domingo, dezembro 05, 2010

A legalidade revolucionária

Em 6 de Abril de 1974, dias antes de 25 de Abril, o jornal Sempre fixe, muito antigo, retomava a publicação. No seu número um não deixava enganar ninguém sobre a orientação política que escolhera: de esquerda e que nos meses a seguir ao 25 de Abril, em pleno PREC demonstrou ser um dos jornais cujo exemplo de sectarismo esquerdista seria para seguir se o comunismo tivesse vingado.

Nesse primeiro número publicava a lista dos "grandes patrões" portugueses. Estes:

Possivelmente, os mesmos comunistas de hoje anseiam pelos mesmos patrões, como se vê pelo caso Autoeuropa e a humilhação que sofremos com o dobrar da cerviz aos alemães. Em tudo, segundo se vai sabendo. Obra de quem?

Logo a seguir ao 25 de Abril, O Jornal de 7.11.1975, noticiava que havia escutas telefónicas possivelmente dirigidas a partir de S. Bento. A nova legalidade revolucionária, pelos vistos...


Para dar uma imagem bem nítida desta nova legalidade, o jornal Sempre Fixe, de 5 de Outubro de 1974 publicava estas imagens cuja legenda não deixa nada a desejar aos autos de fé do antigamente: "Em cima, populares vigiam a incineração de jornais, no posto de venda que distribui o Bandarrra, o Povo Livres e o Tribuna Popular." Até o Povo Livre era "contra-revolucionário...

Uma das instituições tidas como profundamente reaccionárias pelos comunistas e extrema-esquerda em geral era a Igreja Católica. O Sempre Fixe de 7 de Setembro de 1974 apenas deu eco ao sentimento comunista ambiente.

Exactamente por isso, em 8.8.1975, em pleno PREC e Verão Quente, O Jornal noticiava o que vem abaixo e que nem merece comentários, a não ser que alguns dos elementos das "comissões de trabalhadores" da TAP, possivelmente ainda lá estão ou deixaram descendência...

Nota apócrifa: ocorreu-me agora que na altura em que os arquivos da PIDE/DGS levaram sumiço para Moscovo, onde se encontram, ninguém foi capaz de obrigar fosse quem fosse a baixar as calças na Portela para recuperar esses documentos que nos pertencem e alguém furtou e não devolveu. De resto, parece que ninguém se importa muito com isso. Aliás, o principal responsável pelo roubo já está mitificado no altar dos amanhãs que cantam.



Isto foi apenas uma pequena imagem do PREC que tivemos, mas actualmente, o PCP e o BE estão exactamente na mesma, em termos ideológicos. Nada esqueceram e nada aprenderam...a não ser o desejo de investimento estrangeiro e possivelmente o regresso dos patrões que já não os incomodam tanto. Como correram com eles, o capital foi-se. Fazem lembrar a fábula da galinha dos ovos de ouro.

Questuber! Mais um escândalo!