Quando vi a revista, com imagem antiga na capa, deu-me para folhear e li uma pequena consideração sobre uma "polémica" com um tal Diogo Quintela, um dos fedorentos que espalha por aí bedum escrito e pago a preceito.
Depois conta que mandou à merda um juiz. Comprei.
Um dos produtos escritos desse fedorento atirava-se ao Tavares imputando-lhe a omissão de escrita croniqueira sobre o compadre Salgado, do BES. O Tavares parece que lhe respondeu chamando-lhe medíocre e a levar a vida a expensas do talento alheio de outro fedorento, o mor-Ricardo Araújo Pereira.
Estão todos muito bem uns para os outros. Porém, a entrevista de Tavares merece destaque por outro motivo: é um compêndio abreviado dos nossos últimos trinta e tal anos.
O Tavares, agora, considera-se um escritor, assim mesmo. Vendeu mais de um milhão de Equadores e por isso é escritor porque também publicou outros livros que muita gente compra nos supermercados e feiras do livro. Bom proveito lhe faça, bem como aos leitores.
Por mim, o livro que gente insuspeita considera que "não é mau", além de conter plágios evidentes, merece esta crónica antiga:
A entrevista, essa, merece ser lida para se perceber como um indivíduo sem qualificações profissionais por aí além, sem currículo escolar por aí além e sem habilitações especiais por aí além, passa para a ribalta das capas de revista e tem sido profissional de vários ofícios, sempre diletante e sempre na mediocridade mais plana.
Foi jornalista na Luta, jornal do PS, orientado editorialmente de fora e confessadamente por influência directa e permanente de Mário Soares. Foi jornalista da RTP, sem relevo e a ganhar pouco, mas sujeito a tutela partidária. Foi funcionário público e redactor de legislação(!) num governo do PS, com um ministro "doido", Sottomayor Cardia. Foi repórter de viagens e jornalista de reportagens em revista.Foi jornalista do PREC. Foi advogado, com conhecimentos de Direito que deviam deixar muito a desejar, mas com um aplomb em lidar com os tribunais, digno de bravatas. Sobre a sua experiência de tribunais valerá a pena ler isto, já antigo, de 2004 ( foi antes de mandar o juiz à merda... ).Foi ainda outras coisas que se podem ler e nenhuma delas merece relevo especial.
Então porque escrevo isto e dou importância ao indivíduo se o acho um medíocre sem interesse público? Porque há muita gente que lhe dá interesse público. E porque será assim? É um mistério. Quem lê as crónicas do indivíduo no Expresso depressa descobre as asneiras jurídicas a eito e sem remissão. Quem lê os livros que escreve, parece que depressa descobre que valem pouco ou quase nada. Então porque é que este indivíduo que se auto-mutilou na escrita sobre um dos personagens centrais do nosso país e da nossa desgraça recente- Ricardo Salgado que é seu compadre e por isso mesmo não menciona por ser " da família"- merece ser lido?
Não sei e só arranjo uma explicação: os tempos que correm são fruto deste tipo de indivíduos e desta mediocridade ambiente. Destes carapaus de corrida que ao longo das últimas décadas souberam levar uma vidinha bem boa. Quem pagou?
ADITAMENTO:
Este mesmo indivíduo aparece hoje em várias capas de jornais como notícia, a publicitar e reclamar a venda de um livro que escreveu e aparentemente versa sobre fenómenos de corrupção na sociedade portuguesa. Conforme escreve o Público, "Madrugada Suja, uma história romanceada dos últimos 30 anos da vida pública portuguesa. É um romance sem heróis, ao contrário de Equador. Fala sobre os acasos da vida e a corrupção política, do Alentejo da Reforma Agrária até hoje."
Se o assunto é corrupção política, nos últimos trinta anos e de fora fica o compadre Salgado do BES, não vale a pena comprar ou ler a obra. É uma fraude.
Por outro lado, este carapau de corrida entusiasmou-se nas entrevistas a eito por causa do tal livro-fraude e disse ao Jornal de Negócios que "Cavaco Silva é um palhaço". A palermice não devia interessar ninguém e muito menos o MºPº, mas o destaque do Jornal de Negócios é irresistível para o escândalo e Cavaco queixou-se porque é filho de boa gente, no caso o senhor Cavaco de Boliqueime . E a lei penal é incontornável, neste caso...
Artigo 328.º do Código Penal
Ofensa à honra do Presidente da República
1
- Quem injuriar ou difamar o Presidente da República, ou quem
constitucionalmente o substituir é punido com pena de prisão até 3 anos
ou com pena de multa.
2 - Se a injúria ou a difamação forem feitas por meio de palavras proferidas publicamente, de publicação de escrito ou de desenho, ou por qualquer meio técnico de comunicação com o público, o agente é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com pena de multa não inferior a 60 dias. 3 - O procedimento criminal cessa se o Presidente da República expressamente declarar que dele desiste. |
É demais e por isso o mesmo já tem um inquérito crime para responder e justificar a patacoada. Mais uma. Esta, claro, vai dar em nada porque realmente nada é. Mas fica o registo e a ver se tem emenda.
Mas não parece nada. Na entrevista a este jornal volta a dar a sua particular versão sobre o processo Freeport. O Tavares sabe que foi tudo uma montagem e que Sócrates estava inocente como um anjinho que é. Pelo contrário, no caso Taguspark, que não, aí houve corrupção. É assim o Tavares: palpites avulsos conforme o que lhe vai na veneta. E pagam-lhe para escrever coisas dessas. Tavares é o Marinho e Pinto do jornalismo nacional.
O Expresso, sobre este fait-divers, noticia de um modo curioso:
"Ministério Público considera crime palavras de Sousa Tavares." Isso mesmo depois de escrever na mesma notícia que "A agência Lusa afirma, citando "fonte de Belém", que a instauração do inquérito a Sousa Tavares foi pedida pelo Presidente da República. "
O Expresso é sempre a mesma cretinice a espelhar bem o director que tem. Então foi o MºPº que considerou haver crime ou foi o presidente que se queixou? E a lei diz o quê, para autorizar um título desse género que deixa as despesas do inquérito totalmente por conta do MºPº, como se pudesse haver outra alternativa? Talvez houvesse: fazer como o outro PGR e analisar o assunto em processo administrativo, arquivando liminarmente e decretando segredo de justiça no processo administrativo depois de o submeter à apreciação do presidente do STJ. Aqui é que o Expresso brilhava como brilhou nessoutra ocasião...