sábado, janeiro 21, 2012

O feiticeiro de Po que vive na margem direita

O Expresso conseguiu a reportagem sobre a "misteriosa vida de Sócrates em Paris". Daniel Ribeiro, correspondente do jornal em Paris, sem falar com o visado e sem nada de especialmente relevante que não tivesse sido já revelado pela revista Flash, aqui há mês e meio, relata o suposto dia a dia comezinho do emigrado de luxo que se recata porque não pode revelar como vive e de que vive. Triste vida. E ilustra-a do modo que se vê...em tom de capa de disco de Elton John.

Em artigo separado, trata o "curso" que José Sócrates frequenta na Sciences Po, "que tem a má reputação de funcionar de forma opaca". Escreve-se que Sócrates é "auditor livre", num ensino superior em que tal categoria desapareceu ( "os alunos livres já não existem oficialmente em Paris, há vários anos", escreve o jornal); que a direcção da Po faz segredo de Estado do seu estatuto e apenas confirma a inscrição. Sócrates, para todos os efeitos tem um estatuto especial na Sciences Po: "só vai a exames se quiser, mas pode apresentar dossiês ou trabalhos de pesquisa" . E portanto, não compareceu aos exames semestrais, no primeiro semestre do curso de M1 em Ciência Política, variante Teoria Política. Nada de Filosofia, como anunciou aos quatro ventos, para se dar uns ares. Nada de estudos que isso parece não ser o seu campo de trabalho. Nada de nada, afinal. Mais uma grande aldrabice e ninguém a querer reconhecê-lo. É espantoso como este indivíduo passa entre os pingos da chuva do descrédito.
Mas, segundo o Expresso, para integrar tal "escola doutoral", teve que apresentar um dossiê de candidatura com o currículo escolar e profissional completo, foi recomendado por dois académicos ( quem, santo Deus? Quem?!) e "em princípio pagou as propinas no valor de alguns milhares de euros e a sua inscrição foi aprovada pessoalmente pelo director da instituição Richard Descoings. Este Descoing, assim que descobrir quem é este personagem vai fazer como aquele director do London School of Economics, aqui há uns meses. Mas enquanto tal não sucede, Sócrates, certamente por especial favor, "Não efectuou prova escrita nem foi avaliado por júri". "O curso que segue exige conhecimento aprofundados de francês e Sócrates está longe de os ter."
Portanto, um mundo de fantasia todo para José Sócrates voar e planar, de bicicleta, pelas ruas de Paris.
E como se alimenta uma fantasia destas, digna do reino de OZ?
A vida no bairro 16 na rive droite, margem direita, é cara. Sócrates, aliás, identifica-se mais com Sarkozy do que com Hollande. O embaixador Seixas da Costa, em Paris, reconduzido recentemente, é amigo do dito cujo e ajudou-o na fixação no terreno. Foi o embaixador quem o orientou na escolha dos dois padrinhos universitários...mas nega qualquer ajuda relevante.
José Sócrates em Paris faz vida de rico, secreta e pura e no outro dia foi o convidado de honra da Confraria dos Financeiros, uma elite de luso-franceses dos negócios.
O Expresso relata depois a vida quotidiana do emigrado em Paris, rematando com uma pergunta singela que nenhum dos nossos jornalistas de tv se atreve a colocar em prime-time:

"quem paga as suas despesas na excessivamente cara cidade de Paris"?

Quem paga? Ora, quem paga...isso agora não tem interesse nenhum. Aliás, as dívidas desse género, tais como a dos estados não são para se pagar. São para se irem pagando...

José Sócrates entrou definitivamente no reino de OZ, na universidade de Po. Tal como no relato de fantasia, anda à procura de uma qualidade perdida, no caso a respeitabilidade académica.
Do modo que se vê, assume a figura do homem da palha, a quem a faísca do julgamento da UnI ainda vai chamuscar. Descoings, na figura de protector improvável que prepare as mangueiras de água, porque quem se vai queimar é mesmo ele. E será muito bem feito se o parquet de Paris se inteirar do diploma fictício do homem de palha.


Questuber! Mais um escândalo!