O Provedor do Público, um esquerdista bem pensante, escreve hoje sobre o saber dos jornalistas. Começa logo por dizer que o jornalismo "é um ofício em que se aprende um pouco de tudo, sem se ficar a saber muito de nada. Grande parte dos profissionais é polivalente tem de se informar e informar diariamente o público sobre temas da mais variada natureza- e, mesmo nos casos em que se especializa numa área temática, não dispõe geralmente de uma formação específica prévia."
O Provedor acha que tal se compreende porque "as redacções não são formadas por especialistas nos vários domínios do saber e o que se espera de um bom jornalista é que seja um bom mediador de informação e um bom avaliador do seu interesse noticioso. Compete-lhe, em geral, descodificar situações, problemas, controvérsias ou acontecimentos que podem apresentar diferentes níveis de opacidade ou complexidade para a generalidade dos leitores."
O leit-motiv do artigo são as críticas dos leitores informados e conhecedores a certos artigos de teor científico, como os de índole médica.
Como exemplo, o Provedor cita um título relacionado com a "vacina contra a meningite", título repetido no jornal Público e que um leitor, médico, considera desadequado e tecnicamente incorrecto.
O Provedor, depois de reconhecer a razão de forma, retira a razão de fundo e diz que afinal os títulos são aceitáveis, porque " certamente desaconselháveis numa publicação científica, não são "desadequados" num jornal de informação geral."
Portanto, para o Provedor do Público que espelha de alguma maneira uma orientação editorial, o bom não é inimigo do óptimo porque para quem é...bacalhau basta.
Um dos problemas do jornalismo português é a carência de formação mais "completa" dos seus profissionais e a especialização "on the job" é necessariamente muito lacunar. No campo da Justiça, por exemplo, o saber técnico e acerca da complexidade da máquina judiciária não se compadece com o amadorismo e aquela "polivalência" e quem diz assuntos jurídicos, diz médicos, de arquitectura e obras públicas, de engenharia, de biologia, de economia e de outras matérias específicas das Humanidades em geral.
O que deve então fazer um jornalista a sério? Relatar factos que entenda. Escrever bem e de preferência com talento específico que fuja um pouco do quadradismo redactorial. E como habitualmente, seguir um conselho específico: se não percebe...por que pergunta? Tente perceber primeiro e faça as perguntas depois.
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