JE:
Ana Gomes discorda da decisão do Tribunal da Relação de enviar para Angola o processo do ex-vice-presidente angolano, Manuel Vicente, e sublinha que o caso indica que o poder judicial agiu em função da conveniência política.
Em entrevista à rádio TSF, a eurodeputada socialista afirma que “a argumentação do acórdão da relação é penosa de ler” e que “foi sonegada à opinião pública uma coisa muito importante: Manuel Vicente tem nacionalidade portuguesa”.
Ana Gomes acredita que a decisão do Tribunal foi “fabricada à medida do que é conveniente e com o objetivo de fazer desaparecer o irritante,” numa alusão ao termo que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, usou para classificar o processo.
A eurodeputada afirma que “Portugal continua a ser uma lavandaria de Angola, num esquema de branqueamento de capitais”.
Sobre a OPA chinesa à EDP, a eurodeputada afirma que “é um esquema completamente opaco” e que o ministro-adjunto Pedro Siza Vieira tem um conflito de interesses.
Esta apitadora compulsiva, sempre que o assunto toque a gente de quem não gosta, palpita hoje sobre a decisão judicial, da Relação, sobre o caso Manuel Vicente.
Em resumo e como alguns também já apitaram, o caso deveria continuar nos tribunais portugueses e aqui ser julgado, porque se trata de acto de corrupção praticado por cá. E ainda acrescenta que Portugal continua a branquear capitais de Angola.
Duas notas muito simples:
A primeira para dizer que o caso Fizz está morto, aparentemente e em resultado do que se tem passado na audiência pública, tal como relatada pelos jornais. Não há uma única prova com um mínimo de plausabilidade e evidência que Manuel Vicente corrompeu o magistrado Orlando Figueira e este se deixou corromper. Aliás, o que tem resultado dessa discussão de julgamento público é aquilo que já escrevi por aqui: um dslumbramento de um magistrado do MºPº, numa altura de recessão grave, em 2011-2012 e que motivou o aproveitamente de uma janela de oportunidade para ganhar mais dinheiro, como advogado por contas de empresas, no caso bancos, angolanos.
Para existir corrupção, no caso concreto, seria necessário comprovar que afinal os despachos de arquivamento proferidos pelo magistrado foram motivados pelo interesse do visado Vicente nesse arquivamento célere e disso fossem causa e consequência.
Perante o avolumar de circunstâncias que denotam outra coisa e deveriam logo ter denotado se houvesse zelo profissional e bom senso, o caso é finito, quanto a mim.
Julgar Manuel Vicente no mesmo processo, como pretendem estes apitadores de circunstância política? Daria no mesmo ou pior.
Segunda nota: para existir crime de branqueamento de capitais é estritamente necessário que exista um crime-base, subjacente e que aqueles apitadores tem aliás apontado: corrupção em Angola.
Então pergunto como deveriam perguntar-se os magistrados que dirigem os inquéritos sobre tal assunto no DCIAP: quem investiga actos de corrupção em Angola? Os angolanos ou nós? Basta uma denúncia de um qualquer activista Luaty ou Ricardo para se desencadear um processo com uma prova de corrupção solidificada só porque eles a denunciam, ainda por cima com propósitos nitidamente políticos e interesseiros?
É de facto irritante que isto não se discuta publicamente e se dê voz, sem contraditório, a ignorantes como esta Ana Gomes, feita passionária de justicialismo estúpido, nestas circunstâncias.
As autoridades portuguesas não têm competência nem qualquer legitimidade para investigar os eventuais actos de corrupção do regime angolano. Como aliás não têm para investigar o russo que ainda deve ser pior. Ou já agora o chinês. Ou alguém acha que o Partido Comunista Chinês não é um partido corrupto, segundo tais critérios?
Alguém se lembrou de instaurar inquérito á Três Gargantas e convocar o chefe do partido comunista chinês para depôr, no DCIAP português? Tenham senso!
Por tudo isto, os inquéritos no DCIAP sobre tais assuntos são obviamente para arquivar. Como este do Fizz deveria ter sido.