terça-feira, novembro 18, 2014

O "advogado das elites" sacode a água do capote

Rui Patrício, advogado de entalados excelentíssimos, por força de méritos intelectuais no manuseio das leis processuais da forma mais adequada aos interesses dos seus clientes,  defende-se da notícia de ontem, no CM. Esta ( ver abaixo) insinuava terem sido as defesas a violarem o segredo de justiça, informando o ministro Miguel Macedo do conteúdo de autos, eventualmente o que constava no mandado de detenção. É assim que agora se viola esse segredo para os media. A violação mais grave que se verificou nos autos e que não incomoda muito estes advogados das elites, essa é para esquecer.

Então Rui Patrício nega. N-E-G-A. Esta negado. O CM sabe quem foi, evidentemente. Mas pode não saber quem informou Macedo se é que foi informado, como ontem escreveu. Esperam-se esclarecimentos.



Rui Patrício, habitual jongleur de palavras e conceitos,  em tempos já se pronunciou sobre estas matérias e outras. Repesco aqui uma entrevista que deu ao Público de 3 de Janeiro de 2012 e um escrito de então sobre este advogado:

 Por outro lado e por fim, sobre o conceito de "responsabilidade" tem ideias perifrásticas. " Uma cultura de auto-responsabilização- desde o cidadão que participa no forum da rádio durante o horário de expediente, até ao que escreve o seu comentário online quando deveria estar a trabalhar, até ao cidadão que recebe uma notificação que faz de conta que não recebeu ou aquele que critica a corrupção nos processos mediáticos e depois não se importa de ir pedir uma cunha para arranjar emprego para o filho. É preciso uma cultura de auto e hetero responsabilização na Justiça. Falta responsabilizar os agentes a sério."

Este discurso da responsabilização soa a fascista. Assim, com a palavra escrita como deve ser. Rui Patrício pretende sindicar em sede "responsabilidade" quem escreve comentários "on line" enquanto trabalha. Ou seja, funcionários do Estado, claro está. Como o vai fazer, se lhe derem o poder para tal? Muito simples e di-lo sobre a responsabilização dos agentes que violam o segredo de justiça ( um assunto erigido à categoria de violação de um direito mais que fundamental...vital para certos indivíduos normalmente defendidos por este tipo de advogados): "Não me venham dizer que é muito difícil averiguar quem viola o segredo. Precisamos, primeiro, de vontade de investigar."

Rui Patrício, como "advogado do crime" sabe ou deveria saber perfeitamente que em sede de investigação do crime de violação de segredo de justiça não são admitidos todos os meios de prova, mormente escutas ou outras formas de intrusão na vida pessoal dos suspeitos. Sabe ou deveria saber que quem viola o segredo de justiça normalmente conta com isso e com o facto de a variedade de suspeitos plausíveis da prática do facto tornar impraticável a "responsabilização" criminal. Sabe que mesmo sendo individualizado o suspeito da prática de tal crime, o "romance" da acusação será desmontado precisamente por advogados do tipo Rui Patrício que vivem processualmente, sempre "no mundo da Alice, porque as nossas leis processuais ( as tais que Rui Patrício defende não se lhes toque agora) o permitem.

5 comentários:

Floribundus disse...

'tolices no país das maravilhas'
ou
'tolices do outro lado do espelho'
ou
'mais difícil ainda'
ou
'sem rede qualquer pequeno descuido pode provocar a morte do artista'

isto para não dizer um chorrilho de palavrões

Zé Luís disse...

Este defende melhor do que o g.r. da selessom...

José disse...

Às vezes até pretende defender o indefensável...pelo que de tal modo perde categoria defensiva.

Vitor disse...

Este faz parte do rol de advogados que, pelo simples facto de aparecer num processo, é logo uma admissão de "culpas no cartório" do seu constituinte e que só ali está a fim de tentar driblar e lançar areia na engrenagem da investigação.
Claro que este trabalho se paga bem e não está ao alcance de quem vive apenas do seu soldo.

josé disse...

Tem uma particularidade: tem a mania que é fino e filósofo e parece ser ambas as coisas.

Quem o escolhe lá sabe porquê...

A obscenidade do jornalismo televisivo