Na sequência de um PREC que tinha começado no Verão de 1974 e se estendeu até ao Verão Quente de 1975, essa esquerda que hoje se agrega no PCP e nos partidos tipo BE, Livre e quejandos, tentou acelerar o "processo revolucionário em curso", seguindo ensinamentos de Lenine e deram com os burros na água porque "o povo português é sereno".
A imprensa da época, particularmente O Jornal saído em Maio de 1975 pode dar-nos um retrato histórico muito aproximado ao que então ocorreu.
Em 21 de Novembro de 1975 um título como " uma país à beira do confronto" não era exagerado.
Logo a seguir ao golpe vieram as explicações. Um dos explicadores foi Melo Antunes do MFA que disse nessa mesma noite que o PCP era "imprescindível" para a democracia portuguesa. Alguém poderia então ter comentado que era como uma viola num enterro, mas não houve quem.
Pelo contrário, o próprio Álvaro Cunhal apareceu logo a explicar o golpe e que o PCP nada tinha a ver com o mesmo. Era "inocente".
Mário Soares nem disse outra coisa. Em França também havia um partido comunista, igualmente amante da democracia e apesar do que se passara um par de meses antes, na Fonte Luminosa, Mário Soares lia então o Nouvel Observateur e o director Jean Daniel também achava que sim que o PCP era necessário...mesmo estalinista e com tendências totalitárias dum modo que Portugal nunca experimentara. O PCP faz assim parte do ecosistema socialista democrático e por isso, domesticadinho lá se tolera, como agora.
O que pensava disto a esquerda que já não era tão comunista como fora? Eduardo Prado Coelho o dizia...
E o MES, um partido de extrema-esquerda que não queria ser comunista como o PCP, também explicava. Até lá andava um Augusto Mateus, agora muito social-democrata ou socialista democrático ou liberal socialista ou seja lá o que for que não interessa para nada.
E como é que os que não eram de esquerda explicavam o golpe? Assim, como se fazia no jornal O Dia publicado pelo jornal Vária8 de 13 de Dezembro de 1975:
E a realidade como é que interpretou o golpe? Assim, como mostra O Jornal de 19 de Dezembro de 1975: bancarrota em perspectiva acelerada. A primeira logo a seguir a 25 de Abril de 1974.
Antes, tivemos 48 anos de "fascismo", guera em três frentes e nunca tivéramos experiência semelhante. Aliás o crescimento económimo fazia inveja a muitos países.
Em dois anos a esquerda comunista e socialista conseguiu levar um país à bancarrota. Dali a dez anos repetia o feito...e ninguém se incomoda com isso, preferindo agora reescrever a História e rever os factos.
Não admira que se fale em crise de regime e coisas assim. O regime que existe é o natural herdeiro destes fenómenos sociais. E não admira nada que não queira discutir o regime anterior, nomeadamente os seus lídimos representantes, Salazar e Caetano. Não interessa a estes herdeiros comparar heranças. Interessa, isso sim, é diabolizar o de cujus e repudiar os seus valores, para não serem envergonhados e afastados liminarmente pelos eleitores e povo em geral.
Quem é que se ocupou sempre dessa tarefa de adormecimento das consciências ? Os jornalistas quase todos de esquerda e muitos deles ainda comunistas. Não admira que a desgraça tenha perseverado durante estas últimas quatro décadas, entremada de três bancarrotas. As árvores conhecem-se pelos seus frutos e estes que temos da democracia-oligarquia partidária são podres, como se vê agora claramente visto.
Não obstante, o jornalismo caseiro, com destaque para o Expresso e Sic encarregam-se de no-lo negar diariamente e adulterar a realidade para que continuemos a dormir enquanto eles prosperam.
Em 1975 o panorama da imprensa era assim retratado no mesmo O Jornal, de 5 e 12 de Dezembro desse ano: uma imprensa falida, dirigida pelos mesmos de sempre, da esquerda bem pensante ou comunista e afinando pelo diapasão da unicidade opinativa. O Estado esquerdista e nacionalizador do PREC não desapareceu porque o PS o manteve sempre à tona e assegurou que a Constituição de 1976 o mantivesse vivo e actuante celebrando as "conquistas de Abril". Resultado? Repete-se: bancarrota dali a meses. Repetida dez anos depois. Atraso económico do país que poderia ter sido um dos mais desenvolvidos da Europa, mas ninguém se atreve a reconhecer esta evidência reflexiva.
O aparecimento de O Dia, dirigido por Vitorino Nemésio e redigido por aqules que saíram do DN de Saramago, o estalinista que depois foi Nóbel, foi apenas um exemplo desgarrado de uma simbólica e desgraçada democracia que não admite "direita" sem que lhe cole o epíteto de "fascista" ou "extrema-direita". Ainda hoje é assim.
No seguimento do 25 de Novembro, apesar de tudo, o PREC estancou. Eanes, sendo de esquerda, não era comunista e por isso, durante algum tempo o ambiente politico-social serenou. Porém, os derrotados do 25 de Novembro, os utópicos da revolução permanente não iriam ficar quietos e calados. Dali a algum tempo começaram a explodir "engenhos" reivindicados por umas tais FP25. A história deste terrorismo está por fazer.