quinta-feira, setembro 15, 2011

O ovo e a galinha da esquerda

"Todo o atraso de Portugal, desde a noite do analfabetismo salazarento aos tempos do novo-riquismo democrático, se deve ao défice de educação e formação"- escreveu no Diário Económico João Paulo Guerra, um jornalista de esquerda que costuma comentar notícias de jornais logo pela manhã, na Antena Um.
Esta frase enreda um equívoco do tamanho da Esquerda: o de que a Educação, mesmo sem se definir o que isso seja, é a panaceia para todos os males, incluindo o do atraso.

Vamos lá a ver: atraso em relação a quê e em quê? No desenvolvimento económico? São os países capitalistas e burgueses que estão mais adiantados, mesmo os nórdicos. Isso proveio da educação ou a educação proveio do desenvolvimento? É o que alguns debatem, para contrariar os mitos da Esquerda, afirmando que a educação é uma consequência e não uma causa.

Vejamos ainda melhor: em Portugal, a Educação nos últimos 37 anos melhorou ou piorou? Não me refiro a estatísticas marteladas e acéfalas. Refiro-me ao sentimento geral do cidadão comum, sem medida adequada para contabilizar. Refiro-me a ideias básicas e de senso comum, sempre contrariadas pela Esquerda bem pensante de que João Paulo Guerra é um dos próceres mediáticos.

E se a conclusão for a de que melhorou, porque outra, diversa, seria a confissão do fracasso democrático, por que raio é que estamos bem pior agora, económica e socialmente do que antes, em que tínhamos um desenvolvimento "sustentado" e coerente?

João Paulo Guerra e outros da Esquerda deveriam pensar e retirar a conclusão lógica: não é a (falta) de Educação que nos consome; é mais a Educação errada, baseada nos mitos da Esquerda em que a igualdade a todo o transe, provoca uma desigualdade paradoxal e um atraso endémico fenomenal.

No entanto, para se concluir tal coisa ou entender tal efeito é preciso Educação, sem dúvida. Mas nem tanta assim, porque as pessoas incultas e até analfabetas sempre entenderam algo que é básico e a Esquerda não compreende: não se pode viver com o que não se tem nem se produz, a não ser que se ande a pedir.

Tal como nós andamos agora, por força das ideias correctas da nossa Esquerda, mesmo a democrática.

Questuber! Mais um escândalo!