segunda-feira, dezembro 13, 2010

Mário S. igual a si mesmo

O jornal i comemorou 500 edições com uma especial em que o prato de fundo é uma entrevista a Mário S. No jornal o ex-presidente, espraia-se em três páginas a dar palpites sobre a crise e mais o par de botas habitual.
Como ilustração, o jornal mostra-o numa foto no "seu" gabinete na Fundação que tem o seu nome, mas sustentada pelo Estado. O dito gabinete à primeira vista parece o escritório particular de um indivíduo com posses. As fotos que ornamentam as prateleiras respeitam a figuras públicas do mundo político que o político Mário S. frequentou.

Em determinada altura da entrevista, sobre a crise, cita o tempo em que foi primeiro-ministro para dizer que nessa altura "estávamos pior" porque "Tínhamos acabado de fazer uma revolução, que tinha tido grandes problemas, com o PREC, em que havia ainda latente, em parte da extrema-esquerda, a ideia de que nós deveríamos ser a Cuba europeia! Está a ver onde estávamos hoje se fôssemos a Cuba europeia! Às vezes as pessoas esquecem isso..."

Não esquecem não. O que esquecem e o próprio entrevistado pelos vistos também não está muito interessado em lembrar é que o partido que então governava, portava-se em matéria económica, como autêntico "compagnon de route" dos tais que achavam que deveríamos ser a Cuba europeia... e tal mito de negação tende a prolongar-se como desculpa.

Por essa e outras razões ando a publicar memórias dos jornais desse tempo. O PS de 1977 já não tinha emenda e só em plenos anos noventa concordou em alterar a Constituição relativamente às nacionalizações. Se alguém é responsável pelo estado da economia nacional nesse tempo, é o dito cujo com memória muito curta e de raciocínio ainda mais breve.

Noutra passagem, ainda sobre os aspectos da crise, sugere que " A minha ideia é que um governo muito menor- com menos secretários de Estado e assessores- seria um bom exemplo de austeridade que o país seguramente entendia."

Talvez Mário S. tenha razão. Mas a entrevistadora- Ana Sá Lopes, uma das tais "suaves" do jornalismo português- deveria ter-lhe perguntado se a sua Fundação merece os milhões que custa ao Estado, saídos do bolso de todos...e se tal poupança não seria bem melhor percebida. Ou então, em alternativa uma pergunta muito simples: o Estado ainda lhe continua a pagar o telefone?

Questuber! Mais um escândalo!