segunda-feira, janeiro 16, 2012

O título é tudo!

...de jornalismo "para quem é, bacalhau basta", no Público de hoje. O provedor do leitor do jornal aproveitou uma polémica recente, iniciada numa notícia do Público online e da responsabilidade de um jornalista que se chama Victor Ferreira. Desconheço que tipo de jornalista será, onde aprendeu as regras da profissão e que noção concreta tem do jornalismo, imaginando e presumindo que se formou, é licenciado e tem orgulho na função. Dantes, há uns anos largos o jornalismo era um pouco mais modesto e ficava-se pelas notícias com rigor. Algumas até eram censuradas pelo excesso.
Fico a saber porém outras coisas também importantes para concluir que o jornal Público piora de dia para dia e um dia destes afunda-se em irrelevância e dívidas. Por causa exclusiva deste tipo de jornalismo que nem sequer tem a decência de assumir erros.
Aliás, até o provedor do jornal acaba por dar razão aos leitores que protestaram contra este tipo de jornalismo de causas escondidas.

O assunto que traz a notícia era o teor das declarações de Manuela Ferreira Leite num programa da Sic-Notícias de há oito dias, conduzido por essoutra expoente deste tipo de jornalismo apressado que pare notícias coxas. Não sei, repito, onde é que esta gente aprendeu a particular noção de jornalismo que têm, mas que vem acompanhado por uma dose de arrogância incrível lá isso é notório. Esta gente não se enxerga, não se vislumbra no espelho das vaidades a não ser em reflexo côncavo que lhes aumenta um ego já de si mesmo inflacionado pela mania que sabem tudo.
O tal jornalista do Público entendeu "pegar" nas declarações televisivas de Manuela Ferreira Leite, produzidas num contexto muito preciso e isolá-las para o efeito pretendido: " Ferreira Leite defende que doentes com mais de 70 anos paguem hemodiálise", foi o título que incendiou comentários variados, mesmo do sítio do jornal. Alguns detectaram logo a aldrabice, o erro básico e a descontextualização anti-jornalística. Caíram em cima do jornalista, mas este, escorado nas declarações verbais e incisivas da dita cuja, não remendou, não corrigiu nem se arrependeu, como se pode ler no pequeno extracto do texto do provedor do Leitor do Público, José Queirós.
À laia de justificação ainda "ponderou mudar o título" mas recuou na putativa ideia porque " Apesar de compreender o argumento (...) que destaca o facto de Ferreira Leite ter acabado por se explicar melhor mais à frente no debate, entendi que isso não apaga o que anteriormente disse uma ex-candidata a primeiro-ministro de Portugal, ex-titular de diversos cargos públicos(...)". E porquê, afinal? Porque essa era " a novidade que sempre se procura na construção de um título."

Perceberam a ideia deste jornalista do tipo para quem é bacalhau basta? É isso mesmo: manipular uma afirmação para fazer um título. Quem lhe ensinou esta noção de jornalismo em que o título vale uma notícia per se? Foi o Armando Vara que disse em telefonema escutado que o Público vendia pouco mas fazia títulos?

Na verdade o jornalista em causa nem tem a culpa toda do efeito do título que escolheu. Os restantes jornalistas que lhe ampliaram o título manipulador é que devem sufragar este tipo de jornalismo vergonhoso. O pior é que escolhem para atacar, em bando, quase sempre as mesmas vítimas e Manuela Ferreira Leite é uma delas. Diga o que disser, e provavelmente dará azo a mais títulos destes, é um pitéu para estes apaniguados de um jornalismo que não presta mas lhes sabe bem.

P.S. Outra das vítimas deste jornalismo em bando é o ministro da Economia Álvaro Santos Pereira. Tomaram-no de ponta e com apoio de dois ou três comentadores já o zurzem por tudo e por nada. Os que o fazem, de Economia percebem pouco ou nada. Mas de bacalhau à Zé o pipo, isso, é um alento para o arroto.

19 comentários:

Wegie disse...

Podias-te ter poupado na defesa do palermóide dos pastéis de nata. Um canídeo que tinha a solução milagreira para os problemas nacionais na manga e se revelou uma nulidade. Quem conhecia os papers da criatura sobre o Terramoto de 1755 e sobre moscas não se deixou iludir.

josé disse...

Quem o defendeu, ainda há dias, foi o Pina Moura...

Wegie disse...

Então está bem acompanhado...a cãozoada tem tendência para o elogio mútuo.

Carlos disse...

O Álvaro, é só o reflexo da nata deste governo.

josé disse...

Não costumo desfazer em economistas, a não ser que se atrevam a passar da astrologia que praticam para as ciências concretas da sociologia...ahahah!

josé disse...

Dito isto o tal Álvaro não me parece bom ou mau ministro. Não tenho opinião formada mas admiro aqueles que já têm. Falta-lhes é explicar porquê, com raciocínios compreensíveis e explicáveis pelo senso comum.

Apelar à exportação do pastel de nata para mim pouco significa. Seria o mesmo que apelar a uma maior atenção ao vinho da Madeira, um dos melhores do mundo e que só serve para temperos...

Carlos disse...

De forma simples:

Um hiper produtor de ideias (antes de entrar no governo) para desenvolver a ecónomia e que após oportunidade, se resumem a: Califórnia adiada e promoção interna (ao menos o outro, o inenarrável, sempre promovia o Magalhães lá fora)dos pasteis de nata e frango de churrasco, valha-nos...quem puder!

Wegie disse...

Sugiro uma leitura do "Atraso económico português em perspectiva histórica" de Jaime Reis para perceberes porque é que o vinho da Madeira não pode ser um produto de consumo de massas tal como o vinho do Porto não o é. Ao contrário dos vinhos não fortificados do Douro e Alentejo, etc.
Quanto ao pastel de nata sabendo que o Estabelecimento Prisional de Linhó é um dos seus melhores fabricantes, talvez o Ministério Público tenha uma palavra no asunto...

hajapachorra disse...

Pois francamente também não percebo por que diabo martelam no homem. O pastel de nata não podia ser um grande negócio? A julgar, por exemplo, pelo café vasco Gama ou pelo Ferreira em Montreal, podia e
sim senhora. Assim como o bacalhau à brás, o leitão do Vidal, sei lá, duvido é da porcaria do frango de churrasco. Afinal os italianos puseram o mundo inteiro a comer subprodutos das suas comidas mais corriqueiras. O Álvaro, um excelente aluno, ninguém o pode negar, sofreu de verdura e de algum deslumbramento, mas não era caso para tanto. Faz-me lembrar o Fernando Gomes que teve um ano toda a comunicação contra ele, saiu e os crimes milagrosamente acabaram. Já da sinecura que recebeu a seguir ninguém cuidou. Nã ser de Lisboa, paneleiro, ou frequentador de lojas de conveniência é um grande handicap.

josé disse...

O vinho do Porto não é produto de consumo de massa?

Já foste às caves da Taylor´s em Gaia?

Wegie disse...

O "sei lá" ou whatever, trademark, seria um excelente franchising...

Wegie disse...

Caro José,

A razão pela qual o vinho do Porto não tem o potencial de crescimento dos vinhos de mesa regulares é o seu elevado teor alcoólico. Assim e ao contrário de outras regiões viti-vinícolas europeias o seu consumo estagnou a partir de finais do século XIX. Para mais pormenores lê o Jaime Reis please.

josé disse...

E aquela bebida escocesa e outra russa e ainda aqueloutra sul-americana terão menos álcool que o Porto?

josé disse...

O vinho da Madeira é como o queijo parmiggiano: serve de condimento mas come-se bem como aperitivo, com o prosciutto adequado ( Parma).

Wegie disse...

Por falar em queijos. Também temos alguns que deixam os italianos suiços e franceses (Moura, Serra da Estrela, curtidos e derretidos) a milhas e devem ser incluidos na franchise whatever.

PS. O Whisky e a Vodca não são vinhos.

josé disse...

Não são vinhos de mesa, nisso estamos de acordo. Mas o Porto também não é...

hajapachorra disse...

O sei lá pode ser por exemplo a pera rocha que este ano rendeu quase 300 milhões de euros... temos muitas coisinhas boas, mas poucas tipo sei lá, quer dizer, com produção bastante para alimentar mercados a sério. Vender vinhos aos chineses parece óbvio, mas não é porque toda a produção nacional seria insuficiente para fazer um contrato. Portanto a ideia do pastel de nata é excelente pois tanto se podia fazer 500 tolenadas como um quilhão delas. Outra é das ervas aromáticas e isto até passa a cheirar melhor. Mas um nicho garantido seria o da exportação de aventais, temos tecnologia, produto, experiência, uma fileira muito rentável e uma capacidade instalada que pede meças.

Carlos disse...

Isto, está interessante. A crise pelos vistos, abre o apetite.

O hajapachorra, lembrou o leitão do Vidal (Oliveira do Bairro), muito bom. Mas fora da Bairrada também se pode comer excelente leitão (raça bizaro), como na Flôr do Ave (estrada Trofa, Vila do Conde).

Quanto às "bubidas", onde pretendem chegar com a classificação de ser ou não ser de massas. Cada uma tem o seu interesse e valor. Relativamente ao vinho da Madeira,por ex.: um velho Oliveiras, para além de servir para se fazer excelentes molhos, também cola muito bem no acompanhamento de pratos com aves. E, para as senhoras (não pagam nada pela dica), dá um perfume inibriador e iresistível para homens do pecado.

Mas, adiante, que a digestão já vai avançada e os vapores vão subindo.

Sugestão ao José: um "post" sobre gastronomia. E, sobre as melhores propostas, o reenvio da "tese" para o Álvaro, como cooperação institucional.

Anónimo disse...

Grande revolta nos telejornais de ontem: descobriram que há um motorista do governo que ganha 1600 euros brutos. Uma pipa de massa! Com migalhas destas o país vai ao fundo. E que felizes com o facto de outros motoristas ganharem 600 euros! Quando se construiram os estádios de Aveiro, Algarve e Leiria não se viu quase nada disto no nosso jornalismo.

O Público activista e relapso