
Percorrendo o leque dos 15 nomeados, nenhum deles ( com excepção de Vasco Pulido Valente) com regularidade, me leva a ver, ouvir ou ler o que dizem, falam ou escrevem, pagando para tal. Não porque sejam rematados imbecis ou mentecaptos profissionalizados mas apenas porque não despertam interesse especial naquilo que transmitem. E apesar disso, por vezes, muitas vezes, dou uma vista de olhos e vejo, ouço ou leio o que passam como ideias próprias.
A moda dos comentadores avulsos nos media, massificados, é relativamente recente. O Expresso de final dos anos oitenta tinha um ou dois. O Público começou com dois ou três excelentes cronistas, modelos do que deveria ser a crónica de jornal ( Augusto França-Jardim, Rogério Martins e outros). A Grande Reportagem de meados dos oitenta, já tinha VPV mas também o grupo intelectualmente associado a António Barreto, um veterano da crónica em formato de papel. O O Jornal e a Visão também davam guarida a certos intelectuais tipo Eduardo Lourenço.
Porém, faltam-nos os intelectuais de vulto, de fôlego e de consistência teórico-prática, do tipo de um António José Saraiva, pai do director do Sol e que chegou a escrever crónicas na Vida Mundial pós-25 de Abril.
Do grupo dos quinze mediáticos nenhum deles consegue escrever com a profundidade suficiente, clareza nos parágrafos e clarividência nas ideias como este indivíduo todas as semanas o faz na Marianne francesa. Ainda por cima, um indivíduo declaradamente de esquerda. Mas de uma esquerda que devia envergonhar os jacobinos que temos por cá. Há uns anos dizia-se que Mário Soares antes de falar sobre qualquer assunto de âmbito internacional lia primeiro o que Jean Daniel ( director do Le Nouvel Observateur) tinha para dizer e depois, então, falava de cátedra. Hoje em dia, vemos, ouvimos e lemos tanto especialista em assuntos económicos e em "relações internacionais" que a dificuldade reside em saber quem sabe menos do assunto e apenas papagueia ideias alheias, ainda por cima mal aprendidas e assimiladas.
