terça-feira, dezembro 21, 2010

Os tanques dos tiques da esquerda

Em Portugal, ocasionalmente alguns jornais de referência dão voz a notáveis da nossa praça da opinião intelectualmente sustentada em diplomas universitários e curricula de notoriedade estabelecida nos media.
Desta vez, o Expresso da última semana reuniu em conferência meia dúzia ( contando com um moderador que dirige o Expresso e outro que vai dirigir) dessas figuras de referência das opiniões publicadas para nos mostrar caminhos de mudança...nas figuras da nossa política.

Entre todos, apenas um deles ( Rui Ramos) tem mostrado uma pendência menos esquerdista que os demais. Por isso, os caminhos são curiosos e um deles ( António Barreto) parece não ter papas na língua para dizer que "Há um consenso para organizar o saque do Estado". Esta afirmação não é caricatura e o sociólogo prè-ISCTE considera que "O Estado está muito refém de certos grupos poderosos e menos de outros. (...) Por isso, não há consenso sobre as reformas. O que existe é um consenso para organizar o saque do Estado."

A expressão é terrível mas inconsequente porque não se apontam os nomes dos bandidos que saqueam e esvaziam os cofres da coisa pública. E nem seria difícil porque são bem conhecidos mas pouco denunciados. Porém, em Portugal, país paroquial não é costume dar o nome aos boys.

Portanto, para se ver como chegou até aqui, tenho mais uma dose de jornais antigos para relembrar aos esquecidos e mostrar a quem nunca soube, por onde andaram certos indivíduos que agora aparecem como paladinos das ideias reformadoras.

Em finais de 1976, a Reforma Agrária estava na ordem do dia. Depois das nacionalizações e ocupações selvagens contra os "latifundiários" e afins, impunha-se por ordem nas herdades do povo que dantes eram dos opressores desse mesmo povo. António Barreto escolhido para ministro da Agricultura sem saber como, ocupou-se da tarefa ingrata porque todo o PCP e esquerda estavam contra a mudança do novo satus quo. E viraram reaccionários, como se pode ler pela notícia abaixo, publicada no O Jornal de 29.7.1977. Apesar de a Reforma Agrária não tocar essencialmente na reversão das propriedades ocupadas, o problema era a questão jurídica que legitimasse o roubo e o saque. E foi por isso que a Lei Barreto contemplava "expropriações". Porém, nem isso satisfazia a esquerda e o PCP.


Essa esquerda alargada incluía naturalmente os compagnos de route do MES e da chamada esquerda democrática, como um certo PS acabadinho de meter o socialismo na gaveta que não as ideias de fundo. E como os tempos não estavam para aventuras, já o bravo Jorge Sampaio que tinha vindo do tal MES, e era agora da Intervenção Socialista achou por bem acoitar-se em seio mais farto: entrou no PS, como o sucesso que se lhe conhece. Assim, como relata um artigo do O Jornal de 24.2.1978. Basta ler a pequena entrevista para perceber imediatamente que Sampaio queria ser socialista, revolucionário, democrata e tudo mais o contrário desde que sempre de Esquerda que essa era a matriz para se ser tudo e mais o resto. Que desgraça nos aconteceu, com este Sampaio!


Outro que andava nas mesmas águas profundas da esquerda era um certo Medeiros Ferreira e o mesmo António Barreto que agora diz aquilo que diz, sem se dar conta do seu excelente contributo para a súcia de saqueadores que nos tomaram o poder. No artigo de O Jornal de 14.10.77, a ideia de Esquerda era o leit-motiv para a mudança de orientação política no seio do PS. Salgado Zenha é citado como contestando as "teses dos elementos que, por não terem estado exilados em Argel nem em Paris, estão mais afastados das práticas colectivistas e têm desenvolvido uma acção mais realista". Trocado por miúdos, isto significava que havia um PS que era social-democrata, com António Barreto e Medeiros Ferreira entre os apoiantes e outro PS que continuava arreigado à tradição colectivista da boa e velha Esquerda. Já sabemos que foi ganhando a velha Esquerda, de vitória em vitória até à derrota de todos nós. E com o solene apoio de Mário S. que andava sempre com um pé lá outro cá.


Outra das figuras da velha esquerda do PS , caldeada nas lojas maçónicas, é este senhor António Arnaut, cuja obra prima é esta que aqui fica, relatada em 17.3.1978 pelo O Jornal.
O SNS anda há mais de trinta anos a exaurir os cofres do Estado por causa de má gestão dos hospitais, erros políticos gravíssimos com as farmácias que são actualmente os credores do estado nesse domínio e tudo com o complacência do todos os governos incapazes de controlar os médicos e farmacêuticos.
A obra de António Arnaut, com os propósitos aqui mostrados é um bom exemplo do paradoxo da economia real versus utopia socialista democrática e maçónica. Arnaut queria então acabar com o mercantilismo na Saúde. Acabou foi com a racionalidade económica e contribuiu com uma despesa de tal ordem que uma boa parte do défice em que nos atolamos aí vai sorver sustento.
Nunca aprendem e nem sequer com o estado calamitoso das finanças da saúde, querem reconhecer os erros.


E por causa exclusiva destas medidas do PS que então governava, tínhamos esta belíssimas situação em 6.5.1977, com intervenção do FMI e o papel determinante de um outro socialista democrático que agora acumula reformas com um emprego nas "renováveis": Silva Lopes, o ministro das Finanças da época.



Trinta e tal anos de governança socialista, republicana e laica, com os acólitos do bloco do centro entretanto criado ab nihilo para saquear o Estado ( é António Barreto quem o diz) deu no que deu: miséria, pobreza cada vez mais pobre e um país na cauda da Europa, sempre.

Resta perguntar: até quando nos continuarão a enganar?

1 comentário:

lusitânea disse...

Vão continuar a enganar até haver a tal "ruptura" que desencadeie o reviralho.Só falta largar no Rossio um leitão vestido de "irmão"...
E o zé povinho está preparado para alaudir o novo regime.Como sempre...