um crime perfeito

Paulo Morais, um "estudioso da Matemática" ( hum...hum..hum...) já foi entrevistado pelo Expresso para falar de...corrupção. Vai no bom caminho até porque a entrevistadora é uma "analfabeta", Clara Ferreira Alves. Não obstante o desconhecimento endógeno, a mesma articula algumas boas perguntas ao cavaleiro branco ( a "escritora" emplumada chama-lhe "cavaleiro da independência e da anticorrupção em Portugal" que "sabe os nomes e números de cor" ) nomeadamente aquela que contende com a circunstância de o mesmo "correr o risco de se institucionalizar e se tornarem a instituição contra a corrupção", através da Associação de Transparência e Integridade que fundou, juntamente com outros, como o falecido José Luís Saldanha Sanches.

Apesar desse risco se tornar evidente, esvaziando a força de denúncia de casos concretos, a verdade é que a entrevista de Paulo Morais tem pontas onde se lhe pode pegar para mostrar como estamos.
Esta página é reveladora de alguns fenómenos preocupantes que ninguém nos media alcança como potenciadores de corrupção e alguns deles mesmo sinais evidentes da sua existência atávica, na sociedade portuguesa actual.


Mesmo conhecendo estes casos e circunstâncias aqui aludidos, a antiga directora do DCIAP, Cândida de Almeida, mai-lo seu mentor profissional no MºPº, o PGR Pinto Monteiro, consideravam que os níveis de corrupção em Portugal eram negligenciáveis porque "Portugal não é um país de corruptos".
Isto dá que pensar uma vez que Portugal é mesmo um país de corruptos e em grau tal que as pessoas com responsabilidade para reconhecer o fenómeno já nem dão por ele...

O que se passou nos últimos trinta e tal anos em Portugal para chegarmos a este ponto? Valeria a pena reflectir nisso porque a principal razão está na mutação de alguns valores e oportunidades de vida dos que abraçaram a causa pública em modo permanente.
As referências antigas a honra, moral ( agora chamada ética), compromisso pessoal, trabalho, dedicação funcional à coisa pública, separação entre interesses privados e públicos, competência profissional e pessoal, modo de escolha de responsáveis políticos e técnicos, ensino de valores e referências culturais e morais, alteraram-se de modo significativo nestas últimas décadas, a tal ponto que o modo de viver a normalidade política mostra o que está à vista e só aqueles dois e mais alguns ( proenças de carvalho, jorges coelhos, júdices, etc etc)  não conseguiram lobrigar.
Alguns percebem muito bem o significado da palavra , simplesmente fazem-se desentendidos na conceptualização. Desvalorizam, apoucam, menorizam porque tal lhes confere a vantagem de continuarem a usufruir do discurso dominante que se instalou nos media.

A denúncia deste fenómeno social, evolutivo nas suas múltiplas manifestações, devia ser papel dos media em Portugal, mas não é, apesar destas mostras de preocupação, como a entrevista denota. A entrevista, em si mesma, é já um sinal do papel reciclador que os media assumem relativamente a estes "cavaleiros da independência" que nem se dão conta da absorção que o sistema já pôs em marcha para os domesticar ao discurso dominante, como aconteceu com aqueloutros acima nomeados. Para evidenciar o epifenómeno basta dar alguma atenção aos comentadores convidados pelas anas lourenços e outros. Alguns são exactamente os nomeados por Paulo Morais...

De resto, na entrevista de Paulo Morais só faltou designar o Expresso  e principalmente a SIC como fautores dessas manobras de permanente reciclagem, em que Balsemão se tornou perito há longos anos. Por um motivo: manter o estatuto de "tycoon" da ordem de valores dominante que produziu os fenómenos escabrosos a que assistimos todos os dias.

Se alguém quiser estudar o fenómeno da corrupção polissémica em Portugal nos dias de hoje tem um exemplo antropológico à vista: Jorge Coelho. Estude-se o percurso deste indivíduo, da sua entourage, amigos mediáticos e "sistema de contactos"  e "hádem" ver o fenómeno evolutivo a emergir do lodo.  É mesmo exemplar, a meu ver. E provavelmente nem tem ponta de crime que se lhe aponte...o que é fantástico e merecia tese de doutoramento, em vez de livros que defraudam a realidade, tipo "uma drogada suja" ( plágio descarado ao RAP). A corrupção de topo, em Portugal, não é crime porque a legalidade estrita cobre todos os parâmetros da tipicização. Menos um, intangível a não ser nas catacumbas filosóficas: o da moralidade que é coisa que não conta para nada, a não ser para impedir que todos comam, porque não há prato para tantos. Por essa razão, já o ilustrérrimo interpelante de um antigo ministro da Educação de Salazar dizia que " a ética é a lei". E tem sido assim que se safam sempre...o que Paulo Morais parece ainda não ter entendido.

sábado, maio 25, 2013

O analista elitista que não tira conclusões

Francisco José Viegas, um perdulário do senso comum, anda a esportular ideias avulsas. Uma delas é esta:

Se alguma coisa falhou não foi o país, foram as elites, afirma o ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas.
O escritor, que falava este sábado no LeV - Festival Literatura em Viagem, em Matosinhos, considera que nos últimos 40 anos tem faltado empenho às elites.
“Os ricos portugueses andam especialmente tolos e eles são especialmente responsáveis por esta situação, porque podiam fazer e não fizeram. Se alguma coisa falhou nos últimos 40 anos foram estas elites, não fomos nós todos. Quando nós estamos a deslocar a culpa para nós que votámos ou que governámos, não. Quando me diziam: ‘ agora que já estás fora do poder, eu começava a rir. Poder? Qual poder?”, disse Francisco José Viegas.


Este pândego, Viegas, acha que o problema nacional tem a ver com as elites. Elites? Que elites, caro Viegas que nem conheço?

Nos últimos 40 anos essas elites forçosamente teriam que se mostrar nos nossos media. E afinal o que podemos ver, como "elite" , nos media dos últimos 40 anos?

Pessoal político de elite?  Sempre os mesmos: Cavaco, Soares, um PCP fossilizado, uma esquerda florida em bloco, fossilizada numa ideologia impossível, um AlegreFerroPedroso, uma direita inexistente fagocitada por uma esquerda utópica e sem remissão. É isto a elite política?

E a cultural? Deixe-me rir, caro Viegas que nem conheço. V. conhece alguma elite cultural, em Portugal?

O Esteves Cardoso? O Eduardo Lourenço? O Sousa Tavares "escritor"? O Lobo Antunes ressabiado? A Joana Vasconcelos dos sapatos de brilhantes? A Paula Rego que pinta lá fora? O Siza Vieira da pala? O cinema que só existe em segredo e para alguns?  Os jornais do jornalismo tipo " para quem é bacalhau basta"?  As televisões tipo anas lourenços dos balsemões vendidos ao poder qualquer que seja?
E a elite económica? Riso reforçado, caro Viegas que nem conheço. O Salgado da banca que assaltou a concorrência em tandem com uns governantes?  Os donos da distribuição de mercearias, como dizia o Valentim Loureiro ( outro da elite) erigidos nos grandes capitalistas nacionais para os fósseis bolchevistas tipo Arménio de voz de cana rachada? A Avoila? O Jerónimo?
O Jorge Coelho, o tal do "hádem" cooptado pelos patos bravos da construção civil das obras públicas? O Mota da Mota&Companhia? O Sérvulo, finório da advocacia de negócios, rei em terra de ceguetas, mas acompanhado por um séquito de galvõestelles, arnauts, verasjardins, lamegos, e tutti quanti vieirasdealmeida e vitorininhos?
Um poder judicial de cândidos pintosmonteiros e cunhas rodrigues, superiormenre acolitados por noronhas?

São esses a elite, caro Viegas que nem conheço?

Se são- e não vejo outras- estamos tramados.  A pergunta que há a colocar, caro Viegas que nem conheço, é uma: quem escolheu estas elites para mandarem em Portugal? Foi a democracia? Parece que sim...
Tire portanto as suas conclusões.

Marcello Caetano por Vasco Pulido Valente na K de 1990- parte 2

E para complemento, dois artigos de antigos ministros de Marcello Caetano publicados no Diário de Notícias de 17 de Agosto de 2006 por ocasião do 100º aniversário de Marcello Caetano, o qual mereceu muito menos destaque público do que o dado actualmente a Álvaro Cunhal, esse farol do comunismo internacionalista e que foi um dos causadores principais da nossa actual desgraça.
Os autores - Adriano Moreira e Veiga Simão- evidentemente não fazem o paralelo do tempo presente, mesmo o de 2006, com o do passado em que foram ministros. Não fazem mas devem lá ter na consciência o peso do mesmo e da pouca-vergonha com que pactuaram estes anos todos de regime em que se inseriram como se nada fosse, aproveitando as novas benesses, porque afinal de contas " as lágrimas de Portugal" não os afectam nada.
O Adriano Moreira ainda tem a distinta lata de escrever sobre" a faculdade  ter manifestado o desejo do seu regresso à cátedra logo a seguir à Revolução de 1974" quando sabe perfeitamente como era o clima em Portugal, nessa época, relativamente ao antigo presidente do Conselho de Ministros. Sabe perfeitamente que  o mesmo era vilipendiado como "fascista", "fassista" e outros mimos que nunca o permitiriam pôr sequer o pé em Portugal, sem ser preso por factos que aliás o novo regime em que Cunhal e Soares eram ministros sem pasta, nunca conseguiu identificar em corpo de delito. Não conseguiram julgar nem um só dos responsáveis do antigo regime porque não descobriram crimes para tal...


ADITAMENTO em 28. 5. 13:

Sobre Marcello Caetano e Veiga Simão, vide estes documentos escritos, enviados pelo comentador mujahedin مجاهدين




 





O Público activista e relapso