segunda-feira, novembro 17, 2014

Como se viola o segredo de justiça...provocando indignações hipócritas

É assim: o Correio da Manhã explica nas entrelinhas para quem quiser ler com atenção. Até anteontem ninguém sabia dos factos que agora o jornal publica e relativos ao ministro Macedo que se demitiu bem porque não tinha outra saída.

Porém, o Correio da Manhã dá conta da primitva violação: o ministro foi informado por alguém, designadamente da defesa, dos factos que existiam nos mandados de detenção e foi por isso que se demitiu. Que não haja ilusões!  É preciso que se diga que a penúltima reforma do processo penal, feita pelo PS no rescaldo do caso Casa Pia obriga agora a que nos mandados de detenção estejam escritos os factos concretos que justificam a detenção. É quase uma mini-acusação que tem alimentado as várias violações de segredo de justiça dos últimos anos, nomeadamente as do Face Oculta.
Portanto, está assim à vista uma dupla violação do segredo de justiça. Primeiro ao ministro e agora no jornal...


17 comentários:

Zé Luís disse...

E tudo, como fundo, com a tal empresa JMF de que é sócio o distraído advogado Marques Mendes, dito consultor e expert em traficâncias regimentais e relacionais políticas.

Mas como MM é "apenas" comentador, não tem de se demitir e ninguém tem de chateá-lo.

Realmente, é preciso escolher os amigos.

E que um não seja de Braga e o outro de Fafe...

josé disse...

Em relação a esse pequenitates só gostaria de saber que consultadorias fez nestes últimos vinte anos. Quais e a quem.

josé disse...

Suponho que essa malta descobriu um filão de ouro maior que os dos garimperios no velho oeste.

Era preciso que alguém indagasse e escrevesse. Facto, só.

foca disse...

Consultor em principio seria alguém que percebe do assunto.
Sendo os srs. politicos profissionais, ou aconselham outros politicos, ou então fazem lobi.
Se assumirem o lobi eu ainda percebo.

josé disse...

Mas o que é isso de "lobi"? Quer dizer o que é exactamente o que fazem como "lobi"?

Apresentar pessoas a outras? Quem e a quem? E o tal "Lobi" é entre privados ou o Estado entra?

josé disse...

Será "lobi" tentar vender casas de particulares e chineses ou angolanos pelo triplo do valor se com isso obtiverem vistos gold?

Floribundus disse...

em versão soft (como é fino dizer) isto é como a 'menina pescadinha com a cauda nos lábios'

na versão hard estamos condenados a viver na soberana república dos finados

para o funeral do rectângulo o Conde Drácula enviou uma coroa de flores comprada a crédito

Floribundus disse...

31 da Armada
por Rodrigo Moita de Deus, em 16.11.14

Ninguém, no seu perfeito juízo, larga a sua carreira profissional para ser ministro durante uns meses. Sobram os profissionais da política. Daí que todas as remodelações sejam sempre para pior.

foca disse...

Lobi será defender o interesse de alguém ou de alguma organização, usando todos os meios possíveis, que incluem pagar almoços, oferecer relógios e viagens, e por aí acima, até pagar campanhas eleitorais.
Faz-se.
Por isso para mim é um pouco como a droga, se de qualquer as formas existe, o melhor era pagar impostos.

A alternativa é fingir que não existe, e depois fazem-se empresas de consultoria que não percebem do negocio, um pouco como ir ao bate chapas para tratar um problema do fígado.

Nota: grande parte dos srs. directores e editores de jornais económicos, como o agora promovido a chefe de informação numa Tv privada, aceitaram alegremente o que as empresas do PSI20 chamavam de sessões de charme, em que iam uma semana de ferias para estancias de neve de luxo, e no meio ouviam o prof. Marcelo e mais 3 ou 4 cromos ao jantar, com tudo pago. Depois escreviam coisas simpáticas, como é evidente!

josé disse...

Pois mas isso são empresas privadas que torram o dinheiro como bem entendem.

O que me interessa é o que pequenitates andou a fazer estes últimos vinte anos e se o dinheiro público entrou nessa actividade e como.

BELIAL disse...

Segredo de justiça ...ahahahahahah

Isto é tão pekeno que não há espaço para segredo - kanto mais de justiça...

Talvez seja um modo de não amordaçar as investigações...

E desta feita sobra para todos os lados...até do rato.

Bota fogo nesse circo méirmãoooo!!! :-)

BELIAL disse...

A demissão é assim: ar sério, muito digno com arroubos patrióticos e assertivos protestos de inocência e honorabilidade...

Sempre, sem dirieto a perguntas - para não estragar a solenidade do momento excepcional.

Os "rosados" costumam "castigá-los" com lugares n vezes mais rendosos.
Infelizmente; postos e postas - teem vindo a ser privatizados ou falidos, balahmedeus!

foca disse...

José
No Estado funciona assim.

O Manel é secretario de Estado numa área que movimenta uns milhões. Dá uns jeitos e aparece um emprego fabuloso ao filho ou então a empresa da cunhada é contratada para fazer festas todos os dias, por ajuste directo.

O Francisco trabalha nunca área que é deficiente em países amigos, em especial palops. Vai a esse pais em sessão oficial, fala com os ministros e leva na equipa uns assessores. Esses assessores formam uma empresa que depois vende know how aos indígenas, que cobra ao banco mundial, à ONU ou a uma empresa de petróleo, e recebe os fees através de uma conta no Dubai (esperando que não seja no BES, pois agora está a arder uns milhões e nem se pode queixar!).

O João quando era pequeno ia à terra do avô e via uns senhores com umas enxadas. Vai dai ficou especialista em agricultura subsidiada, e consegue que os seus projectos da prima sejam todos aceites no IFADAP. A mensagem passa nas aldeias e é contratada para meter projectos a troco de 25% do financiamento, que seria para pagar tractores e estufas mas vai parar ao jaguar que a prima empresta ao primo, como fazia a Moderna com funcionários que trabalhavam 2 horas por semana.

O Manel o Chico e o Joao saem do governo e montam uma empresa de chuchas, que para todos os efeitos e entrevistas nunca terá actividade, mas que lhe garante receitas para comprar casas iguais aos chineses gold e uma participação numa sociedade de advogados do regime.

E vivem todos felizes e ricos para sempre, com a filharada distribuída pelo Banco de Portugal e afins.

josé disse...

foca:

Porque é que não há ainda em Portugal um romancista que consiga retratar esse Portugal realista e cuja ficção é menos estranha que a própria realidade?

muja disse...

Porque anda atarefado a tentar perceber o AO90...

josé disse...

O AO90 é acrónimo de acordo otário 90

Unknown disse...

Um Povo Resignado e Dois Partidos sem IdeiasUm povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.

Guerra Junqueiro, in 'Pátria (1896)'

Desde 1896 até hoje o que é que mudou?

O Público activista e relapso