António Lobo Xavier, "advogado e fiscalista", como lhe chama o Público de hoje, numa alusão sempre curiosa, diz coisas ao mesmo jornal, propriedade de uma empresa em que Lobo Xavier é parte interessada como administrador, sobre a declaração de interesse dos maçónicos.
Começa por contextualizar o assunto sobre a "Loja Mozart" para dizer que "o caso da Loja Mozart e tão grave, que não devemos estar aqui com panos quentes de protecção da vida privada e das filiações, porque há um problema muito grave que só se resolve com transparência." E por isso é a favor da declaração sobre "as vinculações que existem , relativamente a empresas, a associações mais ou menos secretas, sejam vinculações decorrentes de organizações internacionais" que "têm de ser conhecidas na sua substância".
Pois bem. Muito bem. O que é que a tal Loja Mozart fez, ou os seus membros, mormente o tal Silva Carvalho em ligação de negócios a um tal Nuno Vasconcelos e a um tal Agostinho Branquinho e a um tal e tal, porventura alguém que agora está no governo e dantes não estava? Alguma coisa "muito grave"? E o que foi essa tal coisa "muito grave" que o desinteressado Lobo Xavier tão recrimina?
Serviram-se aqueles maçónicos de obediência má, do Estado para perpetrar crimes de lesa pátria ou património público? Mais que a SONAE, por exemplo, no caso da tentativa de compra de uma PT aqui há uns anos? Fizeram ou não? Actuaram em prejuízo do que é de todos ou tentaram apenas enfraquecer o império de uma Impresa que detém uma SIC em que Lobo Xavier palra semanalmente ou quando calha? Fizeram-no com recurso a meios ilegítimos ou não? E que meios ilegítimos são esses, em concreto e que Lobo Xavier, para além de enlamear indiscriminadamente não especifica?
Lobo Xavier que responda porque com afirmações gratuitas daquele teor só se descredibiliza. E nem o salva o não pertencer a lojas maçónicas e defender a declaração de interesses...
Aditamento:
"A maçonaria, cara ministra, é a casa dos livre-pensadores. Se não fosse, não veria lá o meu nome." - Henrique Monteiro, ex-director do Expresso e colunista no mesmo jornal, esta semana.
Henrique Monteiro esse emérito livre-pensador de ideias avulsas foi para director do jornal porquê? Porque era brilhante na escrita, fulgurante nas ideias e sagaz no entendimento?
Sabe-se agora como já se desconfiava: Henrique Monteiro é da irmandade da viúva e foi por isso que chegou à direcção do periódico regimental, porque outra explicação não colhe. Continua a ser convidado frequente da Sic-Notícias e sendo maçónico é valor seguro para propagar ideias de livre-pensador. Por exemplo, a do secretismo nas nomeações combinadas entre amigos do mesmo clube; a da conveniência em combinar ideias alheias e em defender o jacobinismo. É tudo apanágio de livre-pensador que pensa pela própria cabeça de parceiro pensador, o que dá alimento às vidinhas que por aí andam.