sábado, novembro 08, 2014

Os favorecidos da ideologia dominante

No Diário de Notícias de hoje há mais uma entrevista de José Miguel Júdice, captada a vol d´oiseau entre bicadas numa salada de polvo, boletos e trufa branca de Alba e um prato forte de risoto com atum. No Eleven, bien sûr e mais uma vez o assunto foi a haute cuisine de quem passou estes anos a aplaudir, pedir bis, muito bem, ao poder que passa. No Portugal dos últimos vinte anos, Júdice safou-se e Marinho e Pinto é que o topa.





Júdice assegura agora que Costa é quem conseguirá "melhorar isto um bocadinho". "Mais que os outros". No fim do respasto confessa-se "favorecido".  Não duvido.

Outro "favorecido" é Pacheco Pereira que passou os últimos anos a perorar contra os moinhos de vento da "direita liberal" encastoada nos "actuais governantes". Pacheco Pereira perora agora em favor do eminente constitucionalista Reis Novais, cujas prestações em Prós&Contras já são lendárias pela defesa intransigente do modelo...socialista. O democrático, claro está e prè-Vallscente na actual conjuntura nacional.
Pacheco, antigo esquerdista no PREC, não gosta destes "actuais governantes" que não se intelectualizaram devidamente com os gritos do povo e atacam a Constituição por esta se dizer ainda veículo para a construção do socialismo. O Tribunal Constitucional vem por acréscimo. O panegírico ao livro do tal Novais é o mote e começa logo por questionar o aspecto "jurídico" de uma intervenção política de uma "actual governante".  Mesmo declarando-se incompetente nass matérias jurídicas, não percebe por que motivo aquela disse que podiam ser aplicadas ao Tribunal Constitucional "sanções jurídicas" . Não entende e pergunta e pergunta. Mas se não entende, porque pergunta?
As "sanções jurídicas" como está bom de ver para qualquer político assentam na revisão constitucional ou na revisão do método de escolha dos juízes do Tribunal Constitucional. E não serão legítimas tais revisões perante a carga ideológica dessa mesma Constituição com que Pacheco se sente confortado? E não serão legítimas tais dúvidas sobre o papel concreto e politizado partidariamente, dos juízes do Tribunal Constitucional quando é um dos seus pares que o denuncia por escrito em voto de vencida em acórdão? Ou será o tal Novais o guru da verdade constitucional?

Pacheco Pereira há muitos anos que se acantonou a um discurso comentarista com base ideológica profunda e já com laivos cabotinos porque não suporta algo que não consegue definir. É irracional porque a sua evidente adesão ao cavaquismo do inícios dos anos noventa mostra uma conversão tipo alheira: não foi genuína e dentro das tripas do envólucro discursivo continua a rejeitar a carne de porco liberal. Devia fazer como o anterior favorecido e declarar o seu afecto ao Costa. 


Por fim, outro favorecido é o jornalista Óscar Mascarenhas que provê o leitor do Diário de Notícias.

Desta vez provê que Fidel Castro será pessoa séria e nada como o pinta o ajudante de campo que conviveu de perto com o dito, em livro já por aqui cronicado.
Óscar traduziu dois livros sobre Fidel e por isso desconfia do que este escriba denuncia, particularmente o mais grave: Fidel é um assassino na medida em que manda matar quem se lhe opõe de modo sério. E o modo de vida que levou em Cuba não se reduz aos iogurtes personalizados.

Fosse o livro sobre Salazar e Humberto Delgado e teríamos o Óscar a repetir a ideia comum sobre a autoria do assassínio e sem dúvida alguma.
Assim, não há provas de nada até porque um dos livros que traduziu ( com "quase seiscentas páginas" ) não diz nada disso...
Este artigo é o equivalente ao velhíssimo truque comunista  de argumentar pelo absurdo, quando diziam que os comunistas comiam criancinhas ao pequeno almoço.


Porque é que estes três indivíduos são "favorecidos"? Porque  representam a ideologia dominante em Portugal, aquela que perpassa pela "intelligentsia" nestes últimos 40 ou mesmo 50 anos. Uma idelogia de esquerda rançosa e de viço embalsamado.
Aqui não há lugar para o slogan da Aplle de há uns anos - "think differente". Aqui tudo se homogeneiza nestas ideias simples: o liberalismo suposto de um governo que nem isso consegue ser por causa do país que temos é classificado e adulterado para efeitos políticos, visando desqualificar eleitoralmente uma certa "direita" inexistente em favor de uma esquerda sempre presente e bem pensante como o demonstra o artigo do jornalista Óscar.
O caso de Júdice é o mais penoso: não tem ideologia. É apenas compagnon de route de quem lhe der de comer. Bem, claro está. Agora cheira-lhe a Costa...

Questuber! Mais um escândalo!