terça-feira, outubro 31, 2017

Ricardo Salgado em registo patético

Observador:

Ricardo Salgado está “de consciência perfeitamente tranquila” e convencido de que será “ilibado dessa monstruosidade” que é acusação resultante da Operações Marquês. Nas primeiras declarações após ser conhecida a acusação (houve uma conferência de imprensa nos dias seguintes mas apenas o advogado falou), o ex-banqueiro garante que nunca corrompeu ninguém nem cometeu qualquer um dos crimes de que é acusado.
“Posso-lhe garantir que nunca subornei ninguém em toda a minha vida. E já lá vão 73 anos. Já foi dito, também pelos meus advogados, que não cometi nenhum crime”, afirmou Ricardo Salgado, em declarações aos jornalistas à porta do tribunal de Santarém.

Ricardo Salgado, amigo chegado do presidente da República actual, companhia nas férias e visita de casa, nem tem consciência da ilicitude de uma conduta que já nem oferece dúvidas ao mais céptico.
Para R. Salgado, subornar será qualquer coisa de diverso daquilo que ao comando do BES/GES fez: entregar e mandar entregar dinheiro de comissões em negócios que o seu banco protagonizou ao longo dos últimos anos.
Sabe-se que houve comissões na compra de submarinos e que algumas até foram reconhecidas como legais. Não se sabe se alguém recebeu, por interpostas pessoas, comissões ilegais, apesar das autoridades alemãs o terem referido. Não se apurou e o suspeito de saber o que se passou é agora caixeiro-viajante por conta da empresa Mota-Engil.

Para Ricardo Salgado, tais operações assemelham-se a decisões do "board" e por isso passam por socialmente aceites no gotha dos negócios em que participou. Subornar, para Ricardo Salgado deve ser qualquer coisa como untar as mãos a um polícia para não passar uma multa ou combinar expressamente com um facilitador do governo uma vantagem patrimonial em troca de um favor qualquer, uma licença ou uma facilidade. Como isso não acontece assim, no "board" de Ricardo Salgado, nunca subornou ninguém.  As comissões pagas a políticos ou a outros intermediários? Fazem parte do jogo e não são subornos...

Para se perceber o que têm de patético  estas declarações de Ricardo Salgado, basta ler esta notícia de hoje, no CM:




Quanto ao resto, do tempo do inginheiro no poder, em anos da nossa desgraça,  façamos um flahs-back com imagens a ajudar, tiradas de um pasquim de 2006 que já acabou e cujo director nem sequer o lia ( Pedro Tadeu que entretanto arranjou um chóio no DN de Proença de Carvalho, et pour cause).




Em Setembro de 2006 estiveram lá todos.Menos os tansos que foram enganados e depois vieram dizer que "estavam todos feitos".  E até  os que não estiveram poderiam ter estado...



Mesmo assim, nessa altura não havia corrupção em Portugal e se havia era muito poucochinha, como assegurava uma mentecapta e o PGR ( Pinto Monteiro) e directora do DCIAP da época ( Cândida de Almeida) asseguravam também:


A comunicação social era o que era: um grupo de delinquentes, segundo um membro da classe. Por isso , notícias que agora se conhecem sobre o que se passava, não passavam na TSF nem noutros lados da SIC, do DN, do Público, da RTP, e na TVI só passavam num programa de Manuela Moura Guedes que sabemos como acabou.
 Por isso é que uma São José de Almeida, uma Clara Ferreira Alves e uma Fernanda Câncio e muitos outros, quase todos, de nada sabiam e nada denunciaram nessa altura. Até se escandalizaram com o jornalismo de sarjeta daquela Moura Guedes, que horror!
Mas a Câncio nessa mesma altura sabia que queria um apartamento de mais de dois milhões de euros, pagos por um "Buraco" na zona nobre de Lisboa e que era "um buraco" segundo o próprio "Buraco" e por isso para lá não foi.

Durante algum tempo até o DCIAP acaparou o jogo de Ricardo Salgado. Não se percebe bem porquê, mas a seu tempo se poderá saber.

Tudo isto releva um pouco do que escrevi aqui, em 2010: Ricardo Salgado não sai aos seus. E por isso sacode a água do capote, como faz agora.

O problema é que a história não deixa por conta factos que contam e que em 2009 ainda serviam para mistificar:



É por estas e por outras que aquela declaração supra de Ricardo Salgado, hoje em Santarém é simplesmente patética.

Devia ter vergonha, confessar-se e pedir perdão a Deus Nosso Senhor em quem aparentemente acredita. Os homens, esses cá estarão para lhe fazer justiça se for o caso. 


19 comentários:

Floribundus disse...

alegada mente
descarada mente

tudo gente muito fina

ainda ninguém desafina

Ricciardi disse...

Epá, se o José considera o salgado culpado é porque o salgado é culpado. Não há dúvidas, nem é preciso reunir provas. Basta apresentar notícias de jornais para fazer a história que queremos muito fazer acreditar.
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O que me leva à seguinte questão.
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Por que raios haverá alguém que tem a certeza acerca da honorabilidade doutrem se nunca esteve presente, viu, ouviu o desonrado a cometer o crime?
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O que motiva alguém a apontar o dedo a outrém sem apresentar fundamentos sérios probatórios?

O que está por trás dalguém que acusa outrém de praticar crimes que ainda não foram julgados?
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A resposta é: pelos jornais e revistas que pertencem a uma pessoa que fez um desfalque gigantesco no banco do salgado de Angola.
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Daquele banco desapareceram 5 mil milhões de dólares sob a presidência do accionista de referência dos jornais de onde o José bebe informações.
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O que me leva a outra interrogação.
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Se alguém crê que as instituições controladas por um ladrão e a propala ad nauseum, não faz bom serviço para o apuramento da verdade.
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A não ser que a verdade não sirva. É, nesse caso, deve servir outros propósitos.
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Heil.
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Rb
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Ricciardi disse...

O dono dos jornais que tem por missão primordial abater o salgado e o socrates, tem várias centenas de milhões de euros investidos em Portugal. Um simples funcionário do besa que chega a presidente consegue essa fortuna como?
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Os investimentos são imensos. Apartamentos de luxo no Estoril, empresa conserveira, vinhos, o Sporting, jornais etc.
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O crédito concedido em Angola foi atribuído a amigalhaços do sistema que o presidente controlava. Boa parte desses créditos fantasma foram transferidos para Portugal directamente. Outros passaram pelos offshore do Panamá, pelo Dubai etc. Aliás a dona dos jornais portugueses adquiridos é uma empresa do Panamá controlada pela família do ex presidente do besa.
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Quando salgado se apercebeu da burla monumental que tinham feito no besa já foi tarde. A massa foi derretida e transferida. Boa parte aplicada para fazer uma campanha divinal contra aquele que foi roubado: o salgado. O Sócrates aparece por acaso. Por terem feito dele o bode expiatório. Sem prejuízo de Sócrates não ser grande peça em termos governativos.
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Ora, isto é de conhecimento aberto e fico espantado por ser sistematicamente escamoteado. Que interesses há por esta blogosfera e jornais que instilar mentiras?
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A reposta é óbvia. Há gente comprada para fazer campanha contra. Gente que se deixa comprar pelos verdadeiros ladrões. E esses não são o salgado ou o Sócrates senão na pequena medida que um governante e um banqueiro tem sempre decisões discutíveis.
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Rb

André Miguel disse...

Corrupção é dar gasosa ao Polícia em Luanda para fugir da multa; a este nível são prendas ou gratificações. Como os 14 milhões do José Guilherme.

Já agora, que é feito da lista de avençados dos BES/GES?!

E outro ponto que o José menciona e me intriga. Fala na Mota-Engil, e supreende-me como tem passado pelos pingos da chuva na queda do BES, operação marquês, etc, etc etc...

Ricciardi disse...

Dar gasosa não é corrupcao em Angola.
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Mas aprovar créditos no valor de 5 mil milhões para amigos e não os recuperar é crime em qualquer lado do mundo.
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Excepto em Portugal. Em Portugal há meninos que consideram criminoso aquele que foi roubado e, para disfarçar, apontam-lhe cenecas sem importância como o salgado receber uma comissão dum empreiteiro por ele lhe ter arranjado um obra em Angola.
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Que raio de crime existe nisso?
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Nenhum. O único pode ser que seja o facto de não ter declarado a comissão ao fisco portugue. Fê-lo tarde, com muita, pelo que deixou de ser crime e passou a ser uma contraordenacao.
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Ora, não referir rendimentos todos no estrangeiro onde não há acordos de dupla tributação é uma infracção comum a 99,99% dos emigrantes. Ninguém declara em Portugal os salários todos em Angola.
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Rb

Ricciardi disse...

Na cabeça dos legalistas extremados tudo o que mexe é crime.
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Por exemplo, nos EUA o vice-presidente vai a Angola e angaria montanhas de negócios para empresas americanas. Em Portugal se o PM fizer o mesmo é crime.
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Mas vai ter de deixar de ser. A diplomacia económica é isso mesmo. Beneficiar empresas nacionais por interssessao política. Portas fez isso no médio oriente e nos EUA. Ninguém diz nada. Sócrates fez isso na Venezuela é crime.
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Um PM não deve beneficiar exclusivamente uma empresa. Mas deve promover negócios para um grupo de empresas com capacidade para o efeito. Aliás não deve apenas. Devia ser mandatório.
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O mérito dum governante quando vai visitar um país estrageiro devia depender disso mesmo. Da capacidade de promover negócios com algumas empresas.
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Não vejo crime nenhum nisso. Nem muito nem pouco.
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Como isto não é crime em lado algum, senão na cabecita dos legalistas compulsivos, tentam arranjar movimentos que provem que o PM não terá feito esses acordos pro bonoz mas sim recebendo luvas.
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Mas tem que provar. Sem provazinha concreta fica-se no campo da especulação. Ou da crença. Ou da maldicencia.
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Ao menos que aja uma escutinha com o homem a discutir a comissão relativa ao negócio concreto. Um papelinho qualquer a dar com dono último do dinheiro parqueado nos testas de ferro.
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Ficamos até agora com uma prova testemunhal. O ricciardi do besi garante que Sócrates se reuniu no BES com salgado. Contudo os registos de entrada do BES não incluem o nome do ex governante. Os registos de São Bento tambem não incluem visitas do salgado
Conclusão. A testemunha mente.
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Rb
Rb

lusitânea disse...

Prontos nunca ninguém roubou nada.É tudo fruto de um intenso e honesto trabalho.Corrupção nunca nunca nunca. Pouquíssima corrupção.Um milhão aqui e outro ali não querem dizer nada.Eu é que fui parvo e estúpido a comprar acções da PT e quando as vendi como PHAROL perdi só 3 euros em cada uma.Mas justiça foi feita para perdedores maldizentes e invejosos!

lusitânea disse...

Mas lá que a malta é estilo corno manso é.Dezenas de milhar de "lesados" e ainda nenhum saiu à caça...

Tiro ao Alvo disse...

De que viverá o Ricciardi?

A Mim Me Parece disse...

"De que viverá o Ricciardi?" De que viverá Ricciardi? E que tem você com isso, ó Tiro ao Alvo? A mim me parece uma pergunta do "Correio da Manhã".

Floribundus disse...

tudo o que é demasiado salgado vai ser penalizado na proposta do OGE

contudo o sal é indispensável para o funcionamento da pilha cardíaca

dói muito estatelar-se daquela maneira

altaia disse...

José José então o homem que patrocinou tantos congressos dos teus queridos magistrados e procuradores ddt agora trata-se assim?

Ele andou por lá muitos anos conheceu muitos ministros imagina se ele começa a divulgar as memórias o que vai ser de tantos fdp que hoje põem a linguinha de fora.!

Neo disse...

O José diz para nos desviarmos da bosta, mas o troll está tão atrevido que agora já se tem que entrar de galochas.
O Carralho levou quatro anos e meio de pena suspensa por vários crimes entre os quais, a violência doméstica. Quem diabo foi o juiz misógino e fassista que se atreveu a dar a suspensão da pena? Ó inclemência! Ó martírio!

Carlos Guerreiro disse...

O Salgado como administrador do banco não poderia receber uma comissão de um cliente, por isso passou a "prenda" de nome fino.
O problema da falência do BES não foi só o BESA, foi a parasitagem do GES sobre o BES. O GES faliu porque não conseguiu financiamentos para tapar os buracos que tinha.
Toda a trafulhice do Salgado no BES e GES não destapada pelo Ricciardi (o outro) mas pelo Pedro Queirós Pereira, quando o Salgado tentou que a Semapa fosse transformada numa segunda PT para o BES, depois de ter chupado 8,4 mil milhões na PT.

Unknown disse...


O "Tiro ao Alvo" pergunta de que vive o Ricciardi ? Sabem o que acho ?
Acho que é uma boa pergunta.

Emito uma directiva à corte: Malhem, aqui, no bicho...

João Pedro

Maria disse...

Parabéns José por ter aqui trazido tantos artigos sobre Salgado, o BES e etc. Por mim agradeço-lhe este enorme serviço público.

Depois de ler tudo, voltarei a comentar se for caso disso. Agora apenas repito o que já anteriormente afirmei, quase me é impossível acreditar em todos os crimes económicos de que Ricardo Salgado é acusado. E digo isto únicamente por ter conhecido algumas pessoas desta família que eram do mais íntegro, de amor à Pátria e de lealdade ilimitada ao Regime do Estado Novo e justamente por isso incapazes de cometer o mais pequeno deslize económico e muito menos falcatruas com a enormidade de que Ricardo Salgado vem sendo acusado.

Resta-me repetir o que já aqui afirmei mais do que uma vez: tivesse Ricardo Salgado recusado o convite envenenado de Soares para regressar do exílio - para onde ele próprio, por interpostos kamaradas extremistas, o havia recambiado - com o fim de retomar a chefia do seu Banco entretanto nacionalizado e desfalcado pelos pulhas do novo regime e talvez se tivesse livrado de cair na toca do lôbo, como infelizmente veio a acontecer.

Tratou-se de um gesto calculista de Soares, carregado de maldade e de uma inveja exacerbada que Soares sempre teve desta família (e de outros grandes capitalistas portugueses) por estar perante uma família prestigiada, fiel ao Regime de Salazar (pecado este imperdoável) e ser dona de um Banco centenário mundialmente consagrado. Com esse convite falsamente altruístico, Soares, espertalhão e velhaco como poucos, esperava vir a obter mais tarde o retorno traduzido em muitas centenas de milhões de contos, depois euros, das mãos de Salgado (em conivência e por interferência fraudulenta de Sócrates, este, por sua vez, doutrinado e a mando de Soares) como pagamento do seu gesto traiçoeiro e vingativo, como de facto veio a acontecer.

Tudo isto antes de o vir a destruir como pessoa, à sua família e ao seu Banco. Algo por Soares fisgado deste o primeiro minuto após o 25 de Abril, quando mais tarde o autorizou a regressar do exílio, para - mais outra promessa feita de golpes baixos escondidos, de Soares a Salgado - vir retomar a chefia do seu Banco com a 'ajuda material' dele próprio via Miterrand, de muitos milhões para recapitalizar o seu Banco.

Ajudas envenenadas, fraudes monstruosas e traficâncias mil, engendradas por Soares em conluio com mais alguns pulhas, tendo Sócrates como peão de brega, que haviam de tramar irremediàvelmente Salgado e o seu Banco num futuro que se tornou muito mais próximo do que os próprios jamais julgariam ser possível vir a acontecer, pensando inacreditàvelmente que poderiam escapar a tantos e tão incomensuráveis crimes político-económicos.

As exclamações de Soares referindo-se a Salgado, fingidamente indignado sendo ele o principal culpado de toda a trama que esteve por detrás da incriminação inicial de Salgado no processo "Marquês", ao proferir alto e bom som para todos ouvirem "ai ele vai falar, ai vai, vai" traduziu-se tão sòmente numa desculpabilização fictícia de alguém com enormíssimas culpas no cartório mas tentando a todo o custo (em vão) sacudir a água do capote e nada mais.

Desgraçadamente este desprezível 'democrata' nunca pagou pelos gravíssimos crimes cometidos contra a Pátria e contra o povo português. Mitos deles por sua interferência directa, os restantes e de sangue e que foram milhões, a seu exclusivo mando.

Tiro ao Alvo disse...

Maria, também fiquei chocado quando o Mário Soares explicou a forma como entregou o BES, então na mão do Estado, ao Ricardo Salgado e à sua família, movendo as suas influências junto do Miterrand que, como se viu, também dispunha do Crédit Agricole como se fosse coisa sua. Uma vergonha.
Isto para lhe dizer que, em grande medida, a acompanho no juízo que faz da actuação do Mário Soares e da responsabilidade que, neste capítulo, teve o PS, conduzindo o nosso País para o buraco onde caímos, de cujas nefastas consequências ainda vamos sofrer muitos anos, nós e os nossos filhos e netos.

Maria disse...

Tiro ao Alvo, perdi mesmo agora um comentário em que lhe agradecia o seu último comentário, concordando com tudo quanto escreveu.

No mesmo abordava também outros temas que reputo de importantes, mas infelizmente não o guardei e foi pena. Vou ver se arranjo paciência para re-escrevê-lo um dia destes.

José - uma homenagem paterna disse...

Tudo gente boa. Os portugueses é que são patetas...

O Público activista e relapso