Francisco Teixeira da Mota, citando JPP, escreve hoje no Público o seguinte, sobre a liberdade de imprensa ( depois de citar o casos de Nuno Santos, jornalista do Público a quem foi bisbilhotada uma lista de contactos telefónicos e de Ricardo Rodrigues, mão-leve em gravadores de jornalistas e premiado pelo partido com lugar na A.R e na administração do CEJ, escola de formação de magistrados):
"Outra característica desta área de negócios politizados é a de estar cada vez mais ligada a capitais com origem em países onde a corrupção é uma forma de poder e os sistemas políticos autoritários, como é o caso típico dos capitais angolanos que aí abundam. (...) Aproveitem para ler isto hoje no Público, porque a continuar o takeover angolano sobre os órgãos de informação portugueses, em breve isto não poderá ser dito em lado nenhum."
O Sol de hoje informa que "Continente em Angola está pronto a arrancar. Primeira fase da operação prevê abertura de quatro hipers em Luanda."
O jornal Sol é o exemplo mais triste de uma casualidade na liberdade de informação. Era um jornal relativamente independente até ao momento em que publicou as escutas do Face Oculta. Ao anunciar ingenuamente que voltaria ao tema na semana seguinte, suscitou uma providência cautelar de um certo Rui Pedro Soares, a responder por corrupção em Aveiro. A providência foi deferida e com ela vinha agarrada uma injunção: a publicação de tal material, obviamente de interesse público relevantíssimo, reconhecido pelo tribunal mas ainda assim insuficiente para mandar o tal Soares dar uma volta ao bilhar grande com custas a condizer, acarretou uma condenação posterior em montante faraminoso e inédito em Portugal. Tal injunção e condenação posterior, confirmada por tribunal superior em decisão espantosa, vergou o jornal e os jornalistas a uma falência previsível. Compreensivelmente, o jornal cedeu à oferta angolana. Com as consequências à vista e que os próprios jornalistas provavelmente sentem e ressentem. Jornalistas íntegros e probos obrigados a engolir diktats tácitos de uma clique de corruptos. Triste, triste. Pior que antes de 25 de Abril de 1974, por cá...
Quanto a mim, ironica e tristemente, essa machadada na liberdade de imprensa teve um duplo efeito de limitação de liberdade: foi um tribunal quem a decretou, objectiva e incompreensivelmente num tempo record e foi o motivo para que o Sol perdesse a possibilidade de escrever o que bem entendesse sobre a falta de liberdade em Angola.
O Público, com a entrada em Angola da Sonae, em força e jeito, vai ter fatalmente o mesmo destino. É uma questão de tempo. E temo que a direcção do jornal, mentalmente, já se adaptou. Estão habituados, porque o jacobinismo é assim mesmo.
A latere seria interessante fazer o paralelo entre esta operação da Sonae e a da Jerónimo Martins. E ler outra vez o que Elísio Soares dos Santos disse sobre o assunto. Parece que foi muito explícito e se se confirmarem as tendências, então haverá mais uma razão para aplaudir Elísio Soares dos Santos, mesmo com aquela coisa da Holanda, de permeio.
PS: O escrito de FTM tem ainda a ver com o programa da RTP Prós e Contras, dirigido a partir de Angola por Fátima Campos Ferreira e que foi certamente um dos programas mais vergonhosos transmitidos pela RTP em tempos de democracia ( só comparáveis aos que viam a luz nos tempos do inoxidável maquiavel à moda do Minho). Dizem que Fátima Campos Ferreira é professora de jornalismo (!).
É evidente que o jornalismo português, com professores assim, só pode ser o que tem sido em alguns media: uma desgraça, actualmente.
3 comentários:
só há dentaduras para os industriais de mercearia
Nesta época de caça aos impostos dos que alegadamente viviam acima das suas possibilidades e relativamente ao ex-império lá de fora(que o cá de dentro vai de vento em popa e é alegadamente imprincindível) o que eu gostaria de saber é o que ainda nos custa.Nomeadamente em "dívida" a aguardar o já esperado perdão.Isto de sermos a maior casa pia do mundo sem contrapartidas é sinónimo de "governo" ou "desgoverno"?
Adicionalmente gostaria de ver caracterizada a necessidade de 500000 imigrantes,"legais" a maioria a viver já por conta...e quando é que "congelam" as admissões à "nacionalidade" pois que qualquer dia toda a África é "portuguesa" na despesa...
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